bom senso



O circo à volta da divulgação dos miraculosos números do INE continua imparável... Hoje, o João entusiasmou-se, até temos uma pomposa capa do DN que anúncia uma economia com 'sinais de recuperação'. Por outro lado, surgem os esforços piedosos para normalizar e contextualizar a coreografia governamental, como se tudo fosse normal, só que não é. E tanto não o é que vai ser curioso, assaz curioso, até para ver se o INE se leva a sério, verificar da 'punição' que o INE vai aplicar a putativos violadores de acordos de cavalheiros, por divulgação antecipada de números (no caso o Jornal de Negócios), como seria também curiosa a enumeração das violações anteriores, no passado, do tal furo ao embargo antes da publicação oficial dos valores, se é que as houve, só para 'contextualizar'.

Mas, não nos iludamos, o essencial não foi o acesso a informação priveligiada que alguns tiveram, pelo que não se pretenda tapar o sol com uma peneira, o essencial são mesmo os extraordinários números, e estes, fazem simplesmente lembrar o velho sistema cosmogónico de Ptolomeu (tudo no Universo girava à volta da Terra, inclusivé o Sol), as teses de Ptolomeu até eram internamente consistentes, como serão certamente os números do INE, batiam certo consigo próprias, mas pouco tinham a ver com a realidade, é claro que os DNs da época não trataram muito bem um tal de Galileu, já devem ter ouvido falar, não se sabe se por causa das conclusões se por causa do "processo" de divulgação das mesmas...

Entretanto, reparei agora que o João Morgado dedicou uma pequena prosa a Miguel Frasquilho, aterrado de fresco na blogosfera, por sinal bastante ácida. A prosa é curiosa porque quem abdica de pensar, de raciocinar, quem subitamente nega as evidências, até a lógica, por obdiência cega aos Ptolomeus du jour também precisa de umas liçõezitas... de bom senso. É a própria malta do INE que afirma sem papas na língua que afinal "os números divulgados não permitam ninguém embandeirar em arco com coisa nenhuma". Quanto a Frasquilho o passado fala por si...

Publicado por Manuel 11:40:00  

19 Comments:

  1. Anónimo said...
    Permitam meter a minha colherada. Estou siderado com este lamentável e terceiro-mundista caso. E a meu ver há dois grandes problemas que importa combater e esclarecer.

    O primeiro é que as fugas de informação são essenciais para as estudar e combater, pois só nos países do terceiro-mundo é que se admite este tipo de comportamentos criminosos. Leram bem. Criminosos. Partindo do pressuposto que existe legislação em Portugal similar ao resto do mundo desenvolvido. Mais, este tipo de comportamentos prejudicam a salubridade e confiança nos mercados livres e concorrênciais. Sendo assim, afasta o bom investimento e fomenta a economia paralela e a corrupçao.

    Mais grave é ler isto:

    "Mas não se trata de segredo nenhum, o tal circuito e os timmings são de conhecimento público, alguma investigação ligeira permitirá qualquer português saber quem, quando e como tem acesso "privilegiado" à informação do INE. E à luz desse singelo conhecimento muitas das insinuações que se lêem na Grande Loja perdem as bases."

    http://adufe.weblog.com.pt/arquivo/2005/09/sintomas_de_um.html

    Ou seja, para o autor, esta violação ética costumeira justifica o constante violar das regras de independência e credibilidade de um organismo nacional de estatísticas. Só que se o autor conhece esta violação das leis e até as considera normais, a generalidade dos investidores desconhece e espanta-se como é possível que se aceite como normal estes comportamentos reprováveis. Só para relembrar que na pátria do capitalismo, os EUA, este tipo de comportamentos são combatidos e quem prevarica é preso e nunca mais pode exercer a sua profissão.

    Esta prosa do autor é engraçada. Também justifica a corrupção, pois ela é "normal" e muitos conhecem os seus meandros. Sobre este tipo de mentalidades "mafiosas" estamos conversados. Talvez eu esteja habituado a viver e trabalhar noutros países mais livres e respeitadores das sãs regras de mercado e liberdade económica. E eu pensava que em Portugal caminhavamos rumo ao mundo deenvolvido, mas parece que não, bem patente nos índices do PNUD. Mas com este tipo de mentalidades não vamos lá, como país.

    O segundo ponto importante prende-se com a quase certa manipulação das Contas Nacionais, pois quase todos os economistas, instituições independentes e o Banco de Portugal têm uma visão diferente do crescimento económico do segundo trimestre. O próprio deputado Miguel Frasquilho aponta para um crescimento do PIB em apenas 0,1%, talvez expurgando efeitos de diminuição de stoks. Mas é demasiado rebuscado para acreditar naquele número.

