A ideologia económica de Menezes

No congresso do PSD, que terminou domingo em Pombal, Luís Filipe Menezes apresentou a solução para o problema do desemprego na economia portuguesa. Certamente todos escutaram com atenção, o que o pretenso novo Messias do PSD, traria na algibeira.

Actualmente o Estado Português suporta o diferencial nas refeições escolares. Um terço pago pelo contribuinte e os remanescentes dois terços pago pelo erário público. Tendo em conta que cada refeição escolar custa na sua globalidade 3,5 Euros, e que são fornecidas 300.000 refeições diariamente, a proposta de Luís Filipe Menezes consistia...

  1. Aplicação da máxima à letra... Não há almoços grátis. O contribuinte pagaria a totalidade da refeição.
  2. A Receita apurada seria ao final de cada ano, de 231 Milhões de Euros.
  3. Através de um princípio (?) orçamental designado “consignação de receitas, Menezes contrataria 20.000 novos professores para o ensino básico, e estava assim conseguido o milagre da multiplicação.

A ideia até poderia fazer sentido. Não fossem as refeições terem um custo, e Menezes ter-se esquecido delas. Deduzido o custo das refeições escolares, a receita apurada anualmente cifra-se nos 160 Milhões de Euros.

A ideia até poderia fazer algum nexo. Não fosse o simples facto de existirem 18.000 professores colocados sem qualquer função educativa. O que Menezes pretendia grosso modo, seria engrossar a lista de professores não colocados no ínicio de cada ano lectivo para 38.000 ?

Não estivesse Portugal a lutar com um problema de redução, repito, redução da despesa pública e não de expansão da mesma, e até que Menezes merecia algum crédito, pouco, mas algum. Um dos maiores problemas de Portugal reside exactamente na qualidade dos gastos públicos em termos de educação. Portugal gasta 5 % do seu PIB em despesas de educação. Gasta relativamente o mesmo que alguns países da OCDE, com níveis de desenvolvimento económico superiores.

São infelizmente conhecidos os resultados, da aplicação da despesa pública em educação. É um facto que melhor educação requer mais investimento, mas acima de tudo melhor investimento.

E alguém no seu perfeito juízo, conseguirá vislumbrar que esta seja uma solução que traga melhor investimento ?

Alguém verá nesta solução, a resolução do problema do emprego na economia portuguesa ?

Menezes mostrou no sábado em Pombal o quanto percebe de economia, e o quanto decifra os verdadeiros problemas da economia portuguesa. Infelizmente 45% dos delegados ao congresso têm precisamente a mesma ideia.
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Publicado por António Duarte 13:11:00  

8 Comments:

  1. Anónimo said...
    Desde há alguns anos, a nova classe jornalística, semi-analfabeta, passou a dizer «no Pombal» em vez de dizer «em Pombal».

    Não é preciso ser gramático nem viver na região para saber que se deve dizer «em Pombal».

    Basta a péssima sonoridade da expressão. «No Pombal» soa a «na capoeira» ou já agora «no curral»...

    Desculpe o Venerável esta correcção.

    Mas, apesar de não ser pombalense, arrepio-me e indigno-me quando oiço dizer «no Pombal»...

    Já agora, por que não dizem «Marquês do Pombal» em vez de «Marquês de Pombal»?...

    MR
    António Duarte said...
    Caríssimo MR

    De facto um erro.

    Corrigido.
    contra-baixo said...
    Venerável António:

    Atendendo à "ave" em questão não era de todo inadequada a menção ao pombal em vez de a Pombal.
    Anónimo said...
    Meu caro António,
    permita-me que o rectifique. Não há 18.000 professores do 1.º ciclo sem funções lectivas atribuídas. O número real representa 18% do total de professores do 1.º ciclo que estão muito áquem dos 100.000. Houve confusão entre número absoluto e valor relativo. Um abraço
    Anónimo said...
    Por uma questão de rigor. estamos a falar de 6052 professores do 1.º ciclo sem funções lectivas atribuídas, num total de 32.834, considerando apenas o ensino público para o ano de 2003-2004. O que dá 18,9%. Para todos os efeitos, a substância da crítica à solução Menezes tem toda a razão. O problema de Menezes é que pensa tudo à escala de Vila Nova de Gaia e não conhece o resto do País.
    Luís Bonifácio said...
    Po redução ao absurdo:
    Se Portugal tem um déficit de 5%. A manter-se o mesmo nível de cobrança, basta reduzir a despesa em todos os itens do orçamento em 5%.
    ~Se isto fosse assim tão fácil acho que esta medida já teria sido tomada.
    António Duarte said...
    Caro LB...

    Para que se tenha a noção do ridículo que representa a proposta de Menezes :

    A promoção automática de carreira foi responsavél pelo aumento do orçamento de Estado na educação em 2004 de ...3,00 %.
    Anónimo said...
    Venerável António

    A minha referência relativamente violenta a uma certa geração de jornalistas, que produz reiteradas barbaridades linguísticas, não o visava a Si.

    Sucede que se tornou tão comum na rádio e televisão dizer «no Pombal» em vez de «em Pombal» que muita gente foi sendo contagiada.

    Eu nem sei a profissão do António. Suponho que seja economista.

    Já agora, vem a talhe de foice, o topónimo "Florida" que nas televisões e rádios os jornalistas pronunciam "Flórida" quando deveriam pronunciar "Flurida". Ainda recentemente Ana Sousa Dias e Marcelo Rebelo de Sousa disseram essa barbaridade...

    Quanto ao mais, erros todos damos.

    Saudações cordiais
    MR

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