Ubermensch?
quarta-feira, agosto 24, 2005
Esta notícia do Jornal de Notícias de hoje, merece alguma atenção. Começa assim...
Aorganização, eficiência e profissionalismo dos pilotos alemães que chegaram a Portugal para ajudar a debelar os fogos estão a impressionar tudo e todos. Numa altura em que várias regiões da Alemanha são fustigadas por chuvas intensas e grandes inundações, os trinta elementos do Grupo de Aviação da Polícia Federal Alemã (GAPFA) e três helicópteros "Puma" estão, desde anteontem, instalados no Centro de Meios Aéreos de Santa Comba Dão.
A polivalência dos germânicos - simultaneamente polícias, bombeiros e pilotos -, a autonomia logística, o profissionalismo e a forma fácil com que se articulam com os restantes meios no teatro de operações, estão a justificar a admiração dos companheiros portugueses. "Embora haja muito tempo para nos conhecermos melhor, pelo menos duas semanas, posso considerar notável a forma como estão a articular-se connosco no combate aos incêndios. São muito organizados e auto-suficientes. Trouxeram da Alemanha praticamente tudo aquilo que lhes vai ser útil", reconheceu o tenente Venâncio Leitão do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).
A competência revelada pelos polícias alemães é corroborada por Mário Marcão, piloto da Força Aérea Portuguesa, que dirige o "Alouette" que coordena o tráfego aéreo de combate aos incêndios. "
Aquando da tragédia em Entre-os-Rios, para procurar os cadáveres dos desaparecidos nas águas revoltas e turbulentas do Douro, vieram mergulhadores franceses, à pressa e mediante a pressão da opinião pública no sentido de os mergulhadores portugueses serem de qualidade inferior. Provou-se que não eram. Antes pelo contrário. Será que, agora, estes alemães, desviados das enchurradas, dão lições aos bombeiros portugueses?!
Será mesmo, caros bombeiros na nossa terra?! Onde pára o vosso brio?! Amoleceu?! Porquê?!
Publicado por josé 21:16:00
12 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Não se trata de brio, nem de orgulho nem de profissionalismo.
Trata-se de organização.
Trata-se de planificação.
Trata-se de cuidada execução.
Trata-se de não deixar nada ao acaso.
Trata-se de não improvisar.
Trata-se de não dar espaço ao "desenrrascanço".
No mais, somos tão bons como os demais.
Por vezes até melhores do que os demais.
Porquê?
Porque, apesar de não sermos organizados, por vezes com meios, até inferiores aos demais, atingimos resultados ao nível dos demais.
Então qual a diferença?
A diferença é esta, em minha opinião:
Enquanto nós o fazemos em esforço, os outros, os organizados, fazem-no em 'soupless'.
Já lá diziam no tempo da monarquia de há quinhentos anos:
"Um fraco Rei faz fraca a forte gente. "
Quem o disse?!
Camões, nos Lusíadas.
Actualmente, em Portugal, os Lusíadas foram substituídos pelos programas do douto Moniz da TVI...
LUSÍADAS! Mais do que nunca, importa ler!
Eu dispenso o link, tenho os livros (felizmente).
E concordo consigo nesse ponto.
No mais, mantenho.
Ou quer equiparar a organização alemã à portuguesa?
Pode comparar: perdemos.
Já no brio, no empenho, na capacidade de improvisar... Olhe, por exemplo, damos um bigode a quem quer que seja em matéria de improvisar, de resolução de problemas não previstos.
Mas já perdemos na previsibilidade, ou na previsão, dos problemas.
O 'rei' tem culpa.
Ou, pelo menos, não tem desculpa.
E não tem desculpa porque lhe cabe educar.
E a educação em portugal é o que se sabe: organizadamente desorganizada (veja-se o baile dançante dos professores. Todos os anos). E dos alunos.
Educação pedagogicamente impreparada.