    O que gera mais estupefacção, entre aqueles que vivem e trabalham lidando com estatísticas e dados diversos para gerir activos e investimentos, é o forte crescimento do nosso PIB no segundo trimestre. Na blogosfera já alguém o referiu em tom de sarcasmo e de um modo cómico. Mas é incompreensível que o PIB português cresça 1%, do segundo para o primeiro trimestre (norma prioritária de avaliação do andamento de uma economia por quase todos os analistas internacionais), o maior dos países desenvolvidos.

    Atente-se a estes dados. O PIB português cresceu 1%, ao passo que o dos USA cresceu 0,8%, Itália 0,7%, Noruega (forte produtor de bens energéticos onde o investimento no continente está em forte alta) 0,9%, Reino Unido 0,5%, Suécia 0,6%, quando o resto dos países europeus manteve-se praticamente inalterado.

    Será possível que o consumo antecipado devido ao aumento dos impostos, tenha produzido esta variação no PIB português? Quase impossível. A variação nas existências não explicam tudo pois o volume de negócios da indústria nacional foi normal e as vendas a retalho não podem explicar a enorme quantidade de existências existentes antes do mês de Julho, para que tal sirva de explicação.

    O grave problema está na confusão das estatísicas nacionais, sobretudo na aferição da balança comercial, em especial a dos bens transaccionados, pois as dos serviços foi bastante negativa.

    Aparentemente os dados do comércio externo "apagaram" uma elevada parcela das importações. Só para dar um exemplo. O INE espanhol, nas estatísiticas conhecidas, aponta um elevado crescimento das exportações para Portugal. O INE português acabou com a publicação de noticias relativas a cada um dos parceiros comerciais, receando talvez, o cada vez maior cruzamento de dados entre diversos organismo estatísticos. Que envergonhavam quase sempre os maus dados do INE português.

    Mas se a variação nas existências não podem justificar esta variação no PIB e se os dados das importações parecem ter sido apagadas, há uma explicação avançada por um colega meu. Ele quase que aposta que a fuga ao fisco aumentou bastante, patente na arrecadação do IVA em declínio na sua taxa de crescimento, desde o ínicio do ano. E a cada vez maior deslocalização de "empresas" (meros entrepostos contabilisticos) para praticar a evasão fiscal. E daí a aparente criação de riqueza, ao contrário da própria realidade económica.

    Se esta explicação é viável, não o sei. Se justifica um crescimento do PIB de 1%, muito menos. O que sei é que quase todos os indicadores disponíveis do Banco de Portugal (que usa uma metodologia diferente na aferição do crescimento do PIB, mas até agora certeira) apontam para uma queda homóloga do PIB e em cadeia.

    Cabe ao INE explicar a palhaçada de ontem. Mas uma coisa todos ficam a saber. O INE está corrompido na sua cedibilidade, pois permite e, parece, que negoceia dados estatíticos. E sabemos o quanto podem valer as estatísticas certas nos momentos certos. E está corrompido pelo fraco trabalho na aferição e recolha de dados estatísticos, pois anuncia um crescimento económico elevado, sem correspondência real com os dados, por exemplo, na recolha de impostos, nomeadamente o IVA, que deveria reflectir este bom andamento económico.

    Mas este é o país com que temos de viver. E é o INE possível. É Portugal no seu melhor. Embora pouco recomendável e frequentável. E também serve de exemplo vergonhoso, mais uma vez, do quanto de mau faz ter umas álites fracas e pouco sérias.
    Anónimo said...
    Quem for minimamente sério e quiser convencer outros do seu ponto de vista a primeira coisa que não deve fazer é precipitar-se a cada folha que cai das árvores.

    Ou os números estão certos ou não estão.

    Se não estão certos, se a aritmética está errada, demitam-se os técnicos que os produziram. Assunto encerrado.

    Se estão certos, e houve mesmo crescimento, pode-se criticar dizendo que não são saudáveis porque são à base de Consumo.
    Ok, argumento válido, mas então para a próxima não comentem o crescimento do PIB, mas concentrem-se por exemplo no Investimento.
    Ou seja, não podem valorizar o indicador com a vossa sapiência e depois desvalorizá-lo pela sua composição.

