anatomia de um silêncio
terça-feira, setembro 20, 2005
Em Portugal não se investiga, insinua-se, em Portugal nunca há factos apenas suspeitas, também nunca há inocentes, apenas quem não foi declarado culpado.
Joaquim Vieira, jornalista conceituado, que dispensa apresentações, ex-número dois do Expresso, tem publicado na Grande Reportagem uma série de textos bastante ácidos sobre Mário Soares. Ora a Grande Reportagem, distribuída semanalmente com o JN e DN, não é exactamente um qualquer pasquim ao nível d' O Crime, do Semanário ou um qualquer jornal de vão de escada, pelo que as reflexões de Joaquim Vieira mereceriam outra atenção.
Atente-se pois no que diz Vieira, que cita profusamente um livro - real, publicado - de Rui Mateus, personagem também real, numa série de artigos sugestivamente entitulada "O Polvo"...
Parte 1
publicado a 3 de Setembro de 2005, na Grande Reportagem nº 243.
Além da brigada do reumático que é agora a sua comissão, outra faceta distingue a candidatura de Mário Soares a Belém das anteriores: surge após a edição de Contos Proibidos - Memórias de um PS desconhecido, do seu ex-companheiro de partido Rui Mateus.
O livro, que noutra democracia europeia daria escândalo e inquérito judicial, veio a público nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Soares e foi ignorado pelos poderes da República. Em síntese, que diz Mateus? Que, após ganhar as primeiras presidenciais, 1986, Soares fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar os fundos financeiros remanescentes da campanha. Que a esse grupo competia canalizar apoios monetários antes dirigidos ao PS, tanto mais que Soares detestava quem lhe sucedeu no partido, Vítor Constâncio (um anti-soarista), e procurava uma dócil alternativa a essa liderança.
Que um dos objectivos da recolha de dinheiros era para financiar a reeleição de Soares. Que, não podendo presidir ao grupo por razões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro, embora reunisse amiúde com eles para orientar a estratégia das empresas, tanto em Belém como nas suas residências particulares. Que, no exercício do seu “magistério de influência” (palavras suas noutro contexto), convocou alguns magnatas internacinais – Rupert Murdoch, Sílvio Berlusconi, Robert Maxwell e Stanley Ho – para o visitarem na Presidência da República e se associarem ao grupo, a troco de avultadas quantias que pagariam para facilitação dos seus investimentos em Portugal.
Note-se que o “Presidente de todos os portugueses” não convidou os empresários a investir na economia nacional, mas apenas no seu grupo, apesar dos contribuintes suportarem despesas de estada. Que moral tem um país para criticar Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais, Valentim Loureiro ou Fátima Felgueiras se acha normal uma candidatura presidencial manchada por estas revelações? E que foi feito dos negócios do Presidente Soares? Pela relevância do tema, ficará para próximo desenvolvimento.
Parte 2
publicado a 10 de Setembro de 2005, na Grande Reportagem nº 244.
A rede de negócios que Soares dirigiu enquanto Presidente foi sedeada na empresa Emaudio, agrupando um núcleo de próximos seus, dos quais António Almeida Santos, eterna ponte entre política e vida económica, Carlos Melancia, seu ex-ministro, e o próprio filho, João. A figura central era Rui Mateus, que detinha 60 mil acções da Fundação de Relações Internacionais (subtraída por Soares à influência do PS após abandonar a sua liderança), as quais eram do Presidente mas de que fizera o outro fiel depositário na sua permanência em Belém – relata Mateus em Contos Proibidos.
Soares controlaria assim a Emaudio pelo seu principal testa-de-ferro no grupo empresarial. Diz Mateus que o Presidente queria investir nos média: daí o convite inicial para Sílvio Berlusconi (o grande senhor da TV italiana, mas ainda longe de conquistar o governo) visitar Belém. Acordou-se a sua entrada com 40% numa empresa em que o grupo de Soares reteria o resto, mas tudo se gorou por divergências no investimento. Soares tentou então a sorte com Rupert Murdoch, que chegou a Lisboa munido de um memorando interno sobre a associação a “amigos íntimos e apoiantes do Presidente Soares”, com vista a “garantir o controlo de interesses nos média favoráveis ao Presidente Soares e, assumimos, apoiar a sua reeleição”. Interpôs-se porém outro magnata, Robert Maxwell, arqui-rival de Murdoch, que invocou em Belém credenciais socialistas. Soares daria ordem para se fazer o negócio com este. O empresário inglês passou a enviar à Emaudio 30 mil euros mensais. Apesar de os projectos tardarem, a equipa de Soares garantira o seu “mensalão”.