Avança mais o aluno-papagaio do que o aluno-pensador-desafiador-investigador.
Um fraco rei faz fraca a forte gente.
Por isso mesmo, por vezes (só mesmo às vezes) é que eu penso cá com os meus botões, que este é um país, não das, mas DE bananas.
O que não é de admirar, num país em que o 'rei' é um banana!
Quero apenas provovar consciências adormecidas.
Tenho a noção de que a organização alemã é uma das chaves do segredo teutónico.
Mas nós temos uma chave que eles não conhecem: o bom humor. Anedotas incríveis surgem logo a seguir a tragédias como aquela que mencionei, o que atesta o poder inventivo, anárquico que nos sustém a alma.
Assim, vamos: cantando e rindo!
Porém, houve uma altura, precisamente aquando da tragédia de Entre-os-Rios e também aquando de Timor, que pudemos sentir um orgulho genuíno em ser portugueses.Por causa da competência, eficiência e profissionalismo que mostramos também possuir tanto ou mais do que outros mais ricos que nós.
Orgumho muitíssimo maior do que alguma vez poderíamos sentir se tivéssemos ganho aquela taça do Europeu.
Um bem estar geral e consistente e que nos dá alguma esperança que na hora da derrocada, ainda conseguiremos varrer esta mediocridade que se instalou.
É isto que gostava de partilhar.
Nisso, absolutamente de acordo!
Elucidativo qb.
MANIFESTAÇÃO PELO FIM DO "NEGÓCIO DOS INCÊNDIOS"!!!!
Sexta, dia 26, às 18 horas, em frente à sua Câmara Municipal.
(em Lisboa, em frente à Assembleia da República)
Mostra a tua indignação!
Enverga uma tshirt preta em protesto pelo estado das nossas florestas.
Juntos podemos fazer a diferença.
(Esta convocatória não está conotada com qualquer força política, ou grupo organizado. É uma iniciativa espontânea, aberta a todos os cidadãos)
Em entre-rios tinhamos uma força militar portuguesa, própria, nacional, da Marinha, bem organizada e com experiência de décadas em mergulho.
Você nos seus post's está a comparar os bombeiros nacionais voluntários a uma força militar/policial alemã. São coisas completamente diferentes. Não é sequer disso que fala o artigo do jornal.
Devia comparar os alemães ao corpo de pilotos "alugados" que constituem a frota aerea de combate aos incêndios nacional.
Muitos não são portugueses, tem várias e diferentes nacionalidades, alguns nem conhecem bem a realidade portuguesa e não são uma força única e organizada como um só, pois são pilotos ao serviço de várias e diferentes empresas. O que não quer dizer que não seja, bons, são no certamente, e para quando os vêmos a actuar sabemos que são bons e corajosos. Mas às vezes ser bom não chega, a organização também é muito importante.
Uma das várias boas razões para termos uma força aerea anfimbia nacional, integrada na força aerea, é precisamente essa: a da organização e eficácia, sobre um comando único, e com grande experiência e conhecimento da realidade nacional.
Todos os países vão aprendendo ao longo dos anos com as boas e más experiências. Muitos países tambem alugavam meios, muitos países também os compraram. Por exemplo, os espanhois começeram por ter uma frota de Canadair's na década de 70/80 que pertencia ao ministério da agricultura. Mas na renovação da frota nos anos 90 já eram uma força militar espanhola. Todos vão aprendendo e melhorando, menos cá em Portugal.
Claro que os Pumas são uns helicópteros de qualidade.
Claro que o vôo em formação que fazem é sinónimo de conhecimento.
Claro que são profissionais militarizados e bem preparados, e não apenas um monte de pilotos habituados a pulverizar arrozais ou transportar passageiros e jornalistas em vôos de curta duração , que só muito dificilmente se entendem uns aos outros.
Por isso a diferença.
Criem em Portugal um corpo idêntico e depois falamos de quem é que são os bons.