    O anónimo anterior fica "siderado" por pouca coisa. Trata-se afinal de questão menor: a vontade imensa que as pessoas têm de largar as suas opiniões a propósito de qualquer coisa, e sobretudo das que nada dominam.

    Como aliás o dito anónimo que terá lido a postulação de Miguel Frasquilho com a mesma velocidade com que não compreendeu o comportamento da Economia.

    Como outros posts abaixo, em que a um crescimento de 0,5% no trimestre adivinham tratar-se de uns estratosféricos 4% ao ano! E o dito Frasquilho olha para os mesmos 0,5% e afirma que não passam de 0,1% ao ano.

    Obviamente (e isto salvo erro anda a ser dado algures entre o 7º e 8º ano de escolaridade), têm ambos razão e estão ambos errados. Ou não.
    (E em qualquer caso nenhum investidor com um Q.I. acima de 20 se preocupará com o que ambos dizem.)

    O que se compara é um período homólogo. Se quiserem uma série de 4 trimestres terão de esperar pelos outros dois e ver o que ocorre (daaaaaaa !!).
    Anónimo said...
    Concordo em absoluto com o que diz o Fernando:

    "Ou os números estão certos ou não estão.

    Se não estão certos, se a aritmética está errada, demitam-se os técnicos que os produziram. Assunto encerrado."

    Mas já discordo com o que diz aqui:

    "Como outros posts abaixo, em que a um crescimento de 0,5% no trimestre adivinham tratar-se de uns estratosféricos 4% ao ano! E o dito Frasquilho olha para os mesmos 0,5% e afirma que não passam de 0,1% ao ano."

    O Deputado Miguel Frasquilho explicou o porquê da sua tese de crescimento de apenas 0,1%, em termos homólogos.

    Mas logo diz isto:

    "Obviamente (e isto salvo erro anda a ser dado algures entre o 7º e 8º ano de escolaridade), têm ambos razão e estão ambos errados."

    Mas os tais estratosféricos 4% "relinchados" pejorativamente pelo Fernando só compreenderá no dia que passar a ler mais do que manuais dos 7º e 8º ano. Ou dedicar-se a aceitar toda a palha que lhe ofereçam à frente da menjedoura. Diz um ditado velho: "todo o burro come palha, o segredo está em a saber dar."

    Como já sou um burro refinado, sou esquisito com aquilo que me metem à frente dos olhos.

    Porque, sabe o que são taxas compostas? Parece que se aprende pelo 1º ano em Economia, nas universidades portuguesas.

    E não tem nada a ver com isto:

    "O que se compara é um período homólogo. Se quiserem uma série de 4 trimestres terão de esperar pelos outros dois e ver o que ocorre (daaaaaaa !!)."

    Talvez por isso alguns são apenas "professores e comentadores" e outros vivem precisamente a pensar para além da propaganda política e manipulações estatísticas.

    Se calhar o Fernando devia mudar de profissão. Que tal? Assim compreendia o porquê da importância do crescimento trimestral, dito em cadeia. Faz-se em quase todos os países desenvolvidos, excepto onde a "carneirada" se satisfaz com comportamentos homólogos. Sabe porquê? Porque é mais importante a velocidade do crescimento trimestral (dita em cadeia) que a homóloga, que para os investidores e gestores de nada serve. Apenas serve para compor determinadas análises.

    Só isso. Pena que uns sejam apenas comentadores e outros... Gestores.
    Anónimo said...
    Caro amigo,
    Permita-me a minha farpa contra a sua colher.

    Quanto à fuga de informação, esta é inadmissível. Mas não é, nem nunca foi segredo, que há entidades que têm acesso antecipado aos números, pois são essas mesas entidades, com assento no Conselho Superior de Estatística, que têm a sua oportunidade de dizer o que pensam dos números, antes destes saírem.

    E tem sido assim desde há muito tempo. Não é uma novidade. Se não sabia, informe-se antes de fazer figura ridícula.
    E já que me parece ser tão inclinado para uma certa cor política, permita-me que lhe relembre o que o nosso antigo PM Durão Barroso fez: numa visita oficial, começou efusivamente a falar nos números do INE que na altura até eram animadores. Mas estes ainda não tinham saído. Será que agora é mais grave do que então?

    E será que isto só acontece em Portugal? Óbvio que não. Mas achava que se acontecesse, isso fosse notícia de abertura de um qualquer telejornal?
    Se esta é uma situação que se deve manter. Não, por mim, e tendo em conta que isto já aconteceu antes, devia ser vedado o acesso à informação. MAs claro que depois o INE seria acusado de falta de transparência por se recusar a discutir os números antes de saírem. Como diria um conhecido pivot da nossa praça, "É a vida".

