O Papa e os media

Uma semana...

Desde que tenho memória não me ocorre nenhum evento tão arrebatador dos media quanto este da morte do Pápa. Recordo-me de Chernobyl, da queda do muro de Berlim, o fim do Apartheid, a Guerra no Iraque I e II, o conflito nos Balcãs, o terramoto no Sudoeste Asiático, os mundiais e europeus de futebol...

Em muitos aspectos deixei de ter informação ao longo desta semana.

A incapacidade para encontrar um espaço digno para a informação, para toda a informação, conciliando o que se oferece como notícia, voltou a manifestar-se nos meios de comunicação generalistas nacionais.

Há um ideal de órgão de comunicação cada vez mais utópico.

Hoje, por cá, só há uma forma de dar notícias. O serviço público, por exemplo, envergonha-me. A grande RTP repete dia após dias sucessivos tiros no pé revelando-se incapaz de lidar com o acontecimento ao nível informativo.
Em termos globais, a sobriedade é uma doença há muito extinta pelo espectáculo.
Olhai a evidência de novo.

Na agenda-blogue podemos escrever: a morte do papa converteu-se no maior evento propagandístico singular da história recente da Humanidade. Mas propagandístico do quê?
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Publicado por Rui MCB 12:38:00  

7 Comments:

  1. Anónimo said...
    Aproveitem para fazer uma desintoxicação. Pela parte que me toca, há uma semana que não vejo noticiários. Inicialmente senti alguma estranheza, mas agora sinto-me mais leve. Deixei, inclusivamente, de ouvir rádio.
    É mais fácil e mais compensador que deixar de fumar (acreditem, que eu já passei pelas duas experiências).
    Anónimo said...
    Aproveitem para fazer uma desintoxicação. Pela parte que me toca, há uma semana que não vejo noticiários. Inicialmente senti alguma estranheza, mas agora sinto-me mais leve. Deixei, inclusivamente, de ouvir rádio.
    É mais fácil e mais compensador que deixar de fumar (acreditem, que eu já passei pelas duas experiências).
    Anónimo said...
    Os media e os seus donos, são mesmo estupidos e ditadores!
    Morre um papa e o cidadão que não professa aquela relegião ou está interessadp noutros factos, quer se estão a passar no mundo, fica obediente aquela seita, se não fechar a televisão!
    O Socrates devia aprender que nos paise nordicos, não è assim.......
    zazie said...
    Já experimentaste fazer zapping para canais estrangeiros?

    Era uma boa ideia. E outra ainda melhor perguntares a ti próprio a diferença que vai do mercado televisivo ao evento propagandístico. Por outra razão- nada se converteu, a comoção e solenidade e honras destes acontecimentos também são património da humanidade. A diferença é que no passado não havia tv.

    Quanto a propaganda usa-se sempre no intervalo.
    Anónimo said...
    Entristece-me a tónica posta no mensageiro e na superestrutura que o sustenta e o quasi esquecimento do Verbo que eles evocam: Cristo figura histórica e figura mítica, e as Suas obras.
    Quando entronizamos os mediadores e os significados, seguramente "desprezamos" os significantes e talvez percamos o contacto com o nosso interlocutor divino, que só por Si se basta, para se afirmar como tal.
    Que dizer da reclamada canonização imediata: a proliferação de ícones saturará o ambiente!! Como reagiria Cristo a tudo isto?!

    Maria da Fonte II
    Rui MCB said...
    Zazie,
    na BBC World re-emitiram na integra a cerimónia de hoje. Lá se vai o paradigma do serviço público neste aspecto.
    Ao sexto dia achei que era demais, pus-me a perguntar onde está a especialização de tarefas que tanto dizem ter contribuido para o avanço da humanidade. Arranjem um canal especializado e ponham lá a religião 24 sobre 24 horas. Num canal generalista e, particularmente num serviço público de um estado que como tal é laico, parece-me que se passaram as marcas. Não digo que não se falasse, que não se noticiasse mas o que vemos é mesmo de desligar o aparelho. Seis dias em maratona?! A morte. As reacções. Uma (apenas uma) reportagem diária no telejornal (que notícias havia a dar?) e o funeral, com maior destaque, naturalmente. Não foi isto que vimos, mas o absurdo de inventar notícia para que se falasse do mesmo, sem um pingo de consideração pelo compormisso de noticiar - acabaram-se as notícias nesta semana? Até católicos torcem o nariz ao que vêem na TV, desconfiados de conversões jornalísticas tão repentinas. Enfim!
    Bom fim de semana a todos.
    zazie said...
    rui,

    uma vizinha minha que costuma queixar-se do mesmo em época de campeonato de futebol dizia-me hoje que a ainda assim não tem faltado a novela.

    Olha, eu cá confesso-te uma coisa- não sei, estou sem tv há um tempo. Mas não me sinto menos informada por isso...

    ";O)

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