"Deus não dorme"

Na sua alegria soarista tardia e "visionária", Medeiros Ferreira congratula-se por Mário Mesquita, um dos poucos avisados "gurus" da nossa comunicação social, ter aceite fazer parte da comissão política da recandidatura de Soares. Por outro lado, e por causa das "sondagens", assegura-nos que a "direita" - sempre esta malvada - "teme" Soares. Mário Mesquita era, nos fins dos anos 70, altura em era "feio" criticar o primeiro-ministro Mário Soares, o director do Diário de Notícias. Depois de um célebre editorial intitulado "Deus não dorme", foi prudentemente removido da função, a bem da paz espiritual do então secretário-geral do PS. Nessa altura "cresciam" o "eanismo", de um lado, e Sá Carneiro, do outro, e a boa-estrela de Soares empalidecia para só voltar a luzir em 1983, com o "bloco central". Mesquita, como M. Ferreira, lá teve a sua "fase eanista" e, agora, a bem da pacificação do socialismo democrático e da "esquerda em geral", voltaram ao confortável e maternal regaço de M. Soares. Nada de particulamente novo, nem excitante, por consequência, neste exercício. Quanto à questão de "quem teme quem", eu compreendo o pathos de M. Ferreira ao tentar recuperar a "teoria da barricada". Se descontarmos todos os disparates e todas as aritméticas produzidos por causa das "sondagens", a evidência manda que se diga, uma vez mais, que é muito séria a hipótese de Cavaco Silva poder ser eleito à primeira volta, independentemente do "bando dos quatro" ou dos "seis". Verdadeiramente, este é que é o "temor" nas eleições presidenciais e, muito particularmente, da candidatura dita "unionista" de Mário Soares. Do "outro lado" - que, pelos vistos, é o "lado" que, afinal, mais une -, fique Medeiros Ferreira descansado que ninguém teme ninguém. E, no momento aprazado, discutiremos o que interessa e que nos distingue, a política. O resto, como sabemos, é espuma e pessoas que pedalam as respectivas bicicletas. De facto, Deus não dorme.

Publicado por João Gonçalves 11:45:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    Querido Pai-Soares,

    É num momento de desespero que te escrevo. Eu tenho sido um menino obdiente, tenho-me portado mesmo muito bem durante estes últimos anos; não há uma eleição em que eu não compareça; até já votei no único empregador do país que se predispõe a dar tacho ao teu filho, esse incapaz. Eu pago impostos (pouco inteligente já sei), eu faço a separação do lixo, eu que sou daquela espécie que ganho menos do que o que produz; eu, qual cidadão exemplar, imploro-te que faças alguma coisa. Por favor, faz alguma coisa! Tu és o nosso salvador, sebastião dos mais desesperados! Tu que tanto lutaste pela nossa democracia; tu que te candidatas aos 80 anos à presidência da república para que não nos pragueje o cavaco-bicho-mau; tu que sempre te bateste pelos ideiais do socialismo, independentemente de agora já só te lembrares do anti-americanismo; tu que criaste a Fundação Oriente para combater a pobreza e as injustiças (não?). Pai-Soares: tu, o avô de todos nós, tens obrigação de fazer alguma coisa, que mais não seja por todas as subvenções e reformas vitalícias que te pagamos.
    Não pode ser que uma pessoa ande anos e anos a fazer o mal, a roubar o dinheiro que é de todos nós, e – caso curioso – dinheiro esse que é mais de quem menos tem. Não tem lógica que uma pessoa que logo que é acusada em tribunal fuja para umas valentes férias no brasil – qual é o funcionário público que tem direito a 2 anos de férias sem suspensão de vencimento? Não é justo que essa pessoa regresse, seja libertada de uma liberdade que nunca perdeu, só porque a juiza acredita pela segunda vez que não há risco de fuga de alguém que acaba de regressar de uma fuga de 2 anos. Não moraliza um país de descrentes que essa pessoa receba elogios e aplausos de pais e mães que têm a responsabilidade de educar crianças, o futuro deste país, com que moral? Ninguém compreende que essa pessoa tenha mais tempo de antena que o plenário da assembleia da república que fala do nosso presente, faz um balanço ao passado recente e prognostica o futuro desgraçado que nos resta. Não me parece bem (e a ti Pai-Soares?) que essa pessoa ainda tenha a lata de se candidatar a mais um mandato para a presidência da câmara que ela é acusada de roubar.
    E se há uma alínea dos códigos que nos regem que diz que uma pessoa é inocente até prova em contrário, tu, Pai-Soares, que tanto podes, podias pedir para acrescentarem que uma pessoa é inocente até prova em contrário ou até fugir para o brasil para tentar buscar a inocência, a mesma que até hoje, passado todo este tempo, nem o padre frederico conseguiu encontrar nas praias de copacabana.
    Pai-Soares, por favor, tens que fazer a única coisa que, por esta altura, impossibilitará a vitória de tal espécie em mais um mandato-felgueiras: Pai-Soares candidata-te a presidente da câmara de felgueiras, pelo amor que tens ao teu povo e ao teu país, e para fazeres de vez as pazes com o teu alegre amigo. Contamos contigo para mais este desafio de salvação?
    josé said...
    O falecido Hunter S. Thonpson fazia aquilo que alguém designou por jornalismo gonzo, numa espécie de paráfrase a uma geringonça estilística e aparentemente desengonçada, mas eficaz na transmissão de mensagens e semiosos.