    Quanto à manipulação das contas nacionais, trata-se de uma acusação grave. Presumo que tenha provas inequívocas do que diz, ou esconde-se por detrás da anonimidade conferida pela Internet e faz autênticos chorrilhos de acusações sem fundamento?

    Uma pergunta: quem raio é Miguel Frasquilho? Será a mesma pessoa que, nos tempos de governo PSD, exultava quando os dados do INE era positivos e arranjava forma de os desvalorizar quando os mesmos eram negativos?

    Outra pergunta: já que cita tanto o Banco de Portugal, sabe qual foi a posição do mesmo na reunião de discussão do CSE sobre as contas trimestrais? Por certo não sabe. Eu satisfaço-lhe a curiosidade: "perfeitamente em linha com as estimativas disponíveis no Banco de Portugal".

    Não me vou nem dar ao trabalho de lhe explicar o que são indicadores de ciclo económico (aquilo que o BAnco de Portugal calcula habitual e mensalmente) e PIB. Vou-lhe apenas dizer uma coisa: não são a mesma coisa. O PIB é uma variável contabilística, que tem tendência, componente cíclica e componente irregular. Um indicador coincidente apenas tem componente cíclica. Tire as conclusões que achar devidas.

    Comparar o crescimento português com o crescimento de países como o EUA e outros, só revela o se profundo desconhecimento na matéria.
    Portugal é uma pequena, muito pequena economia aberta ao exterior, tremendamente volatil e susceptível aos mais variados choques. Acham que o Euro 2004 teria tido o impacto nos EUA que teve em Portugal? Ou mesmo a alteração da taxa de IVA.

    Muito disparate se diz e pouco se pensa.

    Uma última palavra para a questão dos impostos. A receita de IVA cresce mais de 5% no 2º trimestre, quando no 1º tinha crescido menos de 2%. Estranho, não?
    Anónimo said...
    Eh lá oh anónimo

    Passou de repente a presumir um pouco mais do que permite a veleidade de quem anda anónimo na blogosfera, não?
    Intui motivações, conhecimentos e profissões de terceiros que não conhece de lado nenhum com o mesmo à-vontade com que não explica o supremo mistério das suas taxas compostas.

    Essas, salvo erro, degluti-as há uns 20 anos e são na sua prosa, permita-me que o diga sem ofender, ligeiramente sobre-avaliadas na sua dificuldade (experimentei há dias explicá-las ao meu filho de 10 anos e percebeu-as em minutos).

    Ó transeunte da blogosfera,
    Se não percebeu o que eu disse, perguntava e pronto eu esclarecia. Agora vir passear a sobranceria de uma treta académica de caloiro só lhe fica mal e desvaloriza qualquer raciocínio que um dia (não perco a esperança) venha eventualmente produzir.

    Mas eu concedo:

    O que eu disse foi precisamente que há quem (abaixo, noutro post qualquer, é uma questão de ler) pegue em 0,5% de CRESCIMENTO TRIMESTRAL HOMÓLOGO (ou seja - e para quem não domina isto tão bem quanto o anónimo - pega-se no PIB do 2º trimestre de 2005, divide-se pelo valor que deu no 2º trimestre de 2004, e vê-se quanto dá o crescimento...), e imagine que aquilo é uma taxa composta qualquer e de repente descobre que aquilo anualizado dá 4% !!
    Como o anónimo pelos vistos ouviu falar do conceito, já percebeu que é disparate, e portanto presumo que tenha agora percebido esta parte.

    Passemos então a Miguel Frasquilho. Ele pega nos mesmos 0,5% de crescimento trimestral e brama que auilo só dá 0,1% anual.
    Certo? (é ler o post, está lá...).
    Certo ou errado, depende, percebe?
    É que normalmente faz-se as contas no fim do ano (para efeito de um argumento qualquer que o anónimo queira fazer, está à vontade para mudar a base de cálculo, mas costuma-se fazer assim, percebe...?). E, assim, aplica-se (salvo algum milagre aritmético que entenda inventar para este efeito) o que disse: o crescimento anual (pois, pois, da soma dos 4 trimestres...) vai ainda depender do que ocorrer nos próximos dois trimestres.
    O Frasquilho teria razão SE o crescimento fosse 0% até ao fim do ano.
    Mas como pelos vistos a sua bola de cristal anda falhuda (tanto que lhe permitiu gastar tanto tempo a debater estes "surpreendentes" 0,5%), eu esperaria um pouco antes de pôr o meu dinheiro na sua previsão.

