O voluntarioso Sampaio

Destemido, e com vontade de se mostrar nestes últimos meses de presidente, talvez na secreta esperança de ser recordado como um activo presidente, Sampaio, iniciou uma presidência aberta destinada à prevenção rodoviária.

Não é que o tema não mereça atenção. Antes pelo contrário. Apesar de os números relativos à sinistralidade apresentarem uma curva descendente nos últimos anos, a verdade é que Portugal continua na frente dos países da União Europeia, onde mais se morre na estrada.

Durante anos a fio, vários foram os culpados para esta situação. Apesar da intervenção do homem na condução ser uma constante e uma variável que ninguém pode prever como reagirá perante determinadas condicionantes, a verdade é que durante anos, culpou-se a estrada, a sinalização, a chuva, o calor, e muito raramente se culpabiliza o homem. Só recentemente os esforços da prevenção rodoviária se viraram de forma eficiente para o facto de uma elevada percentagem dos acidentes de viação surgirem pela intervenção humana. Seja porque chuva e se conduz como se tal não acontecesse. Seja porque há imenso tráfego na auto-estrada, e se tente fazer dela uma pista de corridas privada.

Por aqui já se falou sobre o excesso de velocidade e sobre ele não me vou pronunciar mais, pois é evidente que el e- excesso de velocidade – está na génese da sinistralidade rodoviária.

O problema é que se assiste a um sentimento de impunidade gritante. O condutor que é apanhado com álcool a mais na estrada, no dia seguinte vai buscar o carro à esquadra, e só responde em tribunal meses depois.

Onde estava esse sentimento de revolta que Sampaio, tem apresentado nos últimos dias, quando em plena Av. da Liberdade era ele presidente da Câmara Municipal, e um cabo das iluminações de natal se soltou, ferindo gravemente um motociclista ?

Onde estava a responsabilidade da Cãmara de Lisboa, quando alguém carregou nos semafóros na hora errada, na zona do Campo Grande. Sampaio presidente da Câmara, declinou responsabilidades autárquicas.

Sampaio, teria feito melhor se ficasse calado e sentadinho em Belém. Nesta semana fala da sinistralidade rodoviária, vai para a noite lisboeta acompanhado do super-ministro Costa, com colete e tudo. Faz da prevenção rodoviária uma bandeira e do uso dos tranportes públicos uma luta. Mas esquece-se que foi ele quem inicialmente apresentou a proposta do túnel do Marquês para servir interesses imobiliários na zona da rua Castilho em Lisboa. Os mesmos interesses que ele agora culpabiliza, são os mesmos com ele em tempos colaborou activamente na restauração imobiliária de Lisboa.

Como se não bastasse no final do mandato por forma a ficar eternamente reconhecido pela população portuguesa, há-de pronunciar indultos que irão abranger crimes menores cometidos nas estradas portuguesas.

Uma mão lava a outra ou apenas Sampaio numa forma de comportamento que sempre o acompanhou nestes infelizes 10 anos de mandato. Infelizmente infelizes para nós portugueses.
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Publicado por António Duarte 15:39:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    Tanto quanto me lembra, o problema com o miúdo no Campo Grande aconteceu quando João Soares era Presidente de Câmara.
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    De mais a mais deu imediatamente ao pai um espaço para criar uma fundação além de uma indemnização.
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    Estou errado ?
    António Duarte said...
    Ruben Cunha de seu nome, tinha 14 anos quando estava na hora errada no local errado...uma passadeira.

    Isto passou-se em Julho de 1997.

    A fundação foi ao que parece proposta pela família à Câmara municipal de Lisboa, através de um acordo mediado pelo causídico Joao Nabais.
    Anónimo said...
    Ou seja, era realmente Soares o Presidente de Câmara.
    Anónimo said...
    Eu não votei Sampaio em nenhuma das suasa eleições! Já o conhecia das suas trafulhices de Mes/EXMes,
    Fis/EXFIS, do salto para cima da mesa para ser presidente, da trafulhice de Timor para ganhar as
    eleições, (veja-se o que dá levar marxistas para Timor), aguentar o Guterres até à ultima, correr inconsticionalmente com o Santana!
    Querem mais trafulhices?

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