The Minority Report....
sexta-feira, setembro 09, 2005
Em primeiro lugar, o crescimento de 0,5 % da economia portuguesa no segundo trimestre ocorre motivado pela diminuição da contribuição negativa da procura externa para o PIB (passagem de -1,8 % para -0,5%), associado a uma contribuição positiva da procura interna (passagem de 1,9 % para 1,0 %).
O passado recente mostra-nos que quando a contribuição da procura externa inicia uma subida é acompanhada por uma diminuição da procura interna e o contrário é igualmente válido. A uma aceleração da procura interna costuma corresponder um agravamento da contribuição da procura externa em terrenos negativos. Tudo porque a maioria do que consumimos é importado ou carece de matérias-primas que são importadas. Não é crível e isso nota-se, quer na queda da produção industrial , quer no crescente aumento do desemprego na indústria, que a oferta interna tenha sofrido alguma reformulação.
Ora, tendo o consumo privado crescido 3.0 %, ainda que motivado por uma antecipação de actos de consumo provocados pela subida do Iva em finais de Junho, e face à queda das importações, existem duas hipóteses possíveis...
- Existiam demasiados stocks internos que foram consumidos, e as empresas não tiveram tempo de os repor recorrendo ás importações.
- As empresas recorreram à oferta interna.
Ora, nenhuma das duas opções merece muita aceitação. As empresas foram apanhadas de surpresa – como toda a gente diga-se de passagem – na questão do aumento do IVA e logo não tiveram sequer a mínima possibilidade de antecipar fosse o que fosse. De igual forma os consumidores não são agentes económicos tão racionais que sejam capazes de antecipar eventos económicos no intuito de poupança. Falamos de um país que não cresce há alguns anos, com uma elevada taxa de desemprego e com um nível de endividamento em cerca de 118 % do rendimento disponível. A margem de antecipação a existir seria sempre reduzida.
Em segundo lugar, as exportações desceram 0,1 % e as importações cresceram 1,2 % quando no período homólogo de 2004, tinham crescido 3,5 %.
Ora a questão está toda aqui: Se a produção industrial continua em queda, se o VAB da indústria está a crescer mas sustentado pelo VAB sectorial da electricidade e água, mas o consumo privado cresce, onde foram diminuídos os actos de consumo?
Há ainda, mais duas notas importantes e que em nada beneficiam qualquer contraposição desta análise.
É conhecido o impacto do preço do petróleo nas importações portuguesas. É sobejamente conhecido que o petróleo no segundo trimestre de 2005 andou num intervalo entre 35 e 62 dólares. Ora tal leva-nos a crer que a redução das importações em bens de consumo teria que ser de na mesma proporção do impacto em volume do impacto do petróleo, de forma a ser consistente.
Finalmente, o mesmo INE publica no dia anterior, uma nota informativa sobre comércio externo internacional. Nesse mesmo relatório, é afirmado que o crescimento das importações de Janeiro a Julho foi de 15,7%, onde pasme-se o grupo dos combustíveis minerais cresceu 45,1 %.
Ora esta afirmação vem sustentar a dúvida acima referida. Jamais as importações poderiam ter tido um comportamento tão benéfico quando existiu um impacto negativo em 45,1 % causado pelo petróleo e quando a procura interna cresceu 3,0 %. Ora a pedra de toque é dada pelo aumento do défice homólogo da balança comercial no primeiro semestre de 2005 em 9,7 %.
Se o défice aumenta quase 10 %, não era expectável que as importações continuassem a subir, ainda para mais quando as exportações não crescem?
São estas as minhas dúvidas. Tudo o resto que se pode falar para mim, é pura especulação. Se foi um erro que se assuma o erro agora e não se reveja em baixa no próximo trimestre.
Afirmar que discutir o orçamento de Estado com esta taxa de crescimento dá maior margem de manobra ao governo do que com outra taxa não é especular é apenas a verdade. Especular seria afirmar que tal teria sido feito propositadamente e pessoalmente não quero acreditar nisso.
