um país de brandos costumes...
sábado, março 05, 2005
Portugal é um país de brandos costumes. Uns podem, outros não, uns tem que cumprir, outros só às vezes. A revelação de que o vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, comemorou em alegre farra a vitória do Partido Socialista numa sede distrital deste pode parecer menor mas não é. Não o é porque o que parece é. E o que parece é que é inexplicável que o responsável máximo pelo orgão disciplinador dos juizes portugueses, o orgão que de quando em vez pune os magistrados judiciais quando estes violam o sacrossanto dever de reserva, acha afinal que as regras que ele jurou cumprir e aplicar afinal não se aplicam a ele. O desembargador António Cardoso dos Santos Bernardino podia ter admitido ingenuidade, podia ter admitido que errou, que foi ingénuo e imprudente, mas não, com arrogância, haverá outro nome?, fugiu para a frente. Não se passou nada, diz ele. Foi apenas a uma festa, privada, do PS, mas que diriam os arautos da moral do regime se, por exemplo e por absurdo, o Dr. Souto Moura, esse mesmo, alguma vez tivesse posto os pés numa qualquer sede do PSD, ou doutro partido qualquer, de cochecol em riste ? Tolerariam as esfarrapadas explicações dadas pelo hoje vice-presidente do CSM ? Acha-las-iam lícitas e suficientes ? Ou será que os direitos do desembargador António Cardoso dos Santos Bernardino são diferentes dos dos outros magistrados, ou melhor, será que os direitos dos magistrados simpatizantes públicos e declarados do Partido Socialista são diferentes dos dos restantes membros da classe? A questão, o problema, é só e apenas essa. À mulher de César não basta ser séria diz o ditado. Ao desembargador António Cardoso dos Santos Bernardino não basta dizer que não se passou nada, bastar-lhe-ia, isso sim, pedir, ele próprio, ao CSM, a abertura de inquérito a sí mesmo, à sua conduta, assim como resignar do lugar para que foi eleito. Por uma questão de dignidade, dele próprio, e de toda a magistratura portuguesa.
Publicado por Manuel 19:53:00
Óbvio que o Conselheiro ia a passar pela rua e o terno cachecol poisou-lhe na goela enregelada assim lhe protegendo os amigos, as gripes e a catarreira teimosa sempre a pedir o tal “choque ético”.
Mas a verdade é que o tempo (o tal que vai turvo) é uma entidade incorpórea, interior, só encarnável no homem, essa besta intelectual que acaba por dar forma, substância e cheiro ao tempo: O tempo de Verão e o cio da terra com as primeiras chuvas penetrando a terra dolorosa, mesmo gemendo na agonia do desmando carnal.
Nesses instantes bravios conheço cachecóis que saltitam e outros que se cravam como vampiros nos “Róseos” pescoços de Conselheiros, se enrolam no prodígio seminal nas viçosas carnes das moçoilas e outros, mais intrépidos, que nas festanças dos partidos políticos dão cor à alegria e a essa unidade que tudo embrulha que é o tempo.
Claro que, como refere o Sr. Conselheiro, o dito cachecol voou grácil das mão dum amigo, ou da mulher do amigo, que por sua vez é sobretudo amiga da mulher do Conselheiro que ali passou por acaso em fuga assustada da perseguição que o Capuchinho Vermelho, com chispas nos olhos e fogo no rabo, lhe movia.
Coitado do Conselheiro. Coitado do Conselho de que é Vice-Chefe.
Serve este arrazoado para dizer do choque “tecnológico” pleno de rosas bravias, “Pura Selva”( PS) sem estradas ou caminhos onde o “Homo Pura Selva” – aliás em tudo semelhante a outros “Omos” feitos detergente televisivo de todas as cores do arco-íris do prisma político português.
Que dizer da espantosa justificação do ingrato Conselheiro que assim deixou, repentinamente, sem abrigo o desprotegido cachecol. Que fez o singelo Conselheiro da rosa ? Só imagino uma atitude de Conselheiro e de Cavaleiro : Comeu-a para evitar cair nas mão façanhudas do inimigo. Sim. Se tiver estômago só lhe resta essa saída: Comer a “Rosa”.
O Caso é sério. É mesmo dramático: Basta atentar nas palavras de outro Cavaleiro, esse, sim, Desembargador (Não. Não é O Orlando Afonso. É mais um “Orlando Furioso”- perdoa-me Ariosto, meu Velho Amigo ) Presidente da Sindicata dos Juízes Portugueses, Batista Coelho, “ que não se pronuncia … que os Juízes não são politicamente capados.. . que a norma legal é par ler com habilidade, etc, etc. Meu Deus onde chega o despautério.
Estes rapazes – vou ser rude – enojam. São todos fabricados e formatados na mesma matriz corporativa, cujo princípio, meio e fim é o umbigo da casta ou do membro da seita.
Tem razão caro José.
Tem absoluta razão caro Manuel
E tem razão o ilustre anónimo que ontem, no post, “Justiça” trouxe a indignação da sua consciência.
Nada ficará como dantes. Os tribunais serão “cachecóis Singulares” para os simples cidadãos como eu. Serão “Cachecóis Colectivos” para juízes galhardos e garbosos sempre muito independentes. Serão “Cachecóis Rosas”, aqui pia mais fino, apenas para os amigos. Os do peito. Os da peita.
Realmente meu caro anónimo, meu caro José não há, definitivamente, vergonha nem decência.
Zaratustra