Só há quatro anos foi criminalizado o tráfico de influências em Portugal, com a adesão à Convenção Penal Europeia contra a Corrupção. Mas a ética política é um valor permanente, e as suas violações não prescrevem. Daí a actualidade destes factos, com a recandidatura de Soares. O então Presidente ficaria aliás nervoso com a entrada em cena das autoridades judiciais – episódio a merecer análise própria.
Parte 3
publicado a 17 de Setembro de 2005, na Grande Reportagem nº 245.
A empresa Emaudio, dirigida na sombra pelo Presidente Soares, arrancou pouco após a sua eleição e, segundo Rui Mateus em Contos Proibidos, contava “com muitas dezenas de milhares de contos “oferecidos” por (Robert) Maxwell (…), consideráveis valores oriundos do “ex-MASP” e uma importante contribuição de uma empresa próxima de Almeida Santos.” Ao nomear governador de Macau um homem da Emaudio, Carlos Melancia, Soares permite juntar no território administração pública e negócios privados. Acena-se a Maxwell a entrega da estação pública de TV local, com a promessa de fabulosas receitas publicitárias. Mas, face a dificuldades técnicas, o inglês, tido por Mateus como “um dos grandes vigaristas internacionais”, recua.
O esquema vem a público, e Soares acusa os gestores da Emaudio de lhe causarem perda de popularidade, anuncia-lhes alterações ao projecto e exige a Mateus as acções de que é depositário e permitem controlar a empresa. O testa-de-ferro, fiel soarista, será cilindrado – tal como há semanas sucedeu noutro contexto a Manuel Alegre. Mas antes resiste, recusando devolver as acções e esperando a reformulação do negócio. E, quando uma empresa reclama por não ter contrapartida dos 50 mil contos (250 mil euros) pagos para obter um contrato na construção do novo aeroporto de Macau, Mateus propõe o envio do fax a Melancia exigindo a devolução da verba.
O Governador cala-se. Almeida Santos leva a mensagem a Soares, que também se cala. Então Mateus dá o documento a’O Independente, daqui nascendo o “escândalo do fax de Macau”. Em plena visita de Estado a Marrocos, ao saber que o Ministério Público está a revistar a sede da Emaudio, o Presidente envia de urgência a Lisboa Almeida Santos (membro da sua comitiva) para minimizar os estragos. Mas o processo é inevitável. Se Melancia acaba absolvido, Mateus e colegas são condenados como corruptores. Uma das revelações mais curiosas do seu livro é que o suborno (sob o eufemismo de “dádiva pública”) não se destinou de facto a Melancia mas “à Emaudio ou a quem o Presidente da República decidisse”. Quem afinal devia ser réu?
Os factos nem parecem muito difíceis de confirmar, ou desmentir, e no entanto é mais fácil - mais confortável - ignorá-los, não se confia na justiça ou porque não se acredita que funcione em tempo útil, ou por que se tem medo que funcione, em vida, e as dúvidas, os boatos, os rumores, a 'fama' persistem. E é assim, passo a passo, que lentamente se vai destruíndo de vez a confiança dos portugueses nas instituições. Por incúria, por medo, por desleixo, até por arrogância, porventura de fantasmas e até... da própria sombra.
N.A. Como adenda, e perdoem-me o sarcasmo que é preciso por as coisas no seu devido lugar, talvez conviesse meditar no generoso silêncio dedicado ao conteúdo destes artigos de Vieira, e ao livro de Mateus, por parte de alguns dos e(ste)ticistas do regime quando comparado com a, também ela generosa, campanha em curso contra alguns 'antros' 'anónimos' de pensamento livre e desalinhado... Ou, será que as coisas já evoluiram tanto, tanto, que agora só existem depois de serem tratadas em blog ? É que a Grande Reportagem tem uma tiragem superior a 100 000 exemplares, nós ainda não... Entretanto, por essas e por outras, do Brasil até gozam... Como adenda suplementar convém frisar que o problema não é novo, ou sequer isolado, antes é estrutural e crónico. Atente-se na GALP e nas maravilhas que por lá se passa(ra)m. No mínimo, os factos - 'estranhos' - mereceriam uma investigação apurada, judicial e jornalística, no entanto...