    Cumprimentos, e faça-nos a ambos o favor de só voltar a debater se tiver alguma coisa de novo a contrapor.

    Obrigado
    André Carvalho said...
    Da forma como o Sócrates aparece na foto do DN a olhar para o alternador de ladex e com um sorriso gay nos lábios, desconfio que lhe tomou o gosto e a partir de agora vai começar a implodir aos poucos tudo o que ainda resta do nosso país.
    Anónimo said...
    Tanto palavreado e acaba por reconhecer a minha tese:

    "Quanto à fuga de informação, esta é inadmissível."

    Se é inadmissível porque a tenta justificar? Pelo passado? Pelos "assentimentos" necessários para a publicação dos dados?

    Um bloguer afirmou que o INE "negoceia" os dados e que é normal. Nada mais tenho a dizer.

    Se o meu anonimato me impede da acusação de manipulação, veremos se as autoridades responsáveis pensam o mesmo. Mas se o "anónimo", como eu pretende, "limitar estragos" e quem sabe? usar a expressão mabeco, de nada me vale ter em consideração a sua pena.

    Poderá dizer que o Banco de Portugal (ou alguém representado por ele assentiu com os dados publicitados isso não invalida a possível manipulação das contas nacionais. (Aliás, tenho pena que já que sabe tanto dos meandros do INE e o defenda, porque não meteu o seu nome em vez de tentar "amedrontar" o anónimo?)

    Depois, com a sua prosápia pegunta quem é o Deputado Miguel Frasquilho? Eu sei. Um Deputado à AR, eleito pelos portugueses. Quem é o anómimo para desconsiderar o Deputado? Membro do INE? Um "mabeco", agora na ordem do dia?

    As opiniões do Deputado Miguel Frasquilho valem tanto como a sua, estimado Anónimo, e só por isso respondo-lhe da mesma forma: os números do INE não são credíveis, precisamente por isto que escreveu:

    "Não me vou nem dar ao trabalho de lhe explicar o que são indicadores de ciclo económico (aquilo que o BAnco de Portugal calcula habitual e mensalmente) e PIB. Vou-lhe apenas dizer uma coisa: não são a mesma coisa. O PIB é uma variável contabilística, que tem tendência, componente cíclica e componente irregular. Um indicador coincidente apenas tem componente cíclica. Tire as conclusões que achar devidas."

    Não são a mesma coisa, mas um indica o que o outro contabilisticamente deve mostrar depois nas tais contas nacionais. O que não acontece e existe ua divergência profunda.

    Repito as suas frases. "Tire as conclusões que achar devidas."

    "Comparar o crescimento português com o crescimento de países como o EUA e outros, só revela o se profundo desconhecimento na matéria.

    Portugal é uma pequena, muito pequena economia aberta ao exterior, tremendamente volatil e susceptível aos mais variados choques."

    Sim? Mais uma razão para que o nosso crescimento económico não se afastar muito do comportamento dos seus principais parceiros comerciais, por muito volátil que o seja. Embora, de fossemos discutir a sério esta questão, o INE ainda ficaria mais mal no filme. Mas enfim.

    "A receita de IVA cresce mais de 5% no 2º trimestre, quando no 1º tinha crescido menos de 2%. Estranho, não?"

    Estranho é que apresente estes números e o INE, outros. Ou será que existem dois tipos de dados? Os internos e os publicados?

    Se quiser esclarecer, agradeço-lhe piedosamente. No resto, tenha um bom dia para si. E pode defender "corporações" à vontade, mas sabe que a credibilidade de um organismo estatístico fere-se quando os dados começam a ser debatidos publicamente por falta de confiança. Mesmo que correctos. O que manifestamnete não deve ser o caso.

    Quanto ao Fernando só lhe posso responder assim. Eu não tenho dez anos, tem que se esmerar mais nos esclarecimentos. Sem desmerecer a sua digna profissão. Mas o palavreado mostra algumas "deformações profissionais", se é que me entende. Não leve a mal, pois não o acusei pessoalmente de deformado, mas apenas e só de falta de capacidade na sua "algraviada".

    Cumprimentos para os dois.
    Anónimo said...
    Só uma correcção a um erro:

    "Estranho é que apresente estes números e o INE, outros. Ou será que existem dois tipos de dados? Os internos e os publicados?"

