A Ota bate com a perdigota
sexta-feira, agosto 26, 2005
Afinal, os blogues andam mal informados. O Portugal Diário teve acesso a um estudo abrangente que conclui que o novo aeroporto da Ota gerará um "elevado volume de emprego e qualificação da mão-de-obra", além de vir a constituir uma "oportunidade de requalificação de paisagens degradadas e de melhoria da atractividade dos espaços públicos", colhendo sem surpresa a simpatia da esmagadora maioria dos autóctones (estes devem ser de fora).
Publicado por Nino 20:30:00
20 Comments:
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"Vejamos as contas do NAL (Novo Aeroporto de Lisboa). O governo avalia em cerca de 3,5 mil milhões de euros o custo global da obra. Mas eu vou ser pessimista e digo que a obra vai custar 4 mil milhões.
O Governo diz, por exemplo, que mete lá do Estado cerca de 10%. Eu vou ser pessimista e vou prever que o Estado vai lá meter, não 10%, mas mais algum, para os acessos e acessórios, digamos ao todo mil milhões de euros (cerca de 25% dos 4 mil milhões que virão dos privados). A obra vai custar ao todo 5 mil milhões, dos quais mil milhões são dos nossos impostos, isto é, do Estado.
A obra vai ser feita em X anos.
Pelas estatísticas dos construtores civis, eles dizem que nessas obras cerca de 40% do preço final da obra vai para impostos. Eu vou ser mais pessimista (sob o ponto de vista do Estado), e vou prever que em vez de 40%, o Estado vai arrecadar apenas 30% em impostos, isto é, 30% dos 4 mil milhões. Sobre os outros mil milhões adiantados pelo Estado também vão recair impostos (IVA, IRS, IRC, imposto sobre combustíveis, descontos para a Segurança Social, etc.). Se admitimos que no somatório dos impostos, eles repesentam 30% do custo total da obra, então temos que o Estado arrecadará, ao longo da obra, 30% de 5 mil milhões, isto é, 1,5 mil milhões.
Conclusão: o Estado meteu lá mil milhões e recebeu 1,5 mil milhões. O Estado ganhou com o negócio 500 milhões.
Quanto à exploração futura, ao Estado basta fazer como faz com a ANA. Entrega isso ao privado que se abalançou a fazer a obra e a explorá-la no futuro (se houver de facto privado interessado, se não houver quites como dantes ). Claro que pode haver prejuizo futuro e o Estado lá terá de acudir ao fogo, pondo dinheiro. Até admito isso. Mas, se o privado arriscou, o risco será mínimo. Mas mesmo que tenha prejuizo futuro, quanto dinheiro não tira o Estado em impostos sobre mil coisas relacionadas com o novo aeroporto (turismo, impostos sobre combustíveis, IVA, IRC e IRS de mil pequenos e grandes negócios ligados ao aeroporto, desde os shopings até aos taxistas, passando por muitas outras actividades)?
O Prof. Marvão Pereira, que não é burro nenhum, de contrário não trabalhava na América, já calculou isso e o lucro para o Estado é praticamente certo."
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Quanto a contas parece que a coisa é boa.
Agora só falta provar que o novo aeroporto é necessário ou inevitável. É isso que o ministro deve fazer.
O tal estudo a que o Portugal Diário "teve acesso" está num site disponível a quem o quiser ver, e tem umas dezenas de páginas a mais do que os excertos que a conta-gotas vão saindo.
A este ritmo, e com os "acessos" do Portugal Diário tão lentos se calhar o melhor era um choque tecnológico que lhes permitisse maior largura de banda.
Ou então se calhar que tal seguir o link... http://www.naer.pt/NAER/PT/index.htm
advertência: isto é só para quem tiver um mínimo de seriedade intelectual; quem já decidiu sem ver não precisa de ir lá.
No endereço URL que deu aparece a primeira página da NAER mas depois nenhum link funciona.
Estarei enganado?
Está de facto enganado ou com problemas na ligação.
Experimente:
http://www.naer.pt/NAER/PT/Historial/EPIA/index.htm
que vai directo ao tal famoso estudo.
Só o "Resumo Não Técnico" tem 32 páginas.
Diga se tiver problemas, que ainda agora saí de lá.
Não percebo as dúvidas porque o ministro e o primeiro ministro já disseram repetidamente que o financiamento será essencialmente privado. Se é a ANA, já privada e com outro dono, que vai fazer a obra ou não, pouco interessa. Ou o governo vende a ANA e o dono da ANA faz a obra se for ela a empresa escolhida, ou não vende a ANA e entrega a obra ao privado interessado que aparecer com a melhor proposta. Nesse caso, a ANA ficaria com os outros aeroportos nacionais, menos esse novo, que seria feito e explorado por outro, privado neste caso.
Isto não tem nada que saber. Basta não termos preconceitos à moda da Loja Limiana. Quer dizer, basta sermos racionais, e não simpatizantes.
Agora o que o governo tem de fazer é provar que a Portela já não serve e que por isso é necessário um novo aeroporto. E dizer qual é a melhor localização e porquê.
