A entronização
quarta-feira, agosto 31, 2005
Se descontarmos a parte em que Soares delicadamente lembrou a Sócrates que, em matéria de consolidação orçamental e financeira, o melhor mesmo é ele estar quietinho, a "declaração solene" da recandidatura não passou de um enorme bocejo. Soares percorreu todas as trivialidades e lugares-comuns que qualquer pessoa de boa-fé subscreve quando pensa na parte "ornamental" do PR. Falou do que "aprendeu" nestes últimos dez anos, cortejou os "jovens" e auto-elogiou-se em matéria de idade. A sua "ideia de e para Portugal", como ele gosta de sublinhar, não aquece nem arrefece ninguém. Soares exibiu-se para um país que vive manifestamente uma realidade bem diferente da tranquilidade colorida exibida pelo candidato. Ou então - o que é mais sério para ele - Soares recusa-se a deixar que a realidade entre na sua simpática e divertida cabeça. Em suma, esta entronização doméstica não passou do tal "ponto de chegada" a que aludi ontem. De qualquer forma, e uma vez mais, bem-vindo, Dr. Soares!
Publicado por João Gonçalves 20:28:00
13 Comments:
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Aquela que ele disse que esteve numa manifestação na rua contra a guerra do Iraque vai levá-lo à vitória.
O povo tem memória e na campanha Soares vai perguntar muitas vezes a Cavaco onde estava nessa altura. Estaria com Durão Barroso, o delfim de Cavaco Silva? Estaria na cimeira dos Açores, com o seu delfim Durão Barroso?
Fez Cavaco Silva alguma coisa para evitar o desastre de Bush e de Durão Barroso nos tempos que antecederam a guerra do Iraque?
Suponhamos que nessa altura Cavaco Silva era presidente da República. O que teria ele feito, iria receber Bush nos Açores e dar o aval de Portugal ao disparate que foi a guerra do Iraque? O que teríamos em troca desse apoio a Bush? Provavelmente o que tiveram Aznar e Blair, terrorismo em casa.
Perceberam, idiotas cavaquistas e portugueses em geral, o que está em jogo na próxima eleição?
Querem terrorismo em casa por uma causa idiota que não nos diz respeito?
Cavaco Silva é autor moral da idiotice de Durão Barroso ao apoiar Bush na guerra do Iraque, porque Durão Barroso era o seu delfim. Não venha agora fingir que se distancia da posição de Durão Barroso quanto à guerra do Iraque, porque os portugueses nada viram dele nessa altura e depois.
Os portugueses não gostam de múmias oportunistas e videirinhas. Gostam de Mário Soares, poque ele enfrenta os toiros quando todos fogem ou ficam calados.
Viva Mário Soares, um dos mais valentes dos portugueses!
Viva Portugal!
Será que também falou do "diálogo" com a Al-Qaeda...?
Será que também falou da Presidência do Parlamento Europeu...?
Tempus fugit... nihil obstat.
Se tivermos terrorismo, é por razões alheias a essas. E vamos tê-lo mais tarde ou mais cedo. Por razões de impacto internacional para "a causa": a destruição do mundo multicultural. De qualquer modo, nessa altura aqui o zézinho é que irá ter de pegar em armas e defender a família dele e a sua, já que nessa altura o anónimo já deve estar no Brasil ou em Cuba ou em... sei lá. Longe!
Alface
PS Chega de lirismo. A tragédia da repetição do suposto pacifismo pré 2a guerra mundial anda por aí outra vez. De mão dada com a idiotice do Bush e da sua facção religiosa extremista que espera o armagedeão.
Animal-político: segundo os comentadores;
Político: para a maioria dos portugueses;
Animal: para Manuel Alegre.
a) Muito maior experiência de Mario Soares, em especial na cena internacional. Se for preciso abrir uma porta em qualquer lado em favor de Portugal, o peso de Soares é muito maior do que o de Cavaco Silva. Mesmo na direita europeia, pesa mais Soares do que Cavaco.
b) Soares tem experiência interna em matéria de crises e de como as ultrapassar. Foi em dois govermos presididos por ele, em 1977/78 e em 1983/85, que o FMI ajudou Portugal a ultrapassar duas graves crises financeiras do país. Cavaco, ao contrário, foi o perdulário nos anos dos seus governos que conduziu o país para o buraco em que estamos. Soares equilibrou as finanças públicas (com a ajuda de Vítor Constâncio, primeiro, e Hernani Lopes, depois), Cavaco desequilibrou-as, por não conseguir conter o apetite dos seus companheiros de partido. Os défices reais (sem receitas extraordinárias) dos anos da governação de Cavaco Silva são pavorosos e foram tão grandes ou superiores aos de hoje, da governação de Durão Barroso e de Santana Lopes.
c) Muitos apoiantes de Cavaco Silva julgam que se ele for eleito poderá encetar reformas do nosso sistema político e administrativo.
