água fria

Se as próximas presidenciais se resumirem a um duelo, combate 'esquerda'/'direita' então Soares, e a esquerda, tem boas hipóteses de ganhar, até porque, apesar de Cavaco ser o candidato, as direitas andam a precisar de uma 'lição definitiva' usando as palavras do Francisco José Viegas. Já, se Cavaco colocar a eleição presidencial como um confronto entre duas formas de fazer política, entre o passado e o futuro, a realidade (porventura dura) e a ficção (delicodoce) entre a defesa de reformas e a recusa destas, Soares não terá qualquer hipótese. Goste-se ou não, há reformistas e inconformados à esquerda e à direita, há quem não se resigne em todos os quadrantes, e é a esses que Cavaco tem primordialmente de se dirigir. A candidatura não pode ser uma candidatura alienante em que há uma casta aristocrática de eleitos que periodicamente se dirige, com tédio e (in)contido desprezo, ao povo, como a de Soares, mas algo de inclusivo que faça ver às pessoas que o seu voto conta, e que sobretudo as faça voltar a acreditar na política.

Publicado por Manuel 10:41:00  

11 Comments:

  1. Anónimo said...
    Por isso é que lamento não ter visto na cerimónia de ontem nem marques mendes, nem santana lopes, nem paulo portas... eles também fazem parte da água do banho que urge lançar pela janela.

    diogenes
    Anónimo said...
    As eleições vão ser onde está o meu que o Socrates me roubou, com falas mansas?
    Anónimo said...
    Só uma pergunta: é mesmo verdade que o José Castelo Branco estava no Altis ou era brincadeira? Preciso mesmo de saber porque estou a pensar em emigrar e a resposta talvez ajudasse.
    obrigado
    Anónimo said...
    Também não é com um candidato que se notabilizou por falar com a boca cheia de bolo-rei quue vamos lá!

    José Manuel
    Anónimo said...
    E você acha que Cavaco tem pedalada para isso? E cultura? E capacidade oratória para enrolar Soares? Não, não tem! Para voltar a acreditar na política, para se sentir que o voto das pessoas conta, nada como Soares. Com Cavaco, não vamos a lado nenhum....
    Anónimo said...
    São evidentes as vantagens para Portugal do candidato Mário Soares sobre um candidato apoiado pelo PSD e CDS. Senão vejamos:

    a) Muito maior experiência de Mario Soares, em especial na cena internacional. Se for preciso abrir uma porta em qualquer lado em favor de Portugal, o peso de Soares é muito maior do que o de Cavaco Silva. Mesmo na direita europeia, pesa mais Soares do que Cavaco.

    b) Soares tem experiência interna em matéria de crises e de como as ultrapassar. Foi em dois govermos presididos por ele, em 1977/78 e em 1983/85, que o FMI ajudou Portugal a ultrapassar duas graves crises financeiras do país. Cavaco, ao contrário, foi o perdulário nos anos dos seus governos que conduziu o país para o buraco em que estamos. Soares equilibrou as finanças públicas (com a ajuda de Vítor Constâncio, primeiro, e Hernani Lopes, depois), Cavaco desequilibrou-as, por não conseguir conter o apetite dos seus companheiros de partido. Os défices reais (sem receitas extraordinárias) dos anos da governação de Cavaco Silva são pavorosos e foram tão grandes ou superiores aos de hoje, da governação de Durão Barroso e de Santana Lopes.

    c) Muitos apoiantes de Cavaco Silva julgam que se ele for eleito poderá encetar reformas do nosso sistema político e administrativo.
    Nada mais ilusório, pois quem tem poderes para tal, nos termos Constitucionais, é a Assembleia da República e o Governo e partido(s) que o apoia. Ora, o governo actual é do PS, que tem apoio maioritário na AR. Portanto, se o governo quiser encetar reformas profundas, terá em Mário Soares um interlocutor mais compreensivo do que em Cavaco Silva, pois este pertence a uma família política diferente da do executivo e que nunca esteve para aí virada.

    d) O actual governo está a levar a cabo um conjunto de reformas de fundo importantes. Se Cavaco Silva for eleito, por pressão de lobies ligados aos partidos que o apoiam, poderá tender a ceder a essas pressões, acabando por boicotar a acção do governo e da maioria da Assemblea da República. Cavaco Silva, em vez de ser a solução, seria parte do problema. E não se diga que Cavaco Silva não é pessoa para se deixar pressionar porque o seu passado deixa antever exactamente o contrário. Não se deixará pressionar pela oposição nem por comentaristas agressivos, mas é-o pelos seus apaniguados mais espertos, como demonstra o lixo todo de corrupção que se desenvolveu ao longo dos seus mandatos como primeiro ministro, precisamente envolvendo altas figuras do seu partido. Alguém se esquece do que foi o Fundo Social Europeu, entregue a figuras gradas do PSD estrategicamente colocadas em certas empresas e organismos do Estado? Fez na altura Cavaco Silva alguma coisa para evitar essa corrupção?
    Soares sim, deu provas de combater a corrupção, tendo criado um Alto Comissariado para o efeito quando foi primeiro ministro pela primeira vez, chefiado por Costa Brás, o qual teve uma acção importante no combate à corrupção.

