Ecos de Borges

Estou muitíssimo preocupado com a forma como, ao longo dos anos, os partidos políticos têm vindo a funcionar: como máquinas de colocação de pessoas, no exercício de poderes locais e regionais, e na forma como hoje se transformaram em máquinas de assalto ao poder.

Nos partidos, estou a falar de um certo desvirtuamento da actividade política que faz com que as pessoas olhem para eles como forma de defenderem interesses muito particulares. Este assalto aos lugares e às empresas públicas é algo que acho extraordinaeriamente perigoso para a confiança que as pessoas devem ter no regime político. Em paralelo há o problema da corrupção que é muito generalizado e ninguém actua. Isto é muito grave porque não permite resolver problemas, porque afecta muitíssimo a confiança e leva as pessoas a reagir de forma desesperada.

Se nada se resolve, então vamos para medidas radicais, cada vez mais loucas. Há muita evasão fiscal, então acabe-se com o sigilo bancário; há muitos problemas de fogos, então acabe-se com o direito à propriedade privada das florestas.

Esta situação é muito pior do que nos outros paises da Europa, embora tenham existido problemas noutros países da Europa. Houve problemas gravíssimos em França que levaram á condenação de Alain Juppé. O próprio presidente jacques Chirac, quando deixar o cargo não se sabe bem o que irá acontecer-lhe. Em Itália, em Espanha também...


Quem assim fala, poderia ser Maria José Morgado ou alguém aqui da Loja. Mas não! É António Borges, putativo candidato a líder do PSD, em entrevista à Visão desta semana. Fica assim, sem comentários. E para ler à luz dos recentes acontecimentos políticos e com foco nos seus intervenientes.

Publicado por josé 01:41:00  

7 Comments:

  1. Anónimo said...
    Os partidos estão em vias de extinção, não representam ninguem a não ser eles proprios.
    Democracia é uma palavra ôca e banalizada e assim continuará a ser enquanto o exercicio da cidadania não for uma realidade ao alcance de todos.
    O sistema está pôdre, não podemos continuar ingénuamente á espera que os "outros" tratem "disso".`
    É urgente criar uma alternativa, criar uma ruptura para acabar com os vicios do sistema.
    A conjutura Nacional e Internacional é negra.
    Não temos nada a perder.
    Esse é o lado positivo das grandes crises.
    Pedro Sá said...
    O que esse Borges quer é aparecer como salvador da Pátria para impor a todos um sistema ultra-liberal.

    ARGH !
    Anónimo said...
    António Borges é dos poucos políticos a pôr o dedo na ferida. A corrupção é de facto generalizada, e a Justiça não funciona. Lógicamente que as pessoas têm falta de confiança nas instituições.

    Não é um problema de falta de viabilidade do país. O problema é a inviabilidade deste regime côxo. E curiosamente, são os "pais" desta "democracia" quem agora levantam a questão da viabilidade de Portugal. A vergonha não tem limites.

    Agora que o partido do regime tem maioria absoluta está-se a dar o assalto final. Até a 3ª República cair de podre.
    Alexandra said...
    Qual alternativa Ana Rita?
    Anónimo said...
    António Borges teria razão se no tempo do Durão Barroso não andasse a comer à custa do Estado e dos boys através da sua empresa Goldman Sachs. É que foi uma consultoria milionária e muita massa e por acaso o que fez deu barraca (caso Gás/EDP).
    Não o vi preocupado nessa altura.

    De modo que o seu discurso é tudo treta.
    Anónimo said...
    Quando aparece alguém na "PRAÇA", com nome feito, a dizer aquilo que toda a gente sente e vê, logo aparecem uns camêlos com mêdo que se acabe a palha; e com a seca que por aí vai o problema ainda é maior. O que vale é que o Inverno está a chegar e vai haver líquido para eles todos.
    António Conceição said...
    Ora bolas!
    Vejo o título "Ecos de Borges" e corro a ler o post julgando que se tratava de alguam análise ou comentário à obra do único Borges que tem o direito de ser conhecido pelo apelido: Jorge Luís Borges.
    Afinal era sobre essa nulidade que o PSD sonha para seu chefe...
    Mas vocês, meus caros PSDs, não viram a triste figurinha que o homem fez no último congresso?
    Ele ainda é pior que o António Vitorino do PS!

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