Publicado por António Duarte 15:50:00
Neste caso, como o INE aponta um crescimento de 0,5 (tão pequenino), contra a opinião dos fazedores de opinião, algo estará errado e certamente será o INE, e nunca os fazedores de opinião...
Mais palavras para quê... são artistas portugueses...
Tem toda a razão, e a sua lógica manda que seja revistade imediato, pelo menos no plano interno, a forma de cálculo do Produto. (talvez se possa deixar para Outubro a UE e a OCDE)
Há quem opte por se licenciar, doutorar, escrever umas teses e investigar até conseguir convencer o resto da comunidade de Economistas de um novo paradigma.
No seu caso, a clarividência parece ser tanta que se podia optar por saltar algumas destas etapas, e passava você por decreto mensal (se outra frequência não lhe aprouver) a decretar o indicador.
Fica a sugestão.
Sim, António, tudo me parece algo martelado, tal como a taxa de desemprego que foi anunciada em Agosto.
Só posso estar grato pelo tua crítica que contudo tenho de refutar em vários pontos.
Há tanto pano para mangas por aqui que para não ser fastidioso pego num exemplo: quando dizes, referindo-te aos consumidores, que:
"Falamos de um país que não cresce há alguns anos, com uma elevada taxa de desemprego e com um nível de endividamento em cerca de 118 % do rendimento disponível. A margem de antecipação a existir seria sempre reduzida."
Estás com isto a afirmar que não acreditas que o mês de Junho tenha sido um mês de vendas record de automóveis em Portugal? Um record e uma antecipação aliás confirmada pela quebra de 11% registada nas vendas registada em Agosto divulgada já no entretanto pela ACAP.
Se assim for, nesta matéria, é melhor dirigires as tuas críticas à ACAP e não ao INE que "erra" por contágio pois sujeita-se à informação disponível.
Por outro lado, julgo perceber que 118% é o máximo da capacidade de endividamento nacional. A banca já não está a vender crédito? Congelou o crédito ao consumo no 2º trimestre? As vendas de veiculos de luxo não bateram records de venda nesse mesmo 2º trimestre como cheguei a chamar a atenção por aqui quando escrevia na loja?
O aumento do IVA não pode ter tido efeito sobre o consumo, dizes tu. Só tenho os números disponíveis para te contrariar.
E depois há detalhes que podem fazer toda a diferença. As contas trimestrais incorporam informação disponível até o início de Setembro e exclusivamente relativa ao 2º trimestre. Trazer à baila dados que além de já incorporarem revisões aos dados que utilizámos em tempo útil e que acrescentam Julho ao trimestre pode não ser a mais feliz e honesta das comparações. Como o mês de junho provou em vários indicadores, um único mês pode fazer toda a diferença (não sei se será assim no 3º, como é óbvio).
Sei é que sob compromisso público as contas têm de sair ao 70º dia após o final do trimestre, às 15 horas, sempre, para estarmos imunes a bocas de algum político mais distraído. Esta restrição e a da informação disponível alguns dias antes desse momento são as nossas condicionantes e é perante esse cenário que o trabalho do INe deve ser julgano e não perante outro qualquer.
Significativo de todo o processo de intenções em que também alinhas, António, é a sentença final que ditas na qual se pode inferir que quando alguém revê as estimativas do trimestre anterior prova que errou.
Pois garanto-te que o INE vai rever as estimativas do 2º trimestre quando (e se) divulgar as do 3º tal como ontem reviu as do 2º e reviu ainda por imposições metodológicas do eurostat associadas à mudança de base de 1995 para 2000, as contas dos anos anteriores.
Só não sei se a revisão do 3º trimestre será em alta ou se em baixa ou mesmo se em manutenção.
Como disse as contas fazem-se com a informação disponível não a meio de um trimestre mas sensivelmente a 65 dias do final do trimestre (para publicar a 70). É essa a seriedade técnica mínima que se exige ao INE. Deverá ser esse também um dos seus principais valores acrescentados face às muito justas e perfeitamente legitimas análises e exercícios que se vão fazendo no entretanto.
