Apesar de não ter sido confirmada ou desenvolvida por outra imprensa, o JN de anteontem dava conta que Pedro Burmester foi escolhido para director artístico da Casa da Música. As hostilidades à nomeação foram entretanto abertas e baseiam-se em 3 premissas, a meu ver completamente primárias e falaciosas: a) é um pianista cuja performance está aquém do seu talento natural; b) a ter algum lugar na CdM seria na sua administração e nunca na direcção artística pois não é um gestor cultural e não tem provas dadas nesta área; e c) a referência de qualidade para o lugar é o actual director artístico da CdM, Antony Withworth-Jones, que apresentou uma programação com parcos recursos.
Pegando nos três argumentos, que vale como amostra do muito que vai ser dito e escrito, caso a nomeação se confirme, comentarei, por ora e para arrumar, o primeiro e o terceiro.
Em relação ao primeiro, oferece-nos dizer que, para a função em concreto são perfeitamente irrelevantes os pergaminhos musicais de Pedro Burmester, para a função o que se exige é outro tipo de conhecimento e de competências, pelo que, apresentar conclusões sobre se tem ou não condições para desempenhar qualquer que seja o cargo, baseadas numa mera apreciação subjectiva e circunstancial da sua interpretação como pianista, é despeito puro e ao qual não se deve sequer dar relevância. Se toda a gente seguisse este princípio de raciocínio, entre muitos outros exemplos, José Mourinho nunca teria tido a oportunidade de ser o melhor treinador do mundo, pois como praticante foi um jogador medíocre.
Sobre o segundo, e acerca de Antony Withworth-Jones, é verdade que apresentou um bom trabalho no que toca sobretudo à escolha dos intérpretes que ao longo deste ano passaram pelos palcos da CdM, é igualmente verdade que a maior parte dos que por cá passaram são nomes já consagrados no mercado, constituindo por isso uma aposta sem risco, é também sabido que teve condições ideais para que a sua programação resultasse, um espaço novo, o factor novidade, para além das financeiras que, como é público, serão substancialmente diferentes para pior, pois como é sabido o orçamento de 2006 será igual ao de 2005, mas com o encargo suplementar decorrente da incorporação da Orquestra Nacional do Porto (cfr. notícia do JN) na CdM, não é pois verdade que AW-J tenha construído uma programação notável com poucos recursos, não sendo também que esta tenha sido da sua exclusiva responsabilidade, o seu momento mais alto, por exemplo, - a apresentação da Orquestra de Jovens da União sob a direcção do maestro Bernard Haitink - estava previsto desde 2001. Por outro lado é também sabido que o que distinguiu a CdM de outras casas de espectáculo foi a apresentação dos trunfos que lhe conferem a identidade, coisa que AW-J não fez a não ser que a ostentação seja uma forma de, e que são o Remix Ensemble e a ONP, acontecendo que ambos os agrupamentos estão desde o início associados ao projecto, mesmo algumas das incursões por outras músicas não terão sido da responsabilidade directa do programador, mas sim da casualidade de a agenda da CdM ir ao encontro da das digressões internacionais dos artistas que por lá passaram. Conforme está previsto AW-J será um consultor da CdM no que toca ao mercado internacional, esse será um papel que com toda a certeza lhe assentará muito bem.
O comentário ao segundo argumento ficará para uma próxima posta, não deixando e ser demonstrado que a gestão deste dossier mais não é do que um exemplo da forma como os investimentos públicos em Portugal são estruturados, seguindo a mesma linha de raciocínio já muitas vezes aqui exposta.
Pegando nos três argumentos, que vale como amostra do muito que vai ser dito e escrito, caso a nomeação se confirme, comentarei, por ora e para arrumar, o primeiro e o terceiro.
Em relação ao primeiro, oferece-nos dizer que, para a função em concreto são perfeitamente irrelevantes os pergaminhos musicais de Pedro Burmester, para a função o que se exige é outro tipo de conhecimento e de competências, pelo que, apresentar conclusões sobre se tem ou não condições para desempenhar qualquer que seja o cargo, baseadas numa mera apreciação subjectiva e circunstancial da sua interpretação como pianista, é despeito puro e ao qual não se deve sequer dar relevância. Se toda a gente seguisse este princípio de raciocínio, entre muitos outros exemplos, José Mourinho nunca teria tido a oportunidade de ser o melhor treinador do mundo, pois como praticante foi um jogador medíocre.
Sobre o segundo, e acerca de Antony Withworth-Jones, é verdade que apresentou um bom trabalho no que toca sobretudo à escolha dos intérpretes que ao longo deste ano passaram pelos palcos da CdM, é igualmente verdade que a maior parte dos que por cá passaram são nomes já consagrados no mercado, constituindo por isso uma aposta sem risco, é também sabido que teve condições ideais para que a sua programação resultasse, um espaço novo, o factor novidade, para além das financeiras que, como é público, serão substancialmente diferentes para pior, pois como é sabido o orçamento de 2006 será igual ao de 2005, mas com o encargo suplementar decorrente da incorporação da Orquestra Nacional do Porto (cfr. notícia do JN) na CdM, não é pois verdade que AW-J tenha construído uma programação notável com poucos recursos, não sendo também que esta tenha sido da sua exclusiva responsabilidade, o seu momento mais alto, por exemplo, - a apresentação da Orquestra de Jovens da União sob a direcção do maestro Bernard Haitink - estava previsto desde 2001. Por outro lado é também sabido que o que distinguiu a CdM de outras casas de espectáculo foi a apresentação dos trunfos que lhe conferem a identidade, coisa que AW-J não fez a não ser que a ostentação seja uma forma de, e que são o Remix Ensemble e a ONP, acontecendo que ambos os agrupamentos estão desde o início associados ao projecto, mesmo algumas das incursões por outras músicas não terão sido da responsabilidade directa do programador, mas sim da casualidade de a agenda da CdM ir ao encontro da das digressões internacionais dos artistas que por lá passaram. Conforme está previsto AW-J será um consultor da CdM no que toca ao mercado internacional, esse será um papel que com toda a certeza lhe assentará muito bem.
O comentário ao segundo argumento ficará para uma próxima posta, não deixando e ser demonstrado que a gestão deste dossier mais não é do que um exemplo da forma como os investimentos públicos em Portugal são estruturados, seguindo a mesma linha de raciocínio já muitas vezes aqui exposta.
Publicado por contra-baixo 11:35:00
3 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Já agora, será interessante verificar e comparar as posições (ou silêncios) assumidas por defensores e "atacantes" de Pedro Burmester no caso da nomeação de Guta Moura Guedes para administradora do Centro Cultural de Belém, esse sim, (qualquer que seja o ângulo pelo qual seja examinado), um verdadeiro escândalo.
http://geracao-rasca.blogspot.com