Porque

Hoje é bom dia para o repetir.

Porque a entrevista de hoje ao DN mete nojo, e por várias razões.

Porque proclama a morte das ideologias quem, como é o caso, já as vestiu a todas, como se de casacos se tratassem.

Por isso tudo...

A esquerda carece de uma figura capaz de se debater com dignidade - já para não falar em ganhar - a Cavaco Silva.

Na ausência de António Guterres e António Vitorino, cada qual por seus motivos, a esquerda confronta-se com uma de três possibilidades:

  1. Um candidato digno mas sem possibilidades reais de ganhar - Almeida Santos, Manuel Alegre, entre outros. Em suma, alguém que esteja disposto a candidatar-se e correr, sabendo sempre que não ganhará nunca.

  2. Freitas do Amaral - Sou dos que nunca perdoaria ao PS tal opção. Em 1986 era apenas uma criança em termos políticos mas lembro-me bem da fractura no país, no leve sentimento de inquietude que se sentia em certos meios de esquerda. Lembro-me dos sobretudos verdes usados como um quase uniforme pela falange de apoio do Dr. Freitas do Amaral.

    Lembro-me de ver, na Av. de Roma, as caravanas dos sobretudos e dos casacos de peles preparadas para as comemorações e do alívio que perpassou pelos meus familiares quando os viram, cabisbaixos, retornar a suas casas. Mário Soares tinha derrotado Freitas do Amaral por uma unha negra e contra todas as expectativas. Desde esse dia que sou de esquerda. Porque isso é - também - combater homens como Freitas do Amaral. Independentemente da pele que vistam em dado momento.

  3. Mário Soares - Uma má escolha. Eu sei que não parece, especialmente para quem o ouve falar, mas o senhor tem mais de 80 anos. Será possível exigir-lhe (mais) este sacrificio? Face à opção 2) o velho leão poderá sentir-se tentado a vir a terreiro. Mas é sempre um erro: se ganha, será um Presidente limitado pela sua própria idade, perdendo o estatuto de senador que tem vindo a cultivar desde 1996; se perde, mancha uma carreira política com uma derrota no ocaso da vida.

Em suma, a esquerda não tem como ganhar as presidenciais nem como ganhar com elas seja o que for.

Os anos de convivência entre José Sócrates e Cavaco Silva serão uma realidade em breve.

Espero - ardentemente - estar enganado.

Publicado por irreflexoes 16:04:00  

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    Mas porque raio é que o futuro Presidente tem de sair de um naipe de políticos estafados ? Estes nomes cansam. Julgo que se se aceitar olhar à volta temos mais hipóteses. Uma delas, entre muitas outras, seria a candidatura do ex-banqueiro Santos Silva do BPI. É um homem íntegro, culto, de família que nunca pactuou com o Estado Novo, filho de um advogado do Porto várias vezes preso pela Pide, que construiu uma grande empresa financeira, com prestígio pessoal nacional e internacional, que ideologicamente navega na charneira social-democrata/ socialista, relativamente jovem e de boa saúde
    Anónimo said...
    De todos estes a melhor solução, para o país, será o Cavaco Silva.
    Porque o Freitas seria trágico-cómico. Uma coisa nublosa que só se descobriria tarde de mais.
    Porque os restantes seriam, simplesmente, trágicos.
    Porque o Cavaco Silva é, estruturalmente, um homem de estado e salvaria o Sócrates do PS.
    Cicuta
    Anónimo said...
    Muito boa, essa do Santos Silva.
    O que é pena é , penso eu, só aceita se tiver o apoio prévio do PS. Mas como o PS tem medo de pessoas como este senhor....

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