Publicado por Manuel 07:08:00
Os jornalistas andam muito distraídos.
diogenes
É pasmoso que os visados - a começar pelo pai Soares - continuem em silêncio, mantendo em simultâneo a aspiração de dirigir os destinos do País... E é ainda mais pasmoso que os jornalistas ditos sérios continuem a assobiar para o lado.
Quem pode manda?
Será que estava a referir ao camarada soares?
Se bem lido e com inteligência, o que o livro demonstra é que Mário Soares teve ao seu lado, durante anos, sem o saber, uma pessoa pouco séria como Rui Mateus. Como acontece com muitos políticos de nomeada, como por exemplo Wily Brandt, na Alemanha, que teve um secretário espião pro-comunista.
Ora, o que Mário Soares fez, depois de saber do que se passou no caso Melancia, foi abandonar o seu suposto amigo Rui Mateus. Este, apanhado nas malhas da justiça e vendo que Soares nada fez para tentar salvá-lo de tal situação, resolve escrever o tal livro, como vingança.
O livro, todo ele, é uma vingança contra duas pessoas, Mário Soares e um juiz de que não me lembro o nome. Aliás, Melancia, apanhado nesta trama como Mário Soares, pela confiança que depositava em Rui Mateus, também o abandonou e nada quis com ele, Rui Mateus. Viu-se bem durante todo o processo judicial que Melancia nem sequer falava com Rui Mateus e numa grande entrevista na TV também se viu bem que nada queria com ele.
Nesta história toda e pela leitura do próprio livro de Rui Mateus, uma pessoa inteligente só pode concluir duas coisas: primeiro, que Mário Soare e Melancia estavam perfeitamente inocentes no caso; segundo, que Rui Mateus, ao escrever o livro e vendo que fora abandonado pela trafulhice que fez, quis vingar-se contra aqueles que o abandonaram precisamente porque se revelou um trafulha.
Se se desse o contrário, Melancia e Soares a protegerem Rui Mateus durante o caso Melancia, então aí sim, é que era caso para se suspeitar dos dois. Nada disso se verificou. Portanto, Melancia saiu ilibado e inocente dos tribunais e Rui Mateus, com o seu livro, apenas se enterrou mais.
E não se diga que os tribunais andaram a leste disto tudo, porque aconteceu o contrário, aprofundaram demais, ao ponto de terem repetido um julgamento perfeitamente desnecessário. No meio judicial também se faz política.
Quiseram, Rui Mateus e o Expresso de J. Vieira, atingir Mário Soares, mas não conseguiram. E ainda bem que o livro de Rui Mateus foi escrito, pois prova exactamente o contrário do que Rui Mateus quis transmitir, por vingança pessoal.
Onde Rui Mateus tem porventura razão é nas denúncias que faz contra um determinado juiz e contra a maneira como decorreu o processo. O que prova que muitos juizes em certos casos não fazem justiça, apenas política partidária. Como aqui, nesta Loja Limiana.
Resta apenas dizer que todo esta armadilha do caso de Rui Mateus&Melancia foi concebida e montada na Alemanha, com notórios fins políticos (e não negócios). Mas isso só se soube depois. Quer dizer, Rui Mateus foi apenas um peão usado com outros objectivos que não estavam ao alcance dele. E o Expresso de J. Viera, sobre isso, aos costumes disse nada...
Tal como nos jornais, existem talvês uma meia dúzia de Bloggers puros. O resto são simpatizantes.
E face à enormidade da dita Soares nada faz? Notável teoria! É o que qualquer um, de consciência tranquila, faria!!!
Já agora porque é que o livro nunca foi reeditado? Talvez algum jornalista possa fazer esta perguntinha à editora...
O livro, quando saiu foi um escândalo. Emvolvia pessoas da alta esfera do Estado da altura (e de agora) e saiu no aftermath de outro escândalo que foi o de Macau.
Para que se saiba, o escândalo de Macau tem a ver com 50 mil contos que uma empresa alemã depositou na conta de alguém para olear procedimentos legais a que o Estado deveria proceder com isenção e rigor. Um caso de corrupção puro e simples.