    e) Cavaco Silva é um candidato que divide os portugueses, ao contrário do que querem fazer crer alguns dos seus apoiantes. Cavaco nunca terá boa imagem dentro do mundo do trabalho. Carvalho da Silva e Proença, os dois líderes mais representaivos das duas confederações sindicais estiveram presentes na apresentação da candidatura de Soares. Isto diz muito da simpatia que Soares goza no mundo do trabalho. E Cavaco Silva?
    Ora, estando o governo a proceder a reformas profundas, algumas manifestamente impopulares para certos sectores da população, na presidência da república quere-se alguém que tenha uma base social de apoio forte no mundo do trabalho. Neste contexto, é evidente que Soares e Sócrates congregam em ambos essa maior base social de apoio, o que tornará muito mais fácil fazer as refomas de que o país precisa.

    Por estas razões principais, as classes médias e uma certa tecnocracia do país, se forem inteligentes, votam em Mário Soares.
    Não que Cavaco Silva não seja de per si um homem inteligente e íntegro, mas está rodeado de sanguessugas corporativas que se degladiam entre elas para ver quem apanha o melhor bocado.
    Soares pode ter atrás de si poetas, pintores, artistas, escritores, gente de letras e de ciência que mal conhece a tabuada das finanças e da economia. Embora também tenha com ele ilustres economistas e gestores.
    Cavaco Silva tem à sua volta duas classes de gente: os revanchistas de antigamente e as sanguessugas insaciáveis. Na sua corte, pouco sobra para gente de bem. O resto, ou são eleitores indiferenciados ou gente que sonha com outro país que nunca existiu nem jamais existirá.
    Soares é o realismo político. Já deu provas disso como presidente da república e como combatente contra o descalabro das finanças públicas.
    Cavaco é um mito, que falhou mais rotundamente exactamente onde alguns julgam que ele é mais fiável - nas finanças públicas. E não sou eu que o digo, foi o ex-ministro de Cavaco Silva, Miguel Cadilhe.
    Anónimo said...
    Concordo com o post anterior. Embora Cavaco me pareça uma pessoa estimável e com bom senso, está rodeado duma clique de gente do pior que há, responsável em grande medida pelo pântano em que está Portugal.

    O pântano em Portugal começou com as negociatas e as fraudes à volta do Fundo Social Europeu, onde muita gente ligada ao ao poder naquela época (1985-1990) enriqueceu rapidamente. CAvaco ao ignorar estes casos, muitos dos quais curiosamente acabaram por se arrastar na justiça e prescrever, foi conivente com uma situação de que agora estamos a pagar a factura.

    José Manuel
    Anónimo said...
    Soares, por duas vezes que foi primeiro ministro, chamou o FMI para pôr as finanças em ordem. E pôs, com a ajuda de Vitor Constâncio e Hernani Lopes. Tem por isso CV nessa matéria.

    Depois, Cavaco Silva, nos (des)governos que teve, deixou um défice nas contas públicas ainda maior do que o de agora. E quem o diz é Miguel Cadilhe, ex-ministro de Cavaco Silva. Até o acusa de ter sido o pai do MONSTRO.

    Em tudo o resto Cavaco Silva perde para Mário Soares, incluindo na célebre farsa da cimeira dos Açores, apadrinhada pelo delfim de Cavaco Silva. E como este aos costumes nada disse nessa altura nem depois (porque também não sabe dizer nada além da tabuada da economia), quer dizer que está de acordo com o que Durão Barroso fez. Ora, para terrorismo em casa a convite de Cavaco Silva por intermédia pessoa(Durão Barroso, seu delfim por ele muito elogiado) bem nos basta o dos incêndios e o que aconteceu em Madrid e em Londres.

    É neste aspecto crucial que Mário Soares vai derrotar impiedosamente Cavaco Silva, já que quanto a finanças tem CV governamental muito superior ao de Cavaco Silva. Resumindo, Mário Soares bate Cavaco Silva em tudo. É o que dá a pseudo-virtude do silêncio...
    Anónimo said...
    Aos comentários anteriores:
    Fiquem descansados que, mais uma vez, o Senhor irá sair com dignidade...
    Anónimo said...
    Por um lado não me importava nada que Soares ganhasse. Podia ser que assim essa merda de país arrebentasse de vez e que tivessemos que recomeçar tudo de novo.
    Anónimo said...
    O ideal seria aparecer um candidato patriota, para variar, que estivesse disposto a "abanar o sistema", inovador, integro, sem vicios, capaz de representar os cidadãos e que não pusesse o partido á frente do país.

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