O Papa e os media
sexta-feira, abril 08, 2005
Uma semana...
Desde que tenho memória não me ocorre nenhum evento tão arrebatador dos media quanto este da morte do Pápa. Recordo-me de Chernobyl, da queda do muro de Berlim, o fim do Apartheid, a Guerra no Iraque I e II, o conflito nos Balcãs, o terramoto no Sudoeste Asiático, os mundiais e europeus de futebol...
Em muitos aspectos deixei de ter informação ao longo desta semana.
A incapacidade para encontrar um espaço digno para a informação, para toda a informação, conciliando o que se oferece como notícia, voltou a manifestar-se nos meios de comunicação generalistas nacionais.
Há um ideal de órgão de comunicação cada vez mais utópico.
Hoje, por cá, só há uma forma de dar notícias. O serviço público, por exemplo, envergonha-me. A grande RTP repete dia após dias sucessivos tiros no pé revelando-se incapaz de lidar com o acontecimento ao nível informativo.
Em termos globais, a sobriedade é uma doença há muito extinta pelo espectáculo. Olhai a evidência de novo.
Na agenda-blogue podemos escrever: a morte do papa converteu-se no maior evento propagandístico singular da história recente da Humanidade. Mas propagandístico do quê?
.
Publicado por Rui MCB 12:38:00
É mais fácil e mais compensador que deixar de fumar (acreditem, que eu já passei pelas duas experiências).
É mais fácil e mais compensador que deixar de fumar (acreditem, que eu já passei pelas duas experiências).
Morre um papa e o cidadão que não professa aquela relegião ou está interessadp noutros factos, quer se estão a passar no mundo, fica obediente aquela seita, se não fechar a televisão!
O Socrates devia aprender que nos paise nordicos, não è assim.......
Era uma boa ideia. E outra ainda melhor perguntares a ti próprio a diferença que vai do mercado televisivo ao evento propagandístico. Por outra razão- nada se converteu, a comoção e solenidade e honras destes acontecimentos também são património da humanidade. A diferença é que no passado não havia tv.
Quanto a propaganda usa-se sempre no intervalo.
Quando entronizamos os mediadores e os significados, seguramente "desprezamos" os significantes e talvez percamos o contacto com o nosso interlocutor divino, que só por Si se basta, para se afirmar como tal.
Que dizer da reclamada canonização imediata: a proliferação de ícones saturará o ambiente!! Como reagiria Cristo a tudo isto?!
Maria da Fonte II
na BBC World re-emitiram na integra a cerimónia de hoje. Lá se vai o paradigma do serviço público neste aspecto.
Ao sexto dia achei que era demais, pus-me a perguntar onde está a especialização de tarefas que tanto dizem ter contribuido para o avanço da humanidade. Arranjem um canal especializado e ponham lá a religião 24 sobre 24 horas. Num canal generalista e, particularmente num serviço público de um estado que como tal é laico, parece-me que se passaram as marcas. Não digo que não se falasse, que não se noticiasse mas o que vemos é mesmo de desligar o aparelho. Seis dias em maratona?! A morte. As reacções. Uma (apenas uma) reportagem diária no telejornal (que notícias havia a dar?) e o funeral, com maior destaque, naturalmente. Não foi isto que vimos, mas o absurdo de inventar notícia para que se falasse do mesmo, sem um pingo de consideração pelo compormisso de noticiar - acabaram-se as notícias nesta semana? Até católicos torcem o nariz ao que vêem na TV, desconfiados de conversões jornalísticas tão repentinas. Enfim!
Bom fim de semana a todos.
uma vizinha minha que costuma queixar-se do mesmo em época de campeonato de futebol dizia-me hoje que a ainda assim não tem faltado a novela.
Olha, eu cá confesso-te uma coisa- não sei, estou sem tv há um tempo. Mas não me sinto menos informada por isso...
";O)