Nada mais ilusório, pois quem tem poderes para tal, nos termos Constitucionais, é a Assembleia da República e o Governo e partido(s) que o apoia. Ora, o governo actual é do PS, que tem apoio maioritário na AR. Portanto, se o governo quiser encetar reformas profundas, terá em Mário Soares um interlocutor mais compreensivo do que em Cavaco Silva, pois este pertence a uma família política diferente da do executivo e que nunca esteve para aí virada.
d) O actual governo está a levar a cabo um conjunto de reformas de fundo importantes. Se Cavaco Silva for eleito, por pressão de lobies ligados aos partidos que o apoiam, poderá tender a ceder a essas pressões, acabando por boicotar a acção do governo e da maioria da Assemblea da República. Cavaco Silva, em vez de ser a solução, seria parte do problema. E não se diga que Cavaco Silva não é pessoa para se deixar pressionar porque o seu passado deixa antever exactamente o contrário. Não se deixará pressionar pela oposição nem por comentaristas agressivos, mas é-o pelos seus apaniguados mais espertos, como demonstra o lixo todo de corrupção que se desenvolveu ao longo dos seus mandatos como primeiro ministro, precisamente envolvendo altas figuras do seu partido. Alguém se esquece do que foi o Fundo Social Europeu, entregue a figuras gradas do PSD estrategicamente colocadas em certas empresas e organismos do Estado? Fez na altura Cavaco Silva alguma coisa para evitar essa corrupção?
Soares sim, deu provas de combater a corrupção, tendo criado um Alto Comissariado para o efeito quando foi primeiro ministro pela primeira vez, chefiado por Costa Brás, o qual teve uma acção importante no combate à corrupção.
e) Cavaco Silva é um candidato que divide os portugueses, ao contrário do que querem fazer crer alguns dos seus apoiantes. Cavaco nunca terá boa imagem dentro do mundo do trabalho. Carvalho da Silva e Proença, os dois líderes mais representaivos das duas confederações sindicais estiveram presentes na apresentação da candidatura de Soares. Isto diz muito da simpatia que Soares goza no mundo do trabalho. E Cavaco Silva?
Ora, estando o governo a proceder a reformas profundas, algumas manifestamente impopulares para certos sectores da população, na presidência da república quere-se alguém que tenha uma base social de apoio forte no mundo do trabalho. Neste contexto, é evidente que Soares e Sócrates congregam em ambos essa maior base social de apoio, o que tornará muito mais fácil fazer as refomas de que o país precisa.
Por estas razões principais, as classes médias e uma certa tecnocracia do país, se forem inteligentes, votam em Mário Soares.
Não que Cavaco Silva não seja de per si um homem inteligente e íntegro, mas está rodeado de sanguessugas corporativas que se degladiam entre elas para ver quem apanha o melhor bocado.
Soares pode ter atrás de si poetas, pintores, artistas, escritores, gente de letras e de ciência que mal conhece a tabuada das finanças e da economia. Embora também tenha com ele ilustres economistas e gestores.
Cavaco Silva tem à sua volta duas classes de gente: os revanchistas de antigamente e as sanguessugas insaciáveis. Na sua corte, pouco sobra para gente de bem. O resto, ou são eleitores indiferenciados ou gente que sonha com outro país que nunca existiu nem jamais existirá.
Soares é o realismo político. Já deu provas disso como presidente da república e como combatente contra o descalabro das finanças públicas.
Cavaco é um mito, que falhou mais rotundamente exactamente onde alguns julgam que ele é mais fiável - nas finanças públicas. E não sou eu que o digo, foi o ex-ministro de Cavaco Silva, Miguel Cadilhe.
Sobretudo gostei de ver como aquele nariz aumentava à medida que debitava os costumados lugares comuns e o paleio de chacha com que entretem os basbaques.
Ele e os seus apoiantes esqueceram-se que a Revolução Francesa terminou com os terratenestes.
Ontem dizia: !...é altura de mudar de vida..." "..aos 80 anos nem política partidária, nem cargos políticos..." " ... a minha recandidatura seria um erro brutal..." "...é um não redondo..."
... e aqule rosto nem treme. Com a mesma convicção diz uma coisa e no minuto seguinte a sua contrária...
É arrepinate, este jovem de 80 anos. Não fora o nariz desmesurado e aquela máscara ficaria imperturbável.
Nem a recordação da traição, feita ontem, a Salgado Zenha nem a recordação da traição feita hoje a Manuel Alegre faz piscar aquele olhar frio, mortiço...
é este o rigor do cavaco.
Depois, Cavaco Silva, nos (des)governos que teve, deixou um défice nas contas públicas ainda maior do que o de agora. E quem o diz é Miguel Cadilhe, ex-ministro de Cavaco Silva. Até o acusa de ter sido o pai do MONSTRO.
Em tudo o resto Cavaco Silva perde para Mário Soares, incluindo na célebre farsa da cimeira dos Açores, apadrinhada pelo delfim de Cavaco Silva. E como este aos costumes nada disse nessa altura nem depois (porque também não sabe dizer nada além da tabuada da economia), quer dizer que está de acordo com o que Durão Barroso fez. Ora, para terrorismo em casa a convite de Cavaco Silva por intermédia pessoa(Durão Barroso, seu delfim por ele muito elogiado) bem nos basta o dos incêndios e o que aconteceu em Madrid e em Londres.
É neste aspecto crucial que Mário Soares vai derrotar impiedosamente Cavaco Silva, já que quanto a finanças Soares tem CV governamental muito superior ao de Cavaco Silva. Resumindo, Mário Soares bate Cavaco Silva em tudo. É o que dá a pseudo-virtude do silêncio...