O ministro já prometeu fazê-lo. Vamos esperar para ver.
está online há uma quantidade de tempo e parece seir em suaves prestações, parágrafo a parágrafo.
Será algum jornalista que conseguiu meter a treta no editor que "vai tendo acesso" a material "sensível"???
Agora com este novo endereço já consigo navegar. Com o outro não, não sei porquê.
está tudo em pdf.
Obrigada.
O nosso anónimo é crente. O valor da ANA depende da concessão do aeroporto da Portela. Se perder essa concessão e não ganhar a da Ota fica a valer muito menos. Para além disso, o estado não vai querer perder o controlo sobre o principal aeroporto do país pelo que, como no caso do aeroporto de Atenas, o estado vai manter o capital maioritário directa, ou indirectamente através da ANA. O que está anunciado pelo próprio governo é a privatização parcial da ANA com entrada de um privado no capital como accionista minoritário. A tal parceria público-privado de que se fala é uma parceria Estado-ANA. Finalmente, o concessionário da OTA só aceita investir no projecto se tiver o monopólio de todos os aeroportos nacionais, caso contrário, a OTA não tem rentabilidade suficiente. A OTA só interessa como HUB nacional, caso contrário o tráfego não é suficiente para a viabilizar. Para isso o concessionário tem que centralizar as operações de todo o tráfego que voa para Portugal na Ota.
O seu romance é altamente interessante, mas não foi nada disso que ouvi ao primeiro ministro dizer na assembleia da república, nem ao ministro das obras públicas na comissão da AR e no que já escreveu sobre o assunto, nem li isso no PIIP e nem no PEC.
Onde é que se baseia para dizer o que diz, que vai ser assim e assado, se o governo não diz nada disso, o PM também não e o ministro da obras públicas também não? E dizem antes pelo contrário que o financioamento vai ser essencialmente privado, como o provam as verbas (modestas) previstas no PIIP e no PEC, no que respeitam ao aeroporto?
Então acha que o governo ia dizer em Bruxelas que pensa gastar 100 no aeroporto, quando tem o propósito escondido de gastar dez vezes mais? Isso tem algum sentido?
Você até pode ter razão nesse romance, mas diga-nos lá onde foi arranjar esse enredo, quais as fontes, porque o autor do texto que acima transcrevi e que tirei de um forum, com cálculos financeiros, não fala em nada disso.
Ou isso tudo que diz é poeiraça de simpatizante à moda desta Loja?
Finalmente começa a haver algum profissionalismo por parte de quem manda.
Os vossos textos ainda atiram um bocadinho para a chinela,(Ou isso tudo que diz é poeiraça de simpatizante à moda desta Loja?) mas isso com o tempo e alguns retoques passa.
Onde tambem têm que melhorar é na abordagem politica a esta questão.
É evidente que um Primeiro-Ministro que garante, com a mão em cima de qualquer livro sagrado, que não vai aumentar impostos,(quando o ministro das finanças da altura já dizia o contrário), não merece grande confiança.
Quando um primeiro ministro é cumplice com a nomeação de Armando Vara para a administração da CGD, não é digno de grande crédito.
Tudo aquilo que afirma, neste momento, sobre a Ota, merece a credebilidade que ele conquistou, ou seja, muito pouca.
Quanto ao ministro das obras públicas, nem vale a pena perder tempo com o senhor.
Eu nunca falei na OTA, falei no novo aeroporto e sobre o que o governo tem dito.
Temos que nos basear nos documentos oficiais do governo, sejam bons ou maus, porque são esses que conduzem o país, e não opiniões avulsas nem palpites de comentadores. Ou acha que o Orçamento do Estado é um papel sem importância nenhuma?
O primeiro ministro assumiu a falta da promessa eleitoral sobre o não aumento do IVA e justificou a sua decisão, bem ou mal.
O que eu gostava era de ver argumentações racionais contra as opções do governo, e não palha partidária simpatizante.
Infelizmente, se o governo explica mal ou não explica (e até concordo em parte), os que o criticam conseguem ser piores, porque não dizem nada com pés e cabeça.
E olhe que eu não sou socialista, apenas quero o melhor para todos nós, seja qual for o governo.
Eu sei que vocês, com o tempo, vão melhorar.É para isso que são pagos.
Mas têm que sêr melhores.
Vejamos:
Comentador das 12.39, 2.01 e 3.22
"Não percebo as dúvidas porque o ministro e o primeiro ministro já disseram repetidamente que o financiamento será essencialmente privado."
Ao escrever esta frase, estava a pensar em quê? Claro que o primeiro ministro e o ministro das obras públicas estavam a falar da Ota.
Que no seu texto o anonymous se refira à Ota ou não, qual a importância?
Afinal é da Ota que estamos todos a falar, ou não ?
Já agora, da Ota e das operações imobiliárias ligadas à Ota e à Portela.
Já agora, que está tão bem informado, queira ter a bondade de nos explicar, simples batráquios votantes, qual a razão pela qual se está a alargar a rede do metro até ao Aeroporto da Portela, se este é para "abater" ?
Quanto ao "comentador irritado", acredito que ainda esteja a estagiar numa qualquer "central de comunicação".
