Um país à beira...do fundo !
terça-feira, junho 28, 2005
Não foi o orçamento rectificativo que colocou o país no fundo. Nem tão pouco o orçamento de um governo demissionário que o presidente da república fez questão de aprovar, não fosse a função pública ficar pouco mais de 3 meses sem aumentos, para afinal hoje se perceber, que os funcionários públicos continuam com os aumentos congelados.
É mais difícil elaborar um OER, com a despesa a decorrer, do que partindo do regime de duodécimos. Talvez daí a dificuldade em acertar a despesa.
O problema de Portugal, não é o défice de 4,1 % ou de 3,2 % ou 6,83 %. Para ser sincero para com que lê, o verdadeiro défice do Estado, é superior a 10,0 %. Porque aos 6,83 %, devem somar-se os resultados financeiros negativos das autarquias, resultantes também dos níveis de endividamento, bem como o das empresas estatais ou públicas, que se alimentam por via de empréstimos à banca ou por despesas no PIDDAC, sem de facto consolidarem para efeitos de apuramento do défice.
O problema de Portugal, repito não é a dimensão do défice, que como disse, até se encontra sub-dimensionado, mas sim a forma de Portugal, actuar em 3 importantes vectores, crescendo sustentadamente acima da zona euro, criando emprego, e onde se assista ao mesmo tempo não a uma redução da despesa pública, mas sim a uma qualificação da despesa pública. E esse tem sido um problema de Portugal nos últimos 10 anos.
O peso do Estado na Economia, excessivo como é o nosso caso, não é prejudicial, per si. Ele é prejudicial, porque toda uma máquina improdutiva, assenta e existe, para que a mesma máquina possa existir. Fosse o Estado uma máquina lucrativa, produtiva, e ninguém ousaria em questionar o peso do Estado.
É óbvio que o governo do Eng.º Sócrates tem em conjunto com os seus pares, um trunfo escondido, e que iludirá em Dezembro, a comissão europeia e a opinião pública. Quer no Pacto de Estabilidade levado a Bruxelas, quer no OER, não foi levado em linha de conta actualização do PIB. Sim porque o governo prevê que o PIB cresça 0,8 % em 2005. E este ?lapso?, irá baixar o rácio Défice/PIB, não porque se tenha assistido a uma descida da despesa, mas sim porque o PIB aumentou. Em Dezembro de 2005, a manter-se o crescimento previsto, o défice não será de 6,2 %, mas sim de 5,7%.
O problema, é que nessa altura, a caravana passa, e os cães aplaudem. E nada mudou.
Num plano fiscal, alude o governo à famosa directiva da poupança, à criação de mecanismos para evitar a lavagem de dividendos, mas nos últimos anos, as melhores lavagens de dividendos tiveram o cunho da PT, e no que à directiva da poupança diz respeito, o governo perdeu toda a credibilidade nesta matéria, quando deixou a CGD, abrir uma sucursal em Macau, território fora do âmbito da directiva, e onde portugueses e não só, poderão continuar a depositar o seu dinheiro, como o Estado a continuar a não receber os impostos sobre juros devidos e assim percebemos que o impacto da directiva será...NULO!
Suficiente para assustar? Não porque o problema do país passa ao lado, do acréscimo de 200 Milhões de euros que o OER decidiu entregar a despesas com formação profissional. Num total, gastamos 1,174 mil milhões de euros ano, em formação profissional, e somos conhecidos por ter os trabalhadores menos qualificados. Isto não foi assim apenas em 2004 e agora em 2005. Tem 10 anos. O resultado da política de formação profissional tem servido apenas para enriquecer alguns, e dar um acréscimo aos rendimentos disponíveis dos formandos, sem que daí venha uma verdadeira qualificação para o país.
Quando ali em cima, me referia a qualificação na despesa pública, era por exemplo aqui que queria chegar.
Os sucessivos governos ainda não perceberam, que a captação de investimento directo estrangeiro não surge só porque o país gasta, fortunas em formação profissional, mas sim porque há problemas estruturais, que ninguém quer resolver.
Perante isto, o ministro das obras públicas, entende, ser este o momento de lançar o aeroporto da OTA, apenas e só porque há fortes compromissos imobiliários assumidos, arruinando o resto que ainda falta, por mais duas décadas.
Bem diz Medina Carreira, quando fala, na injustificada necessidade em continuar o Estado a suportar juros bonificados. São 400 milhões de Euros. E as despesas com os gabinetes de ministros da republica da Madeira e dos Açores, acrescidos dos gabinetes dos ministérios que ascendem na sua totalidade a 600 Milhões de Euros?
O orçamento não é o da verdade. E mesmo que rompa com um embuste anterior, não resolve o verdadeiro embuste, a que o país se encontra sujeito.Todos os esforços que temos vindo a ser sujeitos em termos de restrição orçamental, com inerentes custos na economia, conduziram o país onde ?
Publicado por António Duarte 15:25:00
Dantes, no tempo de Marcelo Caetano, havia um sistema de ensino em que se dividia o Secundário em cursos técnicos e de humanidades e ciências.
Nos cursos técnicos, ministrados nas escolas técnicas,- assim eram chamadas- havia os chamados "mestres" que sabiam da poda da mecânica,da electricidade, da carpintaria e das artes de secretariado, contabilidade e ainda incluindo uma coisa qualquer que se chamava "formação feminina" com modas, bordados, e outras artes de cozer & coser.
A verdade é que em cinco anos, quem de lá saía, sabia estenografar; aprendia e sabia as regras do POC; sabia fazer uma assado e um bolo e ainda coser bainhas, para já não falar no conhecimento dos motores de combustão e explosão e na arte de evitar choques eléctricos, arranjando quadros de alta tensão.
Nos liceus, o ensino era outro mas também afincado às humanidades das línguas estrangeiras e da pátria.
Hoje em dia, a formação profissional não resulta porque não há mestres como havia e os alunos querem acima de tudo aprender a receber subsídios, no que são acompanhados por estruturas que se orientam muito bem nesses caminhos. Até a UGT se dedicou à formação profissional...
Hoje estive a ler a Conta Geral do Estado de 2003 (A última disponível) e as despesas dos Gabinetes dos Ministros da Republica do Açores e Madeira nãoi se encontram descriminadas, pelo que não podemos saber para onde vão aqueles milhões.
2.- As escolas industriais foram destruídas em 1975 por um Primeiro-Ministro recentemente falecido que afirmou que elas eram um método de discriminação, porque os pobres que iam para as Industriais, não podiam ser doutores. Hoje, os Pobres continuam a não ir para doutores e não têm onde aprender uma especialização, sendo atirados para o posto de operário não especializado, a receber o salário mínimo