Quando foi denunciado pelo Independente, com cópias de documentos ( um fax) e alusões tão explícitas que até doía ler, os envolvidos negaram. Negaram e voltaram a negar e continuam a negar, ainda hoje. Porém, um deles, o mais proeminente, demitiu-se. Porquê, se nada havia contra ele?! Sò porque os jornais, os tais mabecos, lhes queriam chegar às canelas?! Não queira o anónimo tomar-nos por lorpas ao dizer que o tal estava inocente e continua a estar inocente e que estará inocente e patati patata.
O tribunal absolveu o dito cujo, porque não se logrou obter prova da corrupção passiva que como se sabe é diferente da activa...mas desta, o tribunal obteve prova, sem dúvidas. O tribunal declarou que alguém entregou dinheiro a alguém para olear a máquina do Estado em Macau.
Tal prova deveria ser a bastante, para toda a gente perceber que é penoso ver alguém continuar a tomar-nos por lorpas.
Se o Mário Soares e o Almeida Santos estão envolvidos?!
Alguém os investigou?!! Essa é a pergunta!
Só essa importa! ALGUÉM OS INVESTIGOU A SÉRIO?!
Ou esse senhores estão acima de toda e qualquer suspeita?!
São cidadãos diferentes dos demais?! Tinham prerrogativas diferentes, é verdade. Mas...e depois de deixarem de as ter?!
Em França, um cetto Alain Juppé por muito menos foi investigado e condenado e acabou aí a carreira política.
Na Alemanha um Khol foi investigado e obrigado( o seu partido) a pagar uma coima, por facto dsesonrosos em termos de ética política.
Na INglaterra estas coisas levam-se a sério, mesmo qu escritas por indivíduos despeitados.
Aqui o que aconteceu?!
Eu digo:
Rodrigues Maximiano ( que podia muito bem ser o autor do escrito acima), leu o livro e disse em público que o mesmo nada de novo trazia ao que já se sabia no processo. E assim ficou o caso arrumado.
Oa factos do livro foram escritos por um "ressabiado"?!
E esse ressabiado estaria mentalmente doente?!
Não parece nada. Aliás, em carta ao director de um certo jornal, rebateu aquela afirmação de Rodrigues Maximiano. E assim ficou o assunto arrumadinho. Mário Soares continuou a prosperar e até arranjou uma Fundação. O tal de Melancia, inocentado prosperou e foi para Castelo de Vide onde tambem fundaciona e tudo ficou bem- porque acabou em bem.
Aliás, pergunto: a corrução faz vítimas que se vejam? Ou ficam todos a ganhar?!
Parece que ficam.
Hoje em dia, com o PGR que temos e com todos os defeitos que são conhecidos e que são tomados como pretextos para o pôr a mexer do lugar, o livro do Rui Mateus, seria autuado como Inquérito! Não tenho a menor dúvida. COmo não tenho dúvidas que seriam pelo menos investigados certos factos.
E talvez seja por isso que importa pôr o homem a mexer quanto antes. O tipo é mesmo perigoso...segundo se diz, não sabe falar para os jornais e televisões, mas não faz política activa e deixa as coisas rolar conforma a lei manda. É um espinho para corruptos de alto coturno, não tenho dúvidas.
Esqueceu-se de adicionar ao pormenor da ida de Melancia para Castelo de Vide que não se tratou de uma simples ida. De facto, segundo parece, esse "sr." desenvolveu um complexo turístico de luxo com o dinheiro que veio de Macau. Refiro-me a Amamaia.
É impressionante ver como os políticos portugueses são corruptos, estão corrompidos e se corrompem, com o aparente aval dos portugueses (a ver por um dos posts anteriores).
Pelo menos nos EUA os larápios são punidos independentemente da posição social. Ontem foi o caso do CEO e do CFO da Tyco que foram sentenciados com 25 anos de prisão.
Em Portugal, o circo continua... O país está a saque!
Em España los Fiscales generales ( los Procuradores) son nomeados pelo poder político e tienem autonomia igual a zero!
La diferencia es de tomo!
Los Garzones tienem autonomia e independicia mas nuestro sistema es diverso: la titularidade del poder penal em Portugal pertenece al Ministério Publico, al Fiscal!
Há um aspecto do post que não me parece justo. A referência á imagem que Portugal tem no Brasil. Pergunto-me que autoridade moral têm os brasileiros para criticarem, no plano da moralidade pública, o que se passa em Portugal!