Mas assim não vai lá. Para não aumentar o número de desempregados, tem que se esforçar um pouco mais.
Ou esse é um texto padrão ?
"Ao escrever esta frase, estava a pensar em quê? Claro que o primeiro ministro e o ministro das obras públicas estavam a falar da Ota."
O que tenho dito é sobre qualquer novo aeroporto. Se o governo fala sobre a OTA ou não, é irrelevante, porque a questão central resume-se a saber se é ou não necessário um novo aeroporto e se for necessário se o financiamento é essencialmente privado ou não.
Qualquer localização do novo aeroporto terá impacto imobiliário e muito outro mais. Como qualquer autoestrada, grande ponte, universidade, etc. Isso é completamente irrelevante para esta discussão e para o interesse do país. Só gente mesquinha é que fica paralisada ao pensar nisso.
"Já agora, que está tão bem informado, queira ter a bondade de nos explicar, simples batráquios votantes, qual a razão pela qual se está a alargar a rede do metro até ao Aeroporto da Portela, se este é para "abater"?"
Se houver novo aeroporto é para daqui a uns dez anos e depois na Portela deve haver outra coisa qualquer, não?
Isso não acrescenta nada à discussão, que no principal é saber se é ou não necessário um novo aeroporto e se o Estado (ou o país) perde ou ganha com o negócio.
Ora você ainda não disse rigorosamente nada de útil sobre esta questão, QUE É A PRINCIPAL E ÚNICA.
O resto é treta para consumo próprio.
"Já agora, que está tão bem informado, queira ter a bondade de nos explicar, simples batráquios votantes, qual a razão pela qual se está a alargar a rede do metro até ao Aeroporto da Portela, se este é para "abater"?"
Se houver novo aeroporto é para daqui a uns dez anos e depois na Portela deve haver outra coisa qualquer, não?
Isso não acrescenta nada à discussão, que no principal é saber se é ou não necessário um novo aeroporto e se o Estado (ou o país) perde ou ganha com o negócio.
A sua argumentação é, no minimo, curiosa.
Ainda não se sabe (segundo a sua tese) SE VAI HAVER, OU NÃO, novo aeroporto.
Na dúvida, constroi-se uma nova rede de metro, e a seguir logo se vê, não é?
Já foram avançadas propostas alternativas a um novo aeroporto, ou ainda não deu por isso?
Montijo, Alverca, Beja, etc.
E as respostas, onde estão ?
Procurar restringir a discussão à construção de um novo aeroporto, é muito curioso.
Mais ainda a sua dúvida sobre a localização.
É para ver se passa ?
Já agora, bom fim de semana.
Por isso, faça como eu, aguarde que o governo se pronuncie detalhadamente sobre este assunto, como aliás prometeu, e não diga mais disparates antes de se informar convenientemente, como eu procuro fazer.
Por favor não contribua mais para a descredibilização da oposição a este governo, porque assim não contribui nada para o progresso do país.
E olhe que eu nem sou socialista, mas sou português e não admito que ninguém insulte os portugueses como alguns fazem neste pasquim de Loja.
Como já foi afirmado o relatório em questão (que na sua versão integral tem mais de 2 centenas de páginas) compara do ponto de vista do impacto ambiental duas localizações: Ota e Rio Frio. Não pretende afirmar a superioridade da Ota sobre a actual localização (Portela).
Ainda sobre as fotografias exibidas no "post". O estudo afirma "Na zona de implantação do NA, a paisagem é dominada por
"Zonas de Utilização Agrícola fora dos Perímetros Florestais" (CORINE
Landcover 2.1.10.) . No entanto, quando se considera uma envolvente de 1
km, passa a ser dominada por "Espaços Florestais Degradados (CORINE
Landcover 3.2.40); quando a área desta envolvente é alargada para 5 km, a
matriz passa a ser constituída por vinhas (CORINE Landcover 2.2.10). Este tipo de ocupação de solo continua a ser dominante quando se consideram as envolventes de 8 km, 10 km, 13 km e 15 km."
A propósito dum outro comentário que afirmava não se ter verificado um aumento significativo do tráfego aéreo. Este estudo (datado de 1999/2000) no capítulo introdutório faz referência às previsões de evolução do tráfego de passageiros da Portela apontando para 9.8 milhões de passageiros por ano em 2005. Ora os dados vindos a público apontam para um tráfego em 2005 de 11 milhões de passageiros. Isto sem contributo significativo das chamadas "low cost".
A oportunidade da decisão de construir o novo aeroporto é susceptível de discussão. O mesmo se pode dizer do local, já que o EPIA não aborda com grande detalhe a vertente técnica da exploração do aeroporto, nomeadamente as possibilidades de futura expansão. Todavia o que tem predominado no debate é a desinformação pura a simples.
O nível do debate sobre este assunto explica bem porque razão estamos "na cauda da Europa". É doloroso ver como numa boa parte das intervenções sobressai uma profunda ignorância, misturada com preguiça mental e uma boa dose de má fé.
Todavia ainda não perdi a esperança de um dia ver os portugueses tomarem o comboio para ir apanhar o avião a ... Badajoz -:)