    Onde de leu isto, deve ler antes isto:

    Estranho é que apresente estes números e a DGO, outros. Ou será que existem dois tipos de dados? Os internos e os publicados? Consoante os designios políticos do momento?

    Só isto.
    Anónimo said...
    Ó anónimo das 5:02

    Não percebeu nada, pois não?
    Já calculava.

    Para não forçar mais esse, digamos cérebro, peço-lhe só que pare de imaginar-me profissões e motivações.

    Está provado que a capacidade de produzir ficção é directamente proporcional à capacidade de construção de raciocínios lógicos.
    Não se esforce. Há que pensar na saúde.
    Anónimo said...
    Só mais um esclarecimento:
    a frase que segue é retirada de um Post que está abaixo:

    >>>>>> E com isto fecho a minha estupefacção em relação ao estrondoso crescimento económico anunciado, porque em termos anualizados este foi de cerca de 4%. Invejável. Nem a Espanha conseguiu melhor! <<<<<<<<

    Ficam bem a indignação e os pontos de exclamação, e fica mal a ignorância.
    Anónimo said...
    Nop! Meu caro Fernando. Eu entendi as dúvidas do Deputado Miguel Frasquilho e sei o que ele fez. Tal como o Fernando o fez. Mas isso é rebuscado e serve para os "meninos de 10 anos" e não para quem está interessado em "filtrar" dados no sentido de entender do como vai o andamento económico e como. (Se quiser, um dia mais tarde explico-lhe o porquê. Vai ver que é fácil compreender.)

    Mas o Fernando é que "relinchou" com os tais "estratosféricos" "4%", pois esse é o meu ponto de vista. Sabe o que é "anualizar" crescimentos económicos trimestrais? Não é fazer simples aritmétrica com os números. Foi há vinte anos, mas fez "reciclagens profissionais"? Não leve a mal a picardia.

    "Está provado que a capacidade de produzir ficção é directamente proporcional à capacidade de construção de raciocínios lógicos."

    Logo vi que é mais pró psiquiatra que esforçado interessado por estas coisas.

    Bom dia para si.
    Anónimo said...
    Caro anónimo das 5:02 e das 5:08,

    Começando pelo fim, a questão do IVA, sabe o que significa especialização do exercício, ou óptica accrual? Se sabe, deveria saber que os dados da DGO são óptica de caixa pura. Isto significa que a receita relativa a Junho, nada tem que ver com a actividade relativa a esse mês, pois tem o desfasamento entre o momento de entrega das declarações e o momento em que se deu a actividade geradora desse imposto.
    Se não sabe, deveria informar-se primeiro, para não fazer essa figura.

    Quanto à fuga de informação, ninguém a tentou justificar. Apenas enquadrar, naquele que tem sido o sistema habitualmente utilizado. Se este deve ser alterado? Sim. E quem o decreta? Vossa Excelência?

    Quanto à manipulação, pelo que diz, esta existiu apenas porque... pode existir? E como nada prova que ela não tenha existido, ela existiu? Que retorcido...

    Quanto às comparações com os outros indicadores:
    "Não são a mesma coisa, mas um indica o que o outro contabilisticamente deve mostrar depois nas tais contas nacionais. O que não acontece e existe ua divergência profunda."

    Profunda ignorância. Os indicadores de ciclo são expurgados da componente irregular. Componente irregular que, neste trimestre, teve uma importância particularmente grande pelos diversos efeitos pontuais que se deram.

    E é com isto que afirma que os números não são credíveis? Enfim...

    Quanto ao deputado Miguel Frasquilho, seria um excelente economista isento se não fosse tão partidarizado. Nada mais que isso.

    "Sim? Mais uma razão para que o nosso crescimento económico não se afastar muito do comportamento dos seus principais parceiros comerciais, por muito volátil que o seja. Embora, de fossemos discutir a sério esta questão, o INE ainda ficaria mais mal no filme. Mas enfim."

    Acha que sim? A única variável directamente dependente da situação económica dos parceiros comerciais é a exportação. Quanto valem as exportações portuguesas para a Alemanha no PIB alemão? Quer fazer essa conta?

    Anonimato? O meu anonimato é mais grave que o seu?

    Despeço-me com amizade e não deixe tanto que as ideias pré-concebidas e os fazedores de opinião lhe toldem tanto a mente e a vista.

    Um anónimo perfeitamente identificado, Pedro Oliveira.
    Anónimo said...
    Anónimo das 5:29, etc.