A informação tem o seu lugar apenas e só no momento de fecho da recolha da informação. Terás então a 1ª estimativa para o trimestre seguinte, a que se seguirão outras, culminando o processo com o cálculo das contas anuais tipicamente apuradas dois anos após o final do exercícío.
Afirmo então que o INE irá rever os dados porque de estimativas se tratam. Porquê? Deixa-me ser mais preciso: Porque a ACAP e muitos outros fornecedores de informação de base do INE (e os próprios departamentos produtores do INE que alimentam as Contas Nacionais) também o fazem alterando os dados que já nos haviam enviado. Mas também porque as empresas em falta vão respondendo. Porque erros de processamento são minimizados, porque o andamento de meses seguintes permite eliminar ou reduzir graus de incerteza que subsistiam até ali.
Espanto-me verdadeiramente como um crescimento homólogo de 0,5%(!) provoque tanta incredulidade. Um crescimento absolutamente miserável. Parece que afinal teria de ser ainda pior para satisfazer os analistas, os mesmos que hoje têm já tantas certezas sobre o trimestre que se segue.
A 8 de Setembro, com a informação disponível e seguindo os mesmos métodos que te apresentaram uma recessão no final do ano passado, tens as variações publicadas pelo INE. Mais que isso não te posso dizer, acredita no que quiseres.
Virando um pouquito para a política: se queres que te diga nem consigo imaginar que vantagem terá o governo na preparação do orçamento perante estes dados face a um crescimento nulo ou ligeiramente negativo: o cenário substantivo é exactamente idêntico e as lições para condicionar a política económica deverão ser exactamente as mesmas, como aliás sublinhou o ministro das finanças.
Mas como diz o Teófilo no comentário anterior sobre o elo mais fraco:
"Neste caso, como o INE aponta um crescimento de 0,5 (tão pequenino), contra a opinião dos fazedores de opinião, algo estará errado e certamente será o INE, e nunca os fazedores de opinião..."
Contra nós temos a complexidade do trabalho desenvolvido contra a facilidade com que pegando em dois ou três indicadores (alguns dos quais já desfasados no tempo) chegas a tantas certezas sobre o andamento da economia. Nem sempre é assim tão fácil "desmascarar" um erro grosseiro que não existe.
Um crescimento do PIB de quanto...?
Tirando meia dúzia de empresas prestadoras de serviços, que dificilmente ficarão em apuros alguma vez, onde é que os senhores vêm dinheiro a circular?
Se por um mero acaso estiver enganado então digam-me, por favor, o que é que nós estamos a produzir e, eventualmente a exportar a mais para compensar o que gastamos a mais em petróleo? Para não falarmos de outras ponderações como o consumo.
Novela por novela fico-me por esta em detrimento dos "morangos com açucar"
E até concedo que lhe seja penoso que haja muita gente a considerar estes dados pouco credíveis. Mas há uma evidência importante. Os dados publicados têm incoerências insanáveis.
Se admite que o INE os irá rever, e que é normal, que o faça quanto antes pois este assunto não pode ficar por aqui.
Mais a mais, quando os dados foram objecto de fugas de informação, inadmissíveis num Estado democrático.
Porque, se a economia cresceu 0,5% em relação ao ano passado, em termos anualizados é um crescimento que bate todos os demais países. Já viu quanto cresceu a Itália, França, Alemanha, Dianamrca, Suécia? Muito menos que Portugal, em média.
Das duas uma: os dados estão errados (e pode haver manipulação nesse sentido, por muito que lhe custe a admitir) ou estã certos e as metodologias usadas não retratam a realidade.
Caramba. Já viu o volume de negócios nos serviços e na indústria? E já viu de onde vêm esses carros todos vendidos? Da auto-europa? Dos stocks? Olhe, dos stocks de carros tenho sinceras dúvidas, face a informação "informal" que disponho.
Alguma coisa falhou. E se não falhou e já que os dados são objecto de controvérsia, porque não um esclarecimento público do próprio INE?
Sem falar nas tais fugas de informação e nas possíveis negociatas à volta do seu acesso. Se for assim, o dirigente máximo do INE só tem um caminho... A menos que descubra quem "debaixo" dele anda a brincar com coisas sérias.
