"africanos e de ucranianos, não de portugueses"
quarta-feira, julho 13, 2005
Lamento, mas não há maneiras simples de colocar a questão - lido o DN de hoje, entre o Dr. Jardim e a Dr.a Ferreira Leite vejo-me forçado a preferir o líder madeirense, esse ao menos mostra o que é e não engana ninguém.
Ensaiando um novo estilo delicodoce, e depois de inúmeros almoços e jantares nos últimos dias, onde foi confidenciando a tudo e todos o seu alegado desencanto com o consulado mendista e o arrependimento pela não candidatura (!) , ao mesmo tempo que arregimenta uma estranha frente de santanistas, arrependidos ou não, menezistas, e outras luminárias do mesmo calibre, a D.ra Ferreira Leite resolveu regressar (?) ao activo e ensaiar um discurso (?) de líder da oposição.
A estratégia até é simples: com uma liderança recente, um partido fracturado, muitas polémicas, é suposto uma cara conhecida, vista como credível, meia dúzia de lugares comuns e uma ou outra ideia forte, associada a um discurso mais grosso, serem suficientes para fazer um golpezito de estado interno mais ou menos asséptico - com o o conluio do grande aparelho, a quem o Dr. Mendes não tem dado cavaco.
Falta legitimidade moral à Dra. Ferreira Leite para falar de muitas matérias, nomeadamente no âmbito económico, e em particular do défice. O défice real passa dos 10%, como ela muito bem sabe, e para isso basta meter ao barulho os buracos de muitas empresas públicas, das autarquias, e outras habilidades que contando para Bruxelas não impedem o dinheiro de se esvair alegremente. As habilidades com a titularização das dívidas fiscais e com o fundo de pensões da CGD estão a ter os lindos resultados que se conhecem (i.e., não é liquido que o Estado não esteja a perder mais agora com os encargos dessas operações do que teria perdido na hora se não as tivesse realizado e assumido então o défice) , isto para não falar em dossiers absolutamente nebulosos, como o energético...
De mais a mais, a Dr.a Ferreira Leite teve inúmeras vezes a sua oportunidade. Não soube ou não quis impor-se a Barroso, não teve coragem de afrontar o Dr. Lopes e evitar a tragédia, e finalmente também não teve coragem de se assumir como alternativa ao Dr. Mendes, a tempo e horas e na altura devida, preferindo estar bem com os deuses e os diabos.
Isto tudo já eram razões suficientes para não levar a Dr.a Ferreira Leite muito a sério, mas há mais. É que uma coisa é o Sr. Alberto da Madeira disparatar, outra, um qualquer fedelho de extrema direita, outra ainda é alguém que se leva a sério, que se apresenta como moderada e sensata, dizer de barato coisas como ...
(Segundo Manuela Ferreira Leite), os milhares de postos de trabalho prometidos por Sócrates, alguns dos quais afectos a este plano de investimento, só irão beneficiar o emprego "de africanos e de ucranianos, não de portugueses".Percebe-se agora a recusa de Ferreira Leite em solidarizar-se com o Dr. Mendes no distanciamento - por exemplo - em relação ao Dr. Jardim. Afinal, ela é uma seguidora do mesmo, já que as suas declarações são tão ou mais graves e insidiosas que as proferidas recentemente na Madeira.
É que o problema não está neste ou naquele trabalho [grandes obras públicas] ser feito maioritariamente por ucranianos ou africanos, ( se os que já cá estão se fossem todos embora o país ficava parado, já que os nossos desempregados (licenciados e burgueses) não gostam de ganhar calos nas mãos), o problema está todo no facto de serem funções que não trazem grande valor acrescentado à economia, i.e., mantêm o pessoal empregado por algum tempo - o da duração dos projectos, injecta dinheiro na economia, mas pouco mais, em suma, não geram conhecimento, motor da nova economia, já que a componente tecnológica vem de fora. As afirmações poderiam até ser desculpadas, noutro contexto, se se pudesse inferir que o plano de Sócrates não reduz substantivamente o desemprego, na premissa de que outros o resolveriam miraculosamente, do dia para a noite. Acontece que até a Dr.a Ferreira Leite sabe que, no âmbito de qualquer upgrade - a sério - da nossa economia e do nosso tecido produtivo, quanto mais complexa e exigente for a qualificação exigida, maiores são as probabilidades de ter de inevitavelmente se recorrer - dadas as necessidades em grande número - a mão-de-obra externa, pela razão pura e simples de que o nosso sistema de ensino tem andado a formar maioritariamente analfabetos funcionais (e preguiçosos).