    Agradeço que deixe de gastar o meu nome a não ser que tenha alguma ideia a contrapor.
    Se for muito difícil, tente pelo menos centrar-se no tema.
    Nem era muito complicado.
    E deixe lá de tentar adivinhar profissões, que a sua capacidade dedutiva anda ao nível da produção intelectual que fez acima.
    Anónimo said...
    Afinal mostrou o nome, talvez pensando que afinal foi um bocado, digamos, incoerente.

    Mas, meu amigo Pedro Oliveira, quais são os crescimentos do IVA? Mesmo tendo em consideração o desfasamento entre as declarações? Ou existem dados consoante o desejo político? Parece que a DGO publicou outros dados. Sim ou não?

    Aliás, se tem tanto a certeza do que diz, porquê que os seus dados estão em contradição com o volume de negócios dos serviços e industria declarados?

    Pois poderá dizer que existem falhas estatísticas. De acordo. Mas sabe qual a percentagem das declarações trimestrais no total versus mensais? Ou isso deturpa demasiado a contabilização das receitas do IVA no respectivo período?

    Quer-me me parecer que dirá que as estísticas não são perfeitas. De acordo, mas onde estão as importações, que por exemplo, o INE espanhol admite que aceleraram no segundo trimestre?

    A única resposta cabal é aceitarmos que a evasão fiscal explica parte do fenómeno, como é tese de um colega meu. Mas não explica tudo, não é?

    "Quanto à fuga de informação, ninguém a tentou justificar. Apenas enquadrar, naquele que tem sido o sistema habitualmente utilizado. Se este deve ser alterado? Sim. E quem o decreta? Vossa Excelência?"

    Enquadrar? Um potencial crime cometido? Se da vontade dos cidadãos dependesse, as estatísticas teriam objecto menos político e mais virado para as preocupações dos agentes económicos.

    "Profunda ignorância. Os indicadores de ciclo são expurgados da componente irregular. Componente irregular que, neste trimestre, teve uma importância particularmente grande pelos diversos efeitos pontuais que se deram."

    Que efeitos são esses? Os tais que o Deputado Miguel Frasquilho acentua? Redução de stocks? Meu caro Pedro Oliveira sabe quanto subiu o volume de negócios nos serviços em Junho? 3,5%. O resto é consigo, mas apenas constato divergências profundas entre os números divulgados e os que podem aferir da verdadeira contabilização nacional.

    Talvez o INE devesse fazer o que o António Duarte recomenda. Se existe erros rectifiquem enquanto antes. Senão, que expliquem aos "ignorantes" como eu e outros que nos espantamos com os dados publicados. Sabe que quase todos os analistas independentes e não políticos se espantaram? Sabe? TODOS!

    "A única variável directamente dependente da situação económica dos parceiros comerciais é a exportação. Quanto valem as exportações portuguesas para a Alemanha no PIB alemão? Quer fazer essa conta?"

    Desculpe, acredita mesmo nisto que escreveu ou enganou-se? Vá lá, não faça dos outros burros nem diga que estão enviesados politicamente, quando depois o Pedro Oliveira escreve isto.

    Sabe uma coisa curiosa? Há pessoas que projectam nas ideias dos demais as suas psicoses políticas. O INE perdeu credibilidade com os dados de ontem, mas como já o referiu e admitiu, os problemas não são de hoje. Dirá que não sou eu que devia opiniar sobre as mudanças no INE. Talvez, se vivessemos numa ditadura. Mas considerando que sou apenas um mero "consumidor de estatíticas" e que delas dependo para sobreviver, apenas apontava as sugestões de alguns técnicos estrangeiros que cá vieram auditar e analisar o funcionamento do nosso INE. Não tem nada que inventar, não é? Ou esperar que o Deputado Miguel Frasqulho o faça por mim, já que é meu representante. Como os restantes 229 deputados.

    Bom fim-de-semana para si. Já agora, não fique preocupado com as minhas leituras dos fazedores de opinião. Já o disse ao Fernando e digo-o a si: sou burro velho refinado.

    PS Meu caro Fernando, se não gosta dos meus "frangalhos intelectuais", ignore-me. Eu o farei consigo. Não é deformação profissional minha, é mesmo feitio.
    Anónimo said...
    Realmente não vale a pena.
    Por muito que se explique ou diga, a ideia está feita e já nada a demove.

    Se nem explicar-lhe a diferença entre óptica de caixa e óptica accrual é suficiente para perceber a diferença ao nível do IVA, bem que podia estar aqui a tarde toda.