Cumprimentos, caro Rui.
Aproveitando então o facto de ter contribuido novamente para esta discussão, permita-me também que lhe diga algumas coisas.
Quanto à questão da procura interna vs procura externa líquida, deixe-me que lhe relembre que, em termos homólogos, a primeira desacelera, tal como as importações. As importações desaceleram e o investimento, como poderá ter tido oportunidade de reparar, caiu e muito.
Contudo, a procura interna não tem de evoluir em sentido contrário da procura externa líquida. Se tiver a procura interna a crescer, as importações também estarão, mas se as exportações crescerem mais, pode ter ambas a evoluir positivamente.
E no caso do 2º trimestre, as exportações recuperaram. O que também ajudou a que o contributo da procura externa líquida fosse menos desfavorável.
Quando fala na produção industrial, esta realmente continua em quebra em termos homólogos, mas muito menos intensa do que no 1º trimestre. Portanto, recupera, produziu-se mais do que no trimestre anterior. E se olharmos para as vendas da indústria (e não produção), veremos que estas recuperaram ainda mais. Porquê: diminuição de stocks! E esta recuperação foi ainda mais sentida ao nível das vendas para o mercado nacional. Estes factos em conjunto implicam que teve mais recursos disponíveis para alimentar o acréscimo de procura.
Ao nível do consumo, a única componente com comportamento ascendente foi a de bens duradouros. Acha que os consumidores portugueses não são racionais ao ponto de anteciparem as compras para beneficiar de menores preços? Talvez o aumento homólogo de mais de 30% nas vendas de automóveis em Junho tenha sido uma miragem... Ou também não acredita nas vendas do comércio a retalho com um disparo de quase 20% no mês de Junho para os bens duradouros?
É que se não acredita nem na produção industrial, nem nas vendas do comércio a retalho, nem no comércio internacional, então temos aqui um problema grave. Para além de termos de cessar a actividade do INE, teremos também de cessar a actividade de produção de estimativas do Banco de Portugal, uma vez que TODA A INFROMAÇÃO DE BASE QUE UTILIZA é do INE e também deviamos acabar com o Eurostat, pois para além de publicar dados errados do INE português, anda distraído no que diz respeito à qualidade das estatísticas portuguesas.
E o nível de endividamente não permitiria este acréscimo? Permita-me que lhe dê o conselho de ir ver o comportamento da concessão de empréstimos a particulares entre o 1º e 2º trimestres do ano...
Quanto ao petróleo, mais um mito.
O preço tem subido muito, é certo. Mas estamos a falar de contas do 2º trimestre, ou do 3º? Quando vejo tantos a falarem do petróleo, fico na dúvida... é que o aumento mais substancial do preço do petróleo aconteceu desde Junho para cá.
E, informação importante, as importações de petróleo portuguesas têm um desfasamento de cerca de um mês face às cotações internacionais do crude.
Há ainda outra questão importante: valor de importações = quantidade x preço. E no segundo trimestre, apesar do aumento do preço (não tão significativo quanto o que iremos observar no 3º), as quantidade importadas baixaram. Natural. Só temos de dar os parabéns aos colegas da Petrogal que gerem os stocks e as compras, que sabem a analisar os mercados e reduzir as importações. Utilizando o que têm em stock.
E esse aumento de mais de 40% que refere, deu-se sobretudo no 1º trimestre e não no 2º. Muitas distracções...
Uma última nota. Como imaginará, as estimativas que se fazem num determinado momento, são as melhores tendo em conta a informação disponível nesse momento. E não a que estará disponível dias, semanas ou meses depois. Aí entramos no capítulo das revisões. E isso é válido para o comércio internacional também, que tem o peso que tem no PIB português.
Uma análise cuidada das contas trimestrais na Europa permite até concluir que, nem sequer é em Portugal que temos maiores revisões. O que acontece é que, tal como se embandeirou em arco com o crescimento de 0,5% ainda para mais afectado de efeitos pontuais e reversíveis, também se tem tendência para empolar muita coisa sem sequer se conhecer o que acontece noutros países.
