o essencial e o acessório
segunda-feira, junho 20, 2005
O João Morgado Fernandes, em busca de audiências e de uma boa polémica, acha que eu ando a ler os jornais errados.
Espanta-se com o episódio Ascenso Simões e indigna-se com a estranha relação entre a candidatura do PS à Câmara de Oeiras, a do PP à da Câmara de Lisboa e a provedoria da Santa Casa da Misericórdia. Acha até - pasme-se - que eu lhes devia dar importância.
Um e outro são fait divers vulgares, como vulgares são os personagems. Eu percebo que o João se espante com a monumental imbecilidade do secretário de estado (e logo do Dr. António Costa), afinal, em abstracto até simpatiza(va) com eles, e terá tido a sua quota parte de ilusões, mas já não percebo o espanto em relação a Lisboa e à Santa Casa. Os acordos e as pontes entre o CDS/PP e o PS vem de longe (não por acaso Campelo está reabilitado), na lógica de ensandwichar o PSD, e esta convergência convém a todos, ao PS que arranja (ao PP) um candidato forte (?) à direita de Cardona Rodrigues para permitir a Carrilho respirar, a Maria de Belém que vai para a SCML e à própria Nogueira Pinto que sai, descansada não saindo, e deixando lá uma amiga, e outra vez ao PS que fará tudo para uma vitória de Isaltino de modo a embaraçar Mendes.
Em suma absolutamente normal, como é absolutamente normal que se escreva sem risco de desmentido que a recente dança de cadeiras an PJ foi mais c0mplexa que o esperado devido à necessidade de não ferir susceptibilidades no PS e não só...
O que já não me parece nada normal é o absoluto pudor em aclarar uma das histórias mais mal contadas dos últimos tempos - o affair Freeport. Sejamos francos - a coisa tresanda por todos os lados, e o Prof. Marcelo - qual abutre à procura de toda e qualquer oportunidade - já o percebeu.
Convinha é que não se exagerasse, se é que já não se passou inapelavelmente das marcas. Afinal, se no caso Moderna se perorou, e alegou, que a incompetência e má gestão não eram crimes, também aquí ainda se vai alegar que a estupidez ilimitada também o não será, particularmente se, e quando, se tornar ainda mais óbvio que havia muita gente a contar, e a cobrar e a capitalizar, à custa dessa mesma estupidez.
Eu diria mesmo, correndo o risco de falar antes do tempo, que seria muito pouco edificante este governo vir a cair por causa deste episódio, e não, não é pelas razões que se possam pensar.
Publicado por Manuel 15:38:00
1 Comment:
-
- Pedro Sá said...
9:16 da manhã, junho 21, 2005Não subestime a estrutura do PS-Oeiras. É um erro.