O Anunciado Fim do Sector Têxtil Português
segunda-feira, maio 02, 2005
O sector têxtil e vestuário representa, para Portugal, uma percentagem nada negligenciável de rendimento e de emprego. No final do ano de 2002, eram 16.000 empresas que empregavam perto de 250.000 pessoas. As últimas estatísticas disponíveis dão conta, que o desemprego aumenta a todo o vapor na indústria do têxtil e do vestuário.
Com a abertura de determinadas barreiras à entrada no espaço comunitário e com a adesão de novos países a leste, mas sobretudo com a aplicação do conceito de globalização, permitindo a entrada de têxteis do gigante chinês, era óbvio que Portugal deixaria de poder competir em termos de custos, com quaisquer dos seus concorrentes. Esta não é uma descoberta recente.
A China, e a quase totalidade dos países de lestes, fazem da mão-de-obra barata, o seu principal argumento. Portugal com honrosas excepções, fazia da mão-de-obra barata e pouco qualificada, a sua bandeira e era com ela que ombreava no comércio internacional do sector têxtil. Acontece que a China tem a mão-de-obra ainda mais barata que Portugal. Os países de Leste por enquanto exportam mão-de-obra como se o espaço comunitário funcionasse como um verdadeiro mercado de factores. Mas não funciona.
E este foi o grande erro de sindicatos, patrões e governos. Não perceber que neste mercado não há concorrência perfeita.
Não tenhamos dúvidas que muitas famílias irão perder os empregos, e que muitas fábricas irão fechar. Porquê?
Há 12 anos que se construiu sobretudo em torno de uma sub-região – Vale do Ave – um cluster de têxtil, que apenas sobreviveu graças aos eternos subsídios que o Estado foi injectando nas empresas. Há 12 anos que se aposta num sector, sem nos tornarmos de facto qualitativamente competitivos, mas quantitativamente dispersos, aproveitando o facto de se dispor de mão-de-obra barata e pouco especializada. Hoje em 2005, apetece perguntar, em que produtos somos de facto especializados e temidos no mundo na área do têxtil?
Que marcas de qualidade construímos?
Quantas associações de confecções com sucesso sobrevivem ainda hoje?
Finalmente, a péssima aplicação de fundos comunitários. Moradias e automóveis topo de gama em vez de maquinaria que inovaria o processo produtivo, levando a que provavelmente alguns trabalhadores fossem dispensados, mas que introduziria competitividade das firmas.
Hoje o sector prova apenas do seu veneno, da incúria dos seus responsáveis, da falta de visão dos empresários, mas o que à partida poderia ser visto como um castigo unicamente imputável aos empresários muitos deles irresponsáveis, é também um castigo às sucessivas governações.
É inadmissível que se tenha apostado em construir um cluster tecnólogico, numa área que toda a Europa se preparava para abandonar, pois visionava que a globalização traria este problema. Apostar sim, mas de forma e em qualidade. Ninguém ouve o dono do grupo Zara - a marca Zara foi proposta a uns empresários do Porto que com medo não avançaram - protestar pela entrada dos produtos chineses na UE.
Paradoxalmente, esta crise, talvez seja o melhor que aconteceu ao sector têxtil português nas últimas décadas. Permitirá a expurgação de empresas que apenas sobrevivem à custa de ajudas, e com isso um natural e benéfico ajustamento do mercado, onde apenas as melhores e por que elas existem, não sobreviverão apenas, mas sim poderão triunfar.
Talvez com esta crise se perceba, finalmente, que o futuro das empresas e do tecido produtivo passa pela qualificação e pela modernização de sectores, onde apenas e só apenas o triunfo, é garante de durabilidade. A menos que o Engº Sócrates e Manuel Pinho com a tesoura e o dedal na mão, decidam prolongar o sofrimento de um sector que já não tem nada para dar, e continue a alimentar as empresas com subsídios. Definitivamente o choque tecnólogico não passa pelo Vale do Ave, e mal seria se passasse.
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A China, e a quase totalidade dos países de lestes, fazem da mão-de-obra barata, o seu principal argumento. Portugal com honrosas excepções, fazia da mão-de-obra barata e pouco qualificada, a sua bandeira e era com ela que ombreava no comércio internacional do sector têxtil. Acontece que a China tem a mão-de-obra ainda mais barata que Portugal. Os países de Leste por enquanto exportam mão-de-obra como se o espaço comunitário funcionasse como um verdadeiro mercado de factores. Mas não funciona.
E este foi o grande erro de sindicatos, patrões e governos. Não perceber que neste mercado não há concorrência perfeita.
Não tenhamos dúvidas que muitas famílias irão perder os empregos, e que muitas fábricas irão fechar. Porquê?
Há 12 anos que se construiu sobretudo em torno de uma sub-região – Vale do Ave – um cluster de têxtil, que apenas sobreviveu graças aos eternos subsídios que o Estado foi injectando nas empresas. Há 12 anos que se aposta num sector, sem nos tornarmos de facto qualitativamente competitivos, mas quantitativamente dispersos, aproveitando o facto de se dispor de mão-de-obra barata e pouco especializada. Hoje em 2005, apetece perguntar, em que produtos somos de facto especializados e temidos no mundo na área do têxtil?
Que marcas de qualidade construímos?
Quantas associações de confecções com sucesso sobrevivem ainda hoje?
Finalmente, a péssima aplicação de fundos comunitários. Moradias e automóveis topo de gama em vez de maquinaria que inovaria o processo produtivo, levando a que provavelmente alguns trabalhadores fossem dispensados, mas que introduziria competitividade das firmas.
Hoje o sector prova apenas do seu veneno, da incúria dos seus responsáveis, da falta de visão dos empresários, mas o que à partida poderia ser visto como um castigo unicamente imputável aos empresários muitos deles irresponsáveis, é também um castigo às sucessivas governações.
É inadmissível que se tenha apostado em construir um cluster tecnólogico, numa área que toda a Europa se preparava para abandonar, pois visionava que a globalização traria este problema. Apostar sim, mas de forma e em qualidade. Ninguém ouve o dono do grupo Zara - a marca Zara foi proposta a uns empresários do Porto que com medo não avançaram - protestar pela entrada dos produtos chineses na UE.
Paradoxalmente, esta crise, talvez seja o melhor que aconteceu ao sector têxtil português nas últimas décadas. Permitirá a expurgação de empresas que apenas sobrevivem à custa de ajudas, e com isso um natural e benéfico ajustamento do mercado, onde apenas as melhores e por que elas existem, não sobreviverão apenas, mas sim poderão triunfar.
Talvez com esta crise se perceba, finalmente, que o futuro das empresas e do tecido produtivo passa pela qualificação e pela modernização de sectores, onde apenas e só apenas o triunfo, é garante de durabilidade. A menos que o Engº Sócrates e Manuel Pinho com a tesoura e o dedal na mão, decidam prolongar o sofrimento de um sector que já não tem nada para dar, e continue a alimentar as empresas com subsídios. Definitivamente o choque tecnólogico não passa pelo Vale do Ave, e mal seria se passasse.
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Publicado por António Duarte 16:34:00
1 Comment:
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europeu, pois è essa menina que foi a mais gastou dinheiro no Vale do Ave, quando a apanharem el Lisboa, peçam para que ela explique as aldrbices que fazia,
com o bom sentido de salvar o Vale do Ave.......