lealdades orgânicas

Estava eu pacatamente a ler na web o DN quando estremeci, via o endereço do DN, o layout do DN, mas parecia que estava a ler o Semanário da semana passada. Tudo por causa do editorial deste sábado do João Morgado Fernandes, onde este muito pouco imaginativo (o Semanário a semana passada tinha ensaiado a mesma rábula) se torce e retorce todo para tentar explicar que na óptica de Soares o melhor que lhe pode (a Soares) acontecer é mesmo Alegre ser candidato. Entusiasmado, cita o caso de Zenha, nas longíncuas presidenciais de 1985, para contruir uma teoria delirante. Infelizmente, nem a teoria, nem os factos em que se baseia tem muitas pernas para andar, já - baseando-se na sondagem que cita - que se as eleições fossem hoje Cavaco ganhava à primeira volta mesmo com Alegre, e... comparativamente com 95 quem está agora na posição de Zenha é Mário Soares, i.e. se queremos comparar valores e percursos e se se admite que há paralelismos então sejamos honestos e reconheçamos que agora quem parte de trás (com 13%) é Alegre, como em 85 era Soares, e que agora o favorito à esquerda (na hipótese de haver uma segunda volta) será... Alegre como em 85 o eram Zenha e Pintassilgo (dizia-se para atirar uma moeda ao ar, se caísse para um lado iria Pintassilgo à segunda volta, para o outro, iria Zenha, se ficasse de pé passava Soares). Atendendo ao titulo do editorial 'O maior apoio de Soares', referindo-se a Alegre, só posso dizer que registo o humor negro, e a recortada ironia, de facto o maior apoio que se pode dar a Soares é permitir-lhe que chegue a fim da campanha com alguma dignidade...

Publicado por Manuel 17:16:00  

6 Comments:

  1. Anónimo said...
    Caro Manuel
    Independentemente da justeza do seu comentário, e eu estou inclinado a concordar com muito do que diz, provavelmente não se apercebeu de que Pacheco Pereira estava a enviar uma bicada ao Vital Moreira pelo comentário que este deixou no Causa Nossa.

    Uma observação : coação é do verbo coar ; coaccção, do verbo coagir, seria o termo correcto.

    Os meus cumprimentos
    Sokal Bricmont, do blog Contundente.
    Anónimo said...
    Bom, "coacção" com apenas um c.
    Não exageremos ...

    Sokal
    Anónimo said...
    caro manuel, não entendi a razão de tanto alvoroço da sua parte.
    Anónimo said...
    Deixemo-nos de fofoquices limianas que não interessam a ninguém e falemos do que interessa aos portugueses:

    O Ministério da Justiça quer que as decisões dos tribunais sobre cobrança de dívidas sejam estandardizadas, para que possam ser aplicadas a uma multiplicidade de acções.

    Os juízes vão poder juntar vários processos e proferir, para todos, uma só sentença ou despacho genéricos e sem qualquer fundamentação de direito, bastando apenas que adiram às razões dos litigantes vencedores.

    A Ordem dos Avogados concorda com esta reforma. Vai ser uma das maiores reformas do ministério da Justiça. O artesanato judicial vai ter os dias contados. Centenas de milhares de processos vão ser resolvidos de forma automática. E é assim, com a prata da casa e sem consultorias milionárias, que se governa de forma barata e reformista.

    Muito bem sr. ministro da Justiça!
    Depois da reforma que permite criar uma empresa numa hora, vem agora aí a reforma que permite resolver milhares de processos judiciais numa hora!
    Anónimo said...
    É triste vermos todos os dias este país a afundar. Vermos uma análise destas num dos principais diários portugueses já não é patético, já não é triste, já não é nada. Já não há nada para dizer desta merda toda.
    Anónimo said...
    o anónimo das 8:23... já experimentou meter o próprio dedo no cu.

Post a Comment