Verdadeiramente espantoso. Finalmente, um texto de Rui Ramos (!) que vale a pena, e dá gosto, ler.

Publicado por Manuel 20:23:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Imagino que lhe tenha dado imenso gosto ler o florescente texto. Mas tem de reconhecer que as duas figuras referenciadas nada tem que ver, quer na substância dos seus comportamentos, quer na dimensão história dos mesmos, pelo que compara-las desta forma é, no minimo, absurdo, para não dizer que se trata de má fé.
    josé said...
    De facto, também não me gusta mucho a comparação, tomando como linha de nodos um suposto branqueamento de imagem à custa de um putativo humanismo.
    Vi os dois filmes e do que vi, o humanista sem fronteiras é o que relata a viagem do Che antes de ser Che.
    Trazer a história da revolução cubana, de inspiração comunista, para colar a um argumento que desfeteia o filme, parece-me desajustado.
    O que o filme retrata é uma maravilha de paisagens de uma América do Sul perdida na memória e nem sequer retrata uma miséria neo realista e com pano de fundo comunista ou em tons vermelhos.
    É certo que se denota uma tendência para apresentar el futuro che, como um adepto da causa dos pobres e desfavorecidos, mas será isso falso?!
    Não me parece, por muito que isso custe a quem quer apresentar o lado diabólico do comunismo, fundindo-o na imagem do Che.
    Daí a profunda miopia com que o dito filme parece ter sido visto por Rui Ramos.

    Quanto ao do Hitler, também me surpreende sempre ler que o filme apresenta o Hitler pelo seu lado mais humano e supostamente o retrata como pessoa normal.
    Ora, a mim, nada disto me parece. O que vejo no filme, interpretado com um ligeiro toque de overacting pelo actor Bruno Ganz, é o Hitler medonho como são todos aqueles que se obstinam numa ideia que pode destruir inapelavelmente vidas e fazenas; cidades e empresas.
    O Hitler do filme é aquele que esperava ver, sem qualquer concessão a um putativo humanismo. Espanta-me como se pode dizer o contrário, partindo do pressuposto que o Hitler seria assim uma espécie de aberração ambulante, a quem só faltaria o rabo escondido e os pés de cascos, para termos o diabo em pessoa. E mesmo assim,haverá por aí quem garanta que o tipo tinha mesmo pés de cascos...
    À custa de tanta propaganda negativa e de tanta imagem distorcida da realidade, é natural que alguém possa considerar-se corajoso só porque ousou apresentar o Hitler a comer uma refeição como qualquer pessoa, a participar em festas de aniversário, em passeios e conversas de gente comum.

    Convém a certa intelegentsia apresentar a monstruosidade como proveniente de monstros e não de pessoas normais, no aspecto e nas maneiras. Faz um certo jeito esconjurar esse medo. Mas não adianta necessariamente nada de novo à realidade, antes a confundirá.
    O Estaline foi seminarista e até ajudou à missa, onde recitou o credo e olhou a hóstia e o cálice com fervor religioso...rebatendo no peito a confissão de pecados.

    A realidade é sempre mais estranha que a ficção, mas parece haver quem prefira esta áquela.

Post a Comment