    Aqui, há o jornalismo-bonzo que será o daqueles que com tanta promiscuidade com os circulos de poder político e de clube secreto, já nem se preocupam muito com a inteligência média dos leitores.
    Basta-lhes participar do festim, para se julgarem no lugar próprio.

    Deviam ser obrigados a frequentar outra vez, cursos de jornalismo, na América, por exemplo- até via internet, em vez de os ensinar.
    Todos ficávamos a ganhar, porque afinal não há assim tantas pessoas a escrever bem português, nos jornais.
    Anónimo said...
    Deixemo-nos de fofoquices limianas que não interessam a ninguém nem sequer ao menino jesus, e vamos ao interessa aos portugueses:

    Depois de muito se ter dito e palpitado sobre negociatas das nossas empresas energéticas (Galp, EDP, Transgás, ENI, REN, etc.), o nosso sector energético tem finalmente uma plataforma estratégica bem definida e correcta.

    É uma plataforma que tem como objectivos principais os seguintes:

    a) Diversificação dos recursos energéticos e aumento da eficiência energética.

    b) Maior concorrência entre os players, de modo a proporcionar melhores preços e serviços aos consumidores.

    c) Preferência por energias limpas, de modo a cumprirmos os compromissos internacionais derivados do protocolo de Quioto e de directivas comunitárias.

    A virtude desta estratégia agora definida pelo governo é o facto de se estabelecerem regras básicas do jogo, e não andar o Governo a jogar como se fosse uma empresa. Aguarda-se agora que as empresas joguem, já que segundo esta estratégia nenhuma está impedida de fazer o que entender, seja no petróleo, seja no gás natural, seja na produção de electricidade por qualquer processo (hídrica, térmica, eólica, biomassa, etc.). Com uma única condição, respeitar as regras da concorrência e tenderem gradualmente para uma menor dependêncoa dos combustíveis fósseis e dos emissores de CO2.

    Um mercado energético livre, seja português, ibérico ou europeu é isto mesmo. O Estado regula, as empresas produzem e associam-se como entenderem.

    Para já, muito bem sr. ministro da economia!
    Anónimo said...
    Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa de Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas. Foi um aumento considerável.

    Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.

    Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.

    A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.

    Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.

    Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.

    Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.

    Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.

    Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!

    Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.

    Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.

    É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.

    Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.

    Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.

    Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva.
    josé said...
    papagaio esforçado, este nonó.

    Tome lá mais um:

    "Verão trama PS e dá liderança ao PSD pela primeira vez em 2 anos
    PS cai 9 pontos, para 34%, e é ultrapassado pelo PSD, o que não acontecia desde 2003 " DN.

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