uma ideia impossível
domingo, julho 03, 2005
Vai grande a balbúrdia, e o país bem pensante treme de pavor. Em Gondomar nem vale a pena fazer sondagens, dizem, o Major já está eleito, em Amarante Ferreira Torres levará a dianteira, em Oeiras Isaltino abana mas poderá ganhar, e em Felgueiras só falta mesmo a santinha da Ladeira lá do sítio - Fátima Felgueiras - regressar do além (-mar) para se candidatar de novo.
Há, sejamos francos, uma grande dose de demagogia e hipocrisia no discurso de muitos dos que hoje se indignam. As originalidades de Avelino há muito que eram conhecidas e isso não impediu há anos que Marcelo - então líder - sem escrupulos, vendesse - literalmente - o Marco ao CDS impedindo o PSD de apresentar uma candidatura alternativa, de igual modo o Dr. Coelho e o PS sabiam há muito da especial productividade de Fátima Felgueiras e mesmo assim a apoiaram nas últimas autárquicas, quanto a Isaltino, bom, é Isaltino e sobre o major a sua antiquissíma e lendária luta contra a ditadura, traficando batatas e assim desestabilizando a economia do estado novo, também não recomendariam grandes voos autárquicos.
E assim se há anos o Major distribuia electrodomésticos, agora o Dr. Avelino sorteia carros (!) entre os comensais dos seus jantares de apoio assim como autógrafos de estrelas da Quinta das Celebridades. Evolução Natural, pura e dura.
Nenhum partido tem escolhido recandidatar ou não (e já em falo em candidatar inicialmente) fulano ou beltrano a esta ou aquela edilidade pela sua particular competência aqui ou ali mas tão somente pela capacidade que este terá de ser (re)conhecido e angariar votos. Os resultados estão à vista e não dizem muito da saúde da nossa peculia democracia.
Admitindo, contudo, que há quem fale a sério, inclusive nas cúpulas partidárias, sobre a necessidade de repor alguma normalidade e até legalidade na vida autárquica haveria que ser consequente.
A luta contra o caciquismo populista, demagógico e fora de lei deve ser um objectivo comum a todos os partidos do arco democrático. Assim, e como não há guerras triangulares e porque há coisas que deveriam estar acima das meras aritméricas partidárias de que está à espera o PS para apoiar Teresa Zambujo (PSD) em Oeiras, de que está à espera o PSD com vista a evitar uma vitória de Ferreira Torres, em Amarante, a apoiar o PS lá (entre o Inferno e o Purgatório prefere-se sempre o purgatório, certo ?) assim como apoiar a candidatura do PS à Câmara de Gondomar, em deterimento da candidatura fantoche engendrada pelo PSD/Porto, sendo que se Fátima Felgueiras de facto se recandidatar nõa se perceberá que o PS não apoie o PSD/Felgueiras, como forma de evitar a reeleição da santinha.
O bom é inimigo do óptimo a ideia acima enunciada seria natural e normal se em Portugal os partidos e a militância pública fossem encarados como algo um bocadinho mais sério e profundo que uma mera questão de foro clubístico. Como não o são, persistirá a ideia - passe o esforço do Dr. Mendes em (tentar) limpar a casa - de que no fundo são todos iguais, sendo que uns são apanhados e outros não.
Publicado por Manuel 19:30:00
Concordo no essencial em tudo o que diz. Contudo, há aqui um detalhe que não posso deixar passar, apesar de o ter lido a zurzir diariamente no Lopes, isso não impediu que nele votasse nas últimas eleições, pois não?
Ou será que os impossíveis só se pedem aos outros?
Gostaria de o ver militar em causas tais como investigar o Mesquita de Braga, o Narciso, aquele de Vila do Conde, que têm em comum o facto de serem PS e não largarem o tacho das respectivas Camaras há dezenas de anos.
Só se preocupa em bater no"ceguinho" e neste caso maioritariamente PSD.