Mas enfim, está-nos também no sangue apreciar-mos que os que dizem mal de nós mesmo que não tenham grande moral para isso.
Foi um processo muito falado e investigado pelo poder judicial, cá e lá fora (Alemanha sobretudo). Demais até, para coisa tão pouca (50 mil contos!). Aliás era isso mesmo que a armadilha pretendia. Liquidar um político através de terceiros.
Quem ler bem o livro e se informar bem sobre o juiz que conduziu uma boa parte do processo(ou juiza?) sabe que o comunismo soviético tentou por várias vezes liquidar Mário Soares. A história do negócio do marfim de Angola, envolvendo a família Soares, inventada no consulado marxista do MPLA, é outra tentativa parecida para liquidar Mário Soares, o arqui-inimigo do regime soviético.
Não foi a Direita que quis liquidar Soares, foi a esquerda soviética. Rui Mateus acabou por ser um peão no meio disso tudo. Essa História ainda não está feita, mas acabará por ser feita. Pacheco Pereira, como historiador, deve saber alguma coisa sobre isso. Não apoiou ele Mário Soares para presidente da República?
Ora, os tribunais, com recursos à mistura, inocentaram Melancia. Aliás Rui Mateus não incrimina no seu livro, nem Mário Soares nem Melancia, nem mais ninguém. Apenas critica alguns aspectos da personalidade de Mário Soares. Ora, se tivesse razão no que diz, devia-o ter feito muito antes, abandonando ele Mário Soares. Se o não fez é porque achava Mário Soares boa pessoa e de bom carácter.
O livro de Rui Mateus só tem dois objectivos, denegrir Mário Soares como pessoa por este o ter abandonado neste processo e denegrir um certo juiz pela condução que fez do processo. E fê-lo antes do julgamento, o que mostra alguma coragem. Mas só isso.
Acho que fez bem em escrever o livro, para registo histórico. Mas, quanto a mim, só se enterrou a ele próprio. Naquela altura. Embora o tempo, agora que Mário Soares é de novo candidato a PR, lhe venha dar utilidade ao pretendido, com a ajuda dos amigos e simpatizantes de Cavaco Silva. E da Internet, como se prova neste pasquim partidário da Loja Limiana.
Como Mário Soares é uma pessoa inteligente, não lhe dá cavaco. E como há mais pessoas inteligentes no país, também ninguém lhe deu crédito, tão evidente foi o seu propósito.
Retirar trechos do livro, devidamente seleccionados para empurrarem Cavaco Silva para a presidência, pode ter algum efeito nefasto para o candidato Soares. Os pasquins usam muito essa técnica. Só é pena que o livro não seja integralmente reproduzido na Net. Então se veria que Mário Soares e Melancia saem completamente ilesos deste caso, em termos jurídicos ou criminais. E saem por cima, ao abandonarem uma pessoa de poucos escrúpulos como foi Rui Mateus, que foi um secretário de Soares apenas porque falava várias línguas e era tido como refugiado político na Suécia.
Willy Brandt também foi traído por um seu secretário, como Helmut Kol, Tony Blair e muitos outros. A História está cheia desses exemplos.
É "avençado", como diz o grande mestre Manuel !
E ainda não se falou da Fundação, do apoio da Câmara (sob a presidência do filho), bem como do apoio do governo, entre outros.
E ainda não se falou da ligação de Mário Soares a Bettino Craxi, de tal forma forte que mesmo depois deste ter fugido para a Tunisia para não ser preso em Itália, Mário Soares fez questão de o visitar, lembram-se?
Mas ainda falta a resposta à segunda questão:
Quais são as verdadeiras razões que levam Cavaco Silva a concorrer a Belém?
E António Borges, não entra nesta estratégia?
Voltaremos ao assunto.
Nota: estou com curiosidade de verificar se o "avençado" vai publicar mais textos...
Isso é para rirmos à gargalhada ou quê?
sei de fonte segura que os camaradas soviéticos tinham insónias só de pensar no bochechas.
A maior diderença está na imprensa, não nos factos nem na Justiça.
Como diz o outro, em Portugal só há meia dúzia de jornalistas, o resto são simpatizantes.
Talvês por o país ser pequenino.
Afinal, não se tratou apenas da atribuição de imóveis a custo zero, ou perto de zero, mas também à expropriação de residentes que tiveram o azar de habitar em edifícios camarários.
