editorial
segunda-feira, maio 23, 2005
Pode parecer humor negro, mas não se percebe, vivessemos nós num país normal, porque é que Jorge Sampaio e Vitor Constâncio ainda não pediram a demissão, conhecidos que são os valores do défice. Jorge Sampaio porque como PR sempre relativizou o combate ao défice, nas raras e tímidas vezes em que foi tentado, dando cobertura objectiva a um discurso facilitista e relaxado, e Vitor Constâncio, por incompetência pura e dura, pela razão simples de que é inadmissível que algo como o BP não tenha pelo menos a nivel macroscópico (não diga ir às centésimas) instrumentos que lhe permitam a todo e qualquer momento ter uma ideia minimamente exacta do estado das contas públicas.
É fácil, agora, culpar o Dr. Lopes, o Dr. Bagão, a Dr.a Ferreira Leite ou o Dr. Durão, como é fácil culpar-se o Eng. Guterres antes deles. O problema, e aqui estamos bem à vontade porque o fizemos na hora, é que tudo isto era absolutamente previsível, como o era o absoluto descalabro agravado pelo pior OE pós PREC, o de 2005, contudo aprovado por Jorge Sampaio, e do qual o PS não teve a coragem de exigir a revogação.
Falta ao PS legitimidade, que não lata, para poder clamar espantado "Surpresa", resta saber se também falta, e pelas amostras dadas pelo PM/sombra, Jorge Coelho, tudo indica que falta, um mínimo de descernimento quer permita fazer, finalmente, o que tem que ser feito.
São todos culpados, sem excepção. Uns por acção, porque estiveram no poder, outros porque na oposição nada fizeram, nada, para exigir as reformas que agora terão, ou teriam de fazer.
Entretanto dizem-me que o aumento de impostos é inevitável, contraponho em alternativa, a título de exemplo, com um corte drástico nas grandes obras públicas, muitas de urgência e utilidades duvidosas, e logo me perguntam como é que eu queria que no futuro se pagassem certas campanhas eleitorais. Parece não ter nada a ver com o défice, ou com a crise, mas tem tudo a ver.
Enquanto não se restaurar a operacionalidade, e credibilidade, do nosso sistema político, enquanto não houver transparência e accountability não se chega a lado nenhum. Infelizmente parece que há por aí muita alminha - quase todas - que ainda não percebeu que a presente crise das finanças públicas é - só e apenas - subsidiária e reflexo da crise do sistema político e que enquanto não se reformar este não há remédio para a crise, por definição. Tão simples quanto isso.
Faltam 5 dias para mais um aniversário do 28 de Maio. Infelizmente já ninguém sabe o que essa data representa, nem porque ocorreu, pelo menos até a TVE se lembrar de dedicar um ou outro documentário ao assunto. A história repete-se sempre duas vezes, a primeira enquanto tragédia, a segunda como farsa... Será que não temos mesmo emenda ? Será mesmo ?
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Publicado por Manuel 21:27:00
Ninguém tem mão neste país. Cada vez mais américo-latinizado.
Tal comparação só tem validade num ponto: total incapacidade das élites da época, como no presente, em assumir as suas responsabilidades no esbulho e alienação dos bens públicos, e recusa na liderança dum projecto de desenvolvimento colectivo e nacional.
Ass. Maria da Fonte II
já vamos na segunda...
Porque não comenta antes o facto de o governo anterior ter sido obrigado a aprovar um orçamento que toda a gente já dizia ser virtualmente virtual?
Olhe que não andamos todos a dormir.
6.83% estão bem acordados e sabem que não vamos lá com revolução...