    As ideias pré-estabelecidas, quando nos impedem de olhar para a realidade, são perigosas.

    Se fosse um econometrista, deveria ser daqueles que diria que o estupor da "realidade não se adequa ao modelo".

    É claro que o problema é da realidade, está errada e distorcida.
    Anónimo said...
    Caro Pedro Oliveira, sobre mitos já pode ir ler aquilo que lhe enderecei. Sabe uma coisa? É o meu dia-a-dia e não posso brincar com as estatísticas porque senão... Sou mesmo corrido!

    Já agora, explique esse tal "modelo" que não se ajusta à realidade. Adoro aprender. Especialmente consigo. ;-)
    Rui MCB said...
    (para o anónimo da colherada)

    O acesso à informação no circuito descrito por mim no Adufe é absolutamente legal e do domínio público, é alias pratica corrente há largos anos e envolve ao mais alto nível institucional vários organismos do estado e da sociedade civil. Faz parte de todo o procedimento que envolvem as contas trimestrais. Em prol da transparência, qualidade técnica e da independência que julga ameaçada. Algumas horas antes da difusão pública o INE informa e recolhe junto desse orgão supremo da sistema estatistico nacional (criado pela assembleia da republica) pareceres, críticas, recomendações que, naturalmente, não alterarão uma vírgula ao trabalho já realizado.
    Não invente fantasmas onde eles não existem e informem-se antes de dizerem disparates.

    Também são conhecidos os timmings de difusão autorizada da informação ao grande público. Há uma difusão ou às 11 horas, ou às 15 horas. Acontece que este mesmo circuito foi ignorado em muitas das críticas feitas neste blogue, chegando-se a ponto de afirmar que a difusão às 15 horas foi feita à medida das previsiveis declarações de primeiro ministro na torrealta. A informação é divulgada sempre às 15 horas do 70 º dias após o fim do trimestre.
    Onde é que houve dolo? Quem falou em negociação de dados? No meio deste processo a única situação lamentável e criticável adveio do facto do jornal de negócios ter furado o compromisso assumido por TODOS os orgãos de comunicação social de não divulgar a informação antes das 15 horas.

    Folgo em notar que tem quase a certeza que houve corrupção no INE e que quase todos os economistass ficaram surpreendidos. Esses "quase" são redentores. Obrigado pelo benefício da dúvida.
    Anónimo said...
    Caro Rui, desculpe isto:

    "No meio deste processo a única situação lamentável e criticável adveio do facto do jornal de negócios ter furado o compromisso assumido por TODOS os orgãos de comunicação social de não divulgar a informação antes das 15 horas."

    Está a querer dizer que os dados são fornecidos desde que haja "compromisso" de não divulgação?

    E tem a certeza que esta prática está enquadrada na legislação portuguesa?

    Se sim, somos um país terceiro-mundista e uma vergonha. Porque o que é comparável, no estrangeiro, não permite que quem conheça os dados possa-os fornecer a quem quer que seja, sob pena de prisão e impedimento de exercer a sua profissão.

    Desculpe, caro Rui. Eu não acredito que isto seja enquandrável na legislação portuguesa, pois pressuponho que as directivas comunitárias já foram transpostas para o nosso corpo legislativo.

    "Onde é que houve dolo? Quem falou em negociação de dados?"

    Dolo? Sabe que os mercados de capitais existem e funcionam todos os dias, não sabe? Se bem, que reconheço, os agentes portugueses não ligam quase patavina ao nosso INE. É pena, mas é verdade. Acredite no que lhe digo.

    "Folgo em notar que tem quase a certeza que houve corrupção no INE e que quase todos os economistass ficaram surpreendidos."

    Se existe corrupção, foi depreendido pelo que li no Adufe. Não inventei e a prova é que a maioria dos agentes económicos desconhecem essas "negociatas".

    (Talvez por isso é que há jornalistas que deviam ser impedidos de aceder aos mercados de capitais, embora na prática...)

    Quase todos os economistas portugueses independentes e sérios. Certo? A começar pelas casas de investimento nacionais que... Sorriram quando tomaram conhecimento do crescimento económico português. O mais alto da UE. (Até à data!)

    Mas sabe uma coisa, caro Rui. Se o INE nada teme que peça uma investigação da PGR para a eventual prática de ílictos criminais. A bem da própria confiança dos agentes económicos no INE e no seu trabalho.

    Um abraço para si.
    Anónimo said...
    Supunha-se que a silly season tivesse acabado em Agosto, mas o nosso anónimo continua em grande.

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