Antes de mais, uma declaração de interesses da minha parte:
Não apoio Cavaco nem aliás qualquer um dos candidatos já conhecidos a PR. Não gosto de Cavaco por motivos que já escrevi para aí num comentário a um postal abaixo. E sobre isto fica dito.
Sobre Rui Mateus acho extravagante a tese de que se tratou de uma conspiração comunista! Extraordinário mesmo! Ora vamos lá situar os factos: 1990, já com o muro caído! Na Alemanha do ocidente uma pequena firma chamada Weidleplan resolve assumir o papel de carrasco de Mário Soares e Almeida Santos, e vai daí, resolve por em pé um esquema tenebroso de faxes a pedir dinheiro por causa de uma contrato, entre "homens de honra" não cumprido. O estratagema, para quem o conhece, é perfeito! Até se pode dizer que se alguém quisesse mesmo entalar o Soares e o Santos, não tinham melhor ideia!
E quais as razões, os motivos dos criminosos políticos?! Por vingança...de quê, afinal?! Ora! para quê argumentos se "a verdade pode estragar uma boa história"?
Enfim, caro anónimo. Ou vem com melhores razões ou então não ha crédito a dar a essa teoria que peregrina para a terra do nunca!
Assim, temos RUi Mateus que escreveu um livro com factos que punham em evidência a natureza intrínseca do PS e o caso do Fax...
Rodrigues Maximiano desvalorizou.
Em entrevista ao Inde+endente de 9.8.1996, na revista Vida, disse que " O dr. Rui Mateus diz no processo que o Dr. Mário Soares e o Dr. Almeida Santos sabiam do fax."
Mas depois, o bravo Maximiano ( espero que não seja o caro anónimo, mas se o for, ainda bem), diz isto extraordinário para um investigador criminal da sua craveira:
" O Dr. Rui Mateus nunca diz que o presidente e o Dr. Almeida Santos sabiam DO CONTEÚDO DO FAX." !!!
E continua:
" Mas nunca disse ( o Rui Mateus) que o que lá estava escrito é verdade. Só me interessava ouvir o depoimento do Dr Almeida Santos se ele ainda não tivesse a prova de que o faz era verdadeiro para eles testemunharem como era. Para a incriminação judicial não me interessa ouvir essas duas pessoas. Quanto muito para o presidente envolveria responsabilidade política que não criminal, por ter conhecimento do fax. Há instrumentos para isso. E do negócio sabia? Isso o Dr. Rui Mateus nunca o disse no processo."
Ora aqui tem como se analisam provas e se fazem juizos de inocência sobre quem está para além de toda a suspeita.
COmo o Dr. Rui Mateus não disse se o conteúdo do faz era veredadeiro e como não se sabia se o Mário Soares então presidente e o Almeida Santos então responsável político, saberiam ou não do conteúdo do fax, então a conclusão era de que não sabiam! Brilhante!
COmo se veio a provar o fax era verddeiro e o dinheiro saiu de inde saiu e só não foi apurado onde entrou...
(Continua...)
Alguém investigou se isto corresponde à verdade?! Mesmo prescrito, este procedimento, aconteceu ou não?!
"o Presidente envia de urgência a Lisboa Almeida Santos (membro da sua comitiva) para minimizar os estragos"
Quem é que poderia minimizar os estragos no MP dessa altura?!
Quem?!!
quando era jovem disseram-me que na Rússia se comiam crianças e se matavam velhos com uma injecção atrás das orelhas.
Quem o disse, era padre, e daí eu ter acreditado nele, pois sabia que os padres não mentiam, pois mentir era pecado, e os padres estavam proibidos de cometer pecados.
Mais tarde, conheci comunistas e eles asseveraram-me que era tudo mentira, mas eu fiquei na dúvida, pois embora acreditasse naqueles comunistas porque eram meus amigos e não mentiam, os padres também não mentiam porque é pecado.
Como não tenho provas de que o padre tenha mentido, nem tenho provas de que os meus amigos mentiram, suponho que posso continuar a pensar que, poderá ter havido comunistas a comer criancinhas e a matar velhos com injecções atrás da orelhas, ou não posso?
Estou até a pensar escrever um livro sobre o assunto, não me quererá escrever o prefácio?
Cumprimentos