Cumprimentos,
Mas ... não vão haver eleições autárquicas no próximo mês de OUT ?
"Quanto ao petróleo, mais um mito.
O preço tem subido muito, é certo. Mas estamos a falar de contas do 2º trimestre, ou do 3º? Quando vejo tantos a falarem do petróleo, fico na dúvida... é que o aumento mais substancial do preço do petróleo aconteceu desde Junho para cá."
Então, se fizermos o preço médio para os três meses terminados a 31 de Maio 2005 (que é para "descontar" esse tal mês de compras antecipadas - que até na prática não é assim, mas que se há-de fazer?) versus o ano de 2004, fica a saber o estimado Pedro Oliveira que os preços deste ano estão acima em cerca de 35%, em relação ao ano anterior.
Mitos, só na cabeça do estimado Pedro Oliveira. Cotações crude e euro contra o dólar, nas respectivas datas, média móvel de 90 dias:
Maio de 2004
crude 36,85
eurusd 1,2350
preço em euros 29,8
Maio de 2005
crude 52,23
eurusd 1,2963
preço em euros 40,2
Subida de 35%, aproximadamente.
Só isso, caro Pedro Oliveira. É por isso que se estranha que as importações do trimestre baixaram tanto, CONTRADIZENDO OS DADOS ANTERIORES PUBLICADOS PELO PRÓPRIO INE.
Isto é, nem é preciso puxar muito pela cabeça, basta analisar os próprios dados do INE.
Pronto. Fica aqui mais um esclarecimento dado.
Uma pergunta adicional. Quem conhece as estatísticas dos stocks em Portugal? Alguém sabe?
Bom fim-de-semana para todos.
Infelizmente não veio reconhecer o seu erro. Não faz mal, eu adequo o "meu modelo" à realidade do sr. Pedro Oliveira.
Todos estão atónitos com os números do INE e com razão.
O próprio INE, nos números divulgados por si, dizia a dada altura que as importações de Janeiro a Maio, inclusivé, dentro do EEE, estavam a subir 3,4%.
Esta semana, os número de Janeiro a Junho, inclusivé, as importações afinal cresceram apenas 1,3%. Ou seja, no mês de maior consumo (ver vendas a retalho), Junho, aparentemente as importações tiveram uma quebra forte, pois permitiu uma redução forte no crescimento das importações, para permitir uma queda de dois pontos percentuais.
Alguem acredita nestes números? Mas alguém acredita? Eu não. Podem apelidar-me de parvo ou ignorante, mas não como a palha que, delicadamente, alguns ma pretendem dar.
Será que em Junho as importações tiveram uma queda real forte para permitir que o saldo trimestral apresente esses bons resultados e, pasme-se, a taxa de cobertura das exportações melhorou, pela primeira vez este ano, passando de 68% para 68,1%?
Parece ser esta a melhor explicação que se pode encontrar para que estes dados tenham "alguma lógica". Uma queda forte nas importações em Junho.
Podem dizer que o INE está correcto e não "floreou" as contas nacionais, mas que é estranho, disso ninguém duvida.
Mitos, mitos, devem ser os números divulgados. E nada mais tenho a acrescentar. Eu não acredito nos números do INE. E infelizmente não sou o único.
Que lhes preste estes dados e consultem os próprios dados do INE. Ele é que tem a obrigação de explicar aos agentes económicos de onde nasceu o famoso crescimento económico trimestral de 1%. O MAIOR DA UE! Maior que da Noruega até.
Por isso apoio sem reservas este governo, que me parece ser o mais corajoso, o mais eficiente e mais pogressista das últimas décadas.
lucklucky
Não é o único analista que fica abismado com esta sua estupefacção:
" Os 1% de entre trimestres é que é deveras estranho."
Também me chamou a atenção e chamou a atenção de um familiar meu, que afirma que este indicador só pode estar errado, face aos próprios quadros publicados pelo INE.