É esta a verdade pura e dura, uma verdade que a demagogia, a meias com o racismo e o populismo, teimam em não ver.
Publicado por Manuel 17:53:00
Sigo a política e a economia nacional há muito tempo . A dra. M. F. Leite é das poucos políticos nacionais que me merece respeito pele sua integridade ( coisa rara no meio ) .
Discordo pois frontalmente do seu post e sugiro que estude o passado da nossa classe política e pense mais , antes de por nas acções dos outros aquilo que só existe na sua mente .
Atentamente
Factos são factos, e os equivocos, mal-entendidos, meias palavras - para nõa falar em más companhias como o António Preto - já começam a ser enjoativos.
A ironia é que em tempos eu até cheguei a pensar como você, mas ninguém consegue iludir toda a gente, todo o tempo.
Restam poucos. E qualquer dia chegará avez da minha geração. Não quero nem sequer pensar, só de extrapolar a amostra actual da mesma.
Alface
Na segunda feira pegaram ao trabalho o Zé, o Alberto, A carolina e a cátia. Na terça, quarta e quinta foi um ar que se lhes deu...
Na passada Segunda-feira admitimos o Yuri, o Samba Sanhá, a rosineide e a Tatina, que chagam a tempo e horas e trabalham com afinco.
E o salário é 1.5 vezes o salário minimo
-- Porque é que, em cada escrito seu sobre política não põe a bandeira do PS?
Francamente e com o devido respeito, já satura tanto «fundamentalismo».
Poupe-nos.
Não ofenda a nossa inteligência, para não ficar a falar sozinho.
Cumprimentos.
www.os-passaros.blogspot.com
Para além da deselegância do comentário sobre os "africanos e ucranianos", e a manifesta falta de "savoir-faire", o seu currículo tem muito pouco de recomendável.
Regra geral, sempre apreciei o trabalho de Ferreira Leite, gostaria de a ter visto no lugar de Santana Lopes (talvez o governo não tivesse sido tão fugaz), gostaria de a ter visto a concorrer para a liderança do PSD.
Intriga-me a jogatana cada vez menos de bastidores, fora de horas e no lugar errado,
intriga-me uma declaração da índole desta sobre africanos e ucranianos.
João
Agora são grandes apoiantes da "grande noia" mas como já começam a ver que o PSD profundo ainda mexe e a todo o momento vai po-los fora do poder, já começam a estrebuchar.
Vai-se às pernas a pretexto da bola que anda lá por perto.
Se o objectivo era atacar a ideia, os argumentos não são suficientes? É preciso ir directo à perna?
Eu por mim prefiro jogar à bola. E a bola neste caso é perceber se um mega investimento como o aeroporto da Ota é o que de melhor se pode inventar para criar Desenvolvimento e Emprego a longo prazo.
Acredito que não.
Vai ser o maná dos construtores civis e, sim, vai ajudar a novo fluxo imigratório.
Julgamos que andamos a comer almoços de borla, com estas centenas de milhar de imigrantes, mas um dia pagaremos por eles...
E não, não so racista nem xenófobo, acho que as pessoas têm iguais direitos a partir do momento em que trabalham cá.
Só acho que a economia Portuguesa não gera riqueza suficiente para pagar os (devidos) subsídios de desemprego a toda essa gente quando se acabar a "teta" dos fundos comunitários...
E, portanto, devíamos concentrar esforços em investimentos que garantissem emprego a longo prazo e não apenas durante a fase de construção.