Abrupto a trotski
sexta-feira, julho 22, 2005
Torna-se essencial citar o Abrupto, hoje, para copiar o postal sobre a entrevista do Público a Francisco Louçã.
Fica aqui, com a vénia da praxe e... com avisos de precaução, para aqueles que não gostam do Abrupo. Pela minha parte, este postal, aprecio.
LENDO OS JORNAIS: PORQUE É QUE É INÚTIL ENTREVISTAR ASSIM LOUÇÃ
(Transcrito do Público de hoje. Perguntas a bold, respostas de Louçã em itálico, comentários meus (JPP) entre parêntesis rectos)
Pelo que diz concluo que já não é trotskista.
O Trotsky teve um papel fundamental na luta contra o estalinismo, contra a estalinização, contra o que veio a ser o modelo soviético. Não só ele mas muitos outros.
[Não respondeu, o que dá a resposta.]
Ainda se define como trotskista?
Eu nunca me defini como trotskista. Defini-me sempre como marxista.
[Langue de bois. Os maoistas também não diziam que eram maoistas e os estalinistas idem.]
Integrou uma organização trotskista...
[Não “integrou”, dirigiu e não se sabe bem se dirige. Não se percebe porque razão a organização, o PSR, não é nomeada.]
Mas foi uma organização que nunca se definiu como tal, embora, e eu assumo isso por inteiro, o contributo do Trotsky tenha sido fundamental para pensar o socialismo de hoje. Como foi o de outros, como Rosa Luxemburgo ou Gramsci e alguns outros marxistas. A nossa herança é exactamente essa e vivia sempre da mesma forma.
[Langue de bois.]
Entre o Trotsky e a Rosa Luxemburgo há diferenças substanciais...
[Pergunta irrelevante. Seria bom que o leitor soubesse a que diferenças se está a pergunta a referir.]
Com certeza. Mas eu creio que o socialismo aprendeu com essas diferenças.
[Resposta inútil. O que era decisivo nesta conversa fica sempre vago e não nomeado. Trotsky e Rosa Luxemburgo defendiam a violência revolucionária e a versão da Internacional Comunista da revolução e da ditadura do proletariado. Aqui não há diferenças.]
No BE ainda há marxistas-leninistas?
Depende do que quer dizer com o conceito marxista-leninista.
[Esta frase traduzida significa sim.] Há leninistas certamente, há leninistas que são marxistas. Agora o marxismo-leninismo foi entendido muitas vezes como uma representação do estalinismo e isso não há. Como há não marxistas.
Mas o BE como movimento identifica-se com o leninismo?
Não, o BE não tem que se identificar com o leninismo.
[Resposta ambígua, este "não tem que" é mais que dúbio.]
Portanto, não há ideologia única?
Não há nem vai haver. Como sabe, aliás, o BE nasceu e só podia ter nascido assim não por uma fusão ideológica que reinterpretasse o passado, mas por uma definição da agenda política e do programa. O programa constrói-se na luta social, nas alternativas políticas para o país, para a Europa. E foi isso que nos permitiu aprender um nível de política completamente distinto do que a esquerda radical tinha feito em Portugal durante 30 anos. Nós mudámos completamente a capacidade de actuação política e social, tornando-nos uma força política influente
[Fuga em frente, nada é concreto. Um novo conceito aqui se aplica: enguiismo ideológico.]
Publicado por josé 00:41:00
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Há e não há os xistas.
E até há nistas que são simultâneamente nistas e xistas.
Agora parece haver uma nova corrente. Aliás, muito em voga.
A ideólica.
Assim, conforme soprar o vento...
Kalonge