Juventudes partidárias - Um dos bloqueios democráticos

Era bom que nos momentos complicados para o regime e para a herança futura de um qualquer partido, houvesse mais jovens jotas que se demarcassem, que conseguissem contrariar críticas como a que se segue:

A avaliar pelo carneirismo e pela defesa fanática dos interesses do partido (geralmente justificando pecados com os pecados dos outros partidos!), pertencer a uma jota partidária, hoje, é um dos piores indícios curriculares para quem se queira abalançar numa carreira política.
Ou melhor, deveria ser, mas não é. Para os partidos, não é. Afinal os jotas são a matilha que há-de continuar a comer o rebanho dos eleitores nas gerações vindouras.


A melhor formação que o jota pode, em regra, esperar da sua organização baseia-se numa estranha ideia de políticos profissionais. Uma em que a formação começa com o confronto imediato com a trapaça eleitoral e com o espírito mercantilista ao serviço das vaidades e ambição mesquinhas de cada um. Qualquer vestígio de preocupação na formação cívica, na história política e nacional e no sentido de Estado não passam de breves e raríssimos precalços na carreira de um jota.

Ao jota que me lê empresto um conselho: se tiveres que ser fanático entretem-te com o clube de futebol e poupa esse bem escasso que é a racionalidade e o sentido de cidadania que tanta falta nos faz. Se o que procuras é um tacho, põe-te a pau, mais cedo ou mais tarde levas com ele em cima. O gado unidos jamais será vencido.

Sim, Armando Vara também foi um insigne jota com um longo currículo partidário. O único crime que cometeu foi ter caído nas más graças de Fernando Gomes que lhe lixou a vida denunciando as irregularidades da sua Fundação, em vez de o ter feito aos outros trezentos que também tinham fundações manhosas. Isto é o que se pode ler numa espantosa apologia do "A Voz do Nordeste" (procure "Vara" e chegará ao texto em questão).

(.)

Publicado por Rui MCB 10:54:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    antes do 25,os problemas sociais e políticos debatiam-se, naturalmente, nos grupos de jovens preocupados com a situação do país; os únicos que eram dirigidos por interesses partidários e instruídos nesse sentido, eram os filiados ou simpatizantes do PCP, na clandestinidade, claro.
    mas os assuntos debatiam-se com espírito de partilha e vocação interventiva, sem interesses pessoais imediatistas, na maior parte dos casos.Essa era a verdadeira escola de cidadania. As jotas não passam de escolas de alienação partidária; tenho pena de que os meus filhos que querem integrar um grupo de intervenção não tenham a possibilidade que eu tive de pertencer a um desses grupos,pois não se sentem dispostos a alinhar na carneirada partidária que agora existe,que não deixa as pessoas pensar por si livremente e fazer críticas construtivas,para mal da nossa democracia o que passa a ser também uma forma de alienação da realidade do país. Não haverá alternativa!? teremos que viver na ditadura dos partidos? porque não é possível a sociedade apartidária intervir na vida política?
    mclsilva

Post a Comment