Mas há mais estranhezas incompreensíveis. Se a procura externa liquída for calculada com o "trend" dos primeiros cinco meses do ano, a queda no PIB, em termos homólogos deveria rondar os 0,5%. E em vez de um crescimento positivo passavamos a ter uma queda no PIB, tal como esperado por quase todos os analistas. E estaria de acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, que utiliza uma metodologia diversa do INE mas muito interessante, já que até agora tem-se mostrado com uma fiabilidade interessante.
Mas na verdade temos, nestes próximos meses, um período político deveras importante para a sobrevivência deste governo e não me espantaria nada que a tentação fosse manipular os dados para beneficiar determinado partido político. Até porque o sr. Primeiro-Ministro aproveitou logo a manobra de marketing para "zurrar" contra os "macroeconomistas" que previam uma queda no PIB e permite ao sr. Ministro das Finanças afirmar que, afinal, Portugal não está em recessão.
Mas uma análise e auscultação a vários analistas cada vez mais se torna evidente que, ou o INE falhou, ou há alguma coisa que mudou e os analistas não o previram. Mas na realidade, face aos dados até recentemente publicados, este desfecho era quase impossível de prever.
Quem é sério pergunta-se: como é isto possível? Parece que em Portugal tudo é possível. Desde que os políticos o desejem. Será honesto pensar que há mãozinha política neste caso? Não o sei, mas dizem-me que houve muitas mudanças nas chefias do INE, através da nomeação de "capachos políticos".
Quem saberá a verdade? Talvez Deus e o Diabo.
Continuem estou a gostar de ver esse desespero.
1. O INE é fálível, algo que pelos exemplos recentes de instituições "independentes" e credíveis permite, em coerência, questionar.
2. A contradição dos mesmos em termos a economia real e que, aliás, é sustentada pelas informações INE sobre comércio externo internacional
3. O aproveitamento político de José Sócrates, condenável por todos os de bom-senso que identificam na economia portuguesa, mesmo assumindo um sopro de crescimento conjuntural, um periodo que nos aproxima de índices de recessão. Prudência, contenção verbal e verdade exige-se a qualquer governante responsável.
4. Não é meu hábito intervir em blogs alheios. Mas verdadeiras barbaridades foram aqui escritas relativamente à infalibilidade de institutos Portugueses, ou a questões de natureza macroeconómica, como os da temática petrolífera.
em relação a estes pontos específicos, leia-se aqui:
http://www.maoinvisivel.com/blog/archives/2005/09/ine_vs_governo.php
Continuação de boa tertúlia,
Deixem-me notar apenas que o INE passou a estar sob suspeita de corrupção / incúria desde 6 de Setembro de 2005. Certo?
Tinha piada era ver alguém preocupar-se com o estatuto do INe e com os recursos que lhe são alocados. A probabilidade de o INE laborar em erro é imensamente maior que a probabilidade de não ser independente disso posso garantir-vos. E se me permitem, a culpa é também de quem prezando a sua ignorância prefere urdir uma suposta conspiração. Por vezes tudo tem explicações bem mais prosaicas que a todos os distraídos devem envergnhar.
E como referia ontem Maria Manuela Morgado, a cobardia profissional e política, protegida por sistemas jurídicos onde a liberdade de expressão se tornou perigosamente condicionada, representa o último atentado ao espírito cívico que poucos tendem, teimosamente, prosseguir.
Assiste-me, como a qualquer cidadão que digne essa mesma condição, o direito de questionar resultados produzidos por Instituições Públicas com poder de influência directa sobre os agentes que definem o universo macroeconómico.
Mais uma vez, releia o que foi escrito, aqui e no Post do Mão Invisivel, e não se precipite em retirar nas mesmas conclusões “cabalísitcas”.
A sua opinião apenas reforça as conclusões a que me propus evidenciar. Erros, variadíssimos, têm sido produzidos por entidades e personalidades cuja responsabilidade não deveria permitir. Banco de Portugal, Ministério das Finanças e agora, a provar-se ainda, mas com constatada probabilidade, INE.
Maior prudência e bom-senso em momentos futuros serão necessários, estou certo que concordará.
Cumprimentos