Choque tecnológico

Os directores dos museus portugueses queixam-se da falta de verba para contratar vigilantes paras as várias alas dos seus museus. Pessoalmente, nunca percebi porque razão não substituem as guardarias dos museus por modernos sistemas de vigilância, que por sua vez poderiam ser controlados a partir de uma única sala, não necessitando por isso de tantos funcionários. Podem vir-me com muitas justificações, acontece que tecnicamente tal não é impossível e não me venham com a teoria de que o guarda dissuade mais do que um bom sistema de vídeo - vigilância. Basta olhar para o físico empedernido e cara de quem está a fazer o maior frete dos desgraçados que têm esta profissão (e todos vão acabar por ficar assim) para perceber que se alguma coisa de mal tiver de acontecer, acontece.

Dir-me-ão que é assim em qualquer parte do mundo. Confirmo, desde o Metropolitan de NY até ao museu de Pérgamo em Berlim (este vale a pena visitar também pela experiência de ver em cativeiro antigos funcionários públicos da ex RDA) vejo vigilantes em todas as salas, às vezes mais do que um. O que está, porém, ainda por demonstrar é que não é possível resolver o problema com a ajuda da tecnologia.
.

Publicado por contra-baixo 13:35:00  

7 Comments:

  1. Anónimo said...
    Mas qual tecnologia? a esperta da ministra da cultura, parece que não sabe que tem funcionarios publicos, que passam o dia sem fazer nada, até estão habituados!
    Como tem a lata de falar em contratados? será que esta cavalheira, julga que o dinheiro è para atirar pela janela?, como anda
    a fazer no POrto?
    contra-baixo said...
    Caro anónimo,

    Funcionários públicos ou contratados, naquelas funções, fazem exactamente o mesmo: estar lá!
    A questão aqui é como substituir pelo menos uma boa parte deles com o recurso a modernas tecnologias.
    Anónimo said...
    Carissimos,
    Dotar a vigilância das galerias dos nossos museus com sistemas de video, seria de facto um "choque tecnológico", mas antes seria necessário fazer "xeque mate" às contas públicas dotando-as de verbas para tal. Para finalizar ficariamos todos em "estado de choque" quando nos confrontasse-mos com o resultado - Seg.Social a pagar subsídios de desemprego e as gerações vindouras a pagar a factura do "choque tecnológico". Na minha modesta e humilde opinião, o que o país precisa é de um "choque ideológico" com a consequente definição de uma hierarquia de prioridades. Com tanto choque (2002:fiscal;2005:tecnológico) ainda vamos acabar electrocotados...
    Ass: @nonymu
    zazie said...
    se querem falar a sério a questão não são só os guardas mas até o pessoal técnico ou de informação que trabalha em museus. E caso não se esteja a par, em Inglaterra a maior parte desse trabalho é feita praticamente à borla de acordo com o velho espírito de commitment
    Anónimo said...
    Zazie
    Estamos a falar de pessoas. Pessoas que precisam de recursos para seu sustento. Sustento esse que se paga e bem. Não se consta que o que os "tubarões" (fornecedores de bens e serviços de satisfão das necessidades sócio-económicas da população) da nossa praça laborem num espirito de commitment.
    Ass: @nonymu
    contra-baixo said...
    Zazie:

    O commitment cá tem o nome de trabalho voluntário e até tem umas leis que o regulam. A volta deste, há de tudo, desde o verdadeiro voluntariado tipo ligas de amigos dos hospitais e Banco Alimentar, até outras formas sofisticadas que quase que o aproximam do "trabalho escravo", este habitualmente praticado por serviços do Estado e big(s) empresas, sob a égide do “estágio profissional”. Um dia destes, se tiver pachorra para "googlar" acerca, dedico uma posta ao assunto.
    zazie said...
    ok, então depois conta a história.
    O que eu disse do exemplo inglês é por conhecimento de facto.
    É óbvio que toda a gente come eheh mas por lá há quem se ofereça para trabalhar umas horas em museus. E outros que trabalham ganham pouquíssimo e no entanto aquilo funciona. Os profs também são muito mal pagos e ensino funciona...
    c'est la vie.
    Há quem tenha dinheiro por outras vias e goste de fazer trabalho de graça.

    Na verdade, sempre que me lembro da quantidade de pessoal do Museu Nacional de Arte Antiga... e ainda assim a biblioteca está para começar a funcionar há quantos anos?
    E o belíssimo museu de Etnologia que está sempre às moscas e que raras pessoas conhecem...

Post a Comment