Ainda sobre Pulido Valente, um comentário assaz pertinente promovido daqui à primeira página...

VPV, para bem de todos nós, assume como ninguém, um espírito de Cassandra.

É por isso que gosto de ler o que escreve, porque também escreve bem o português e usa alguns termos esquecidos que depois são repescados por outros (leia-se João Pereira Coutinho), meros diletantes na arte de dar palpites sobre tudo e mais alguma coisa e com pouco ou nenhum interesse, por falta de densidade e peso específico.

O VPV que gosto de ler é aquele que escreveu sobre a indigência mental dos políticos que vamos tendo. Porque essa escrita estimula interrogações e talvez algumas respostas.

Nesta crónica sobre a direita e a Igreja, também me parece que a subtileza vai um pouco mais além do que atirar à cara da direita uma omissão indesculpável.

O que VPV tenta fazer, parece-me, é mostrar que os valores apregoados pela Igreja, não podem dissociar-se da discussão sobre o assunto. E se a direita os defende, não poderá obliterar o papel da instituição, mesmo que tente seguir o princípio de "dar a César o que é de César".

Porém, juntar política com religião, costuma dar maus resultados, principalmente se vêm ao de cima as ideias fundamentalistas. Veja-se o caso do italiano Buttiglioni; veja-se o caso da introdução à Constituição Europeia e veja-se o caso da recente polémica com o padre que defendeu a não-comunhão para certo tipo de pessoas.

O problema mostrado por VPV é o conjunto de várias contradições que uma certa direita, ligada ao CDS, precisa de resolver.

Mas haverá direita, em Portugal?!

Ou o que temos, como direita, é apenas um caldinho de ideias dispersas e fugazes, sem concretização teórica, como já foi apontado por José Adelino Maltez?

Jaime Nogueira Pinto pode considerar-se um teórico da direita?!

É que me parece o único a escrever sobre esse propósito.. .uma vez que o prof. Martinez ou o prof. Hermano José Saraiva, não contam: gostam demasiado do salazarismo para merecerem atenção!
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Publicado por Manuel 16:21:00  

2 Comments:

  1. josé said...
    bizarro: o comentador a comentar o seu comentário...
    Então, vamos lá a isso!
    O que pensa VPV daqueles que escrevem em blogs?!
    No início de 2004, numa boa entrevista à Notícias Magazine, a celebrar um regresso à escrita, dizia o cronista:

    "Posso dizer uma coisa? As pessoas que escrevem nos blogues, como muitas das que escrevem nos jornais, como as que falam na televisão, dão aquilo que elas julgam que serão opiniões. Políticos falhados, jornalistas frustrados e tanta outra gente completamente iletrada, que não conhece os assuntos, e podiam dizer aquilo, ou o contrário, que era igual ao litro. Mesmo a maior parte dos cronistas são ignorantes, e o que escrevem são crónicas desnecessárias ou desabafos, aquilo a que chamo jornalismo da indignação. Mas faz muito sucesso, porque como as indignações são básicas, há muita gente a partilhá-las, e a ficar feliz por o senhor X, que até escreve no jornal, pensar como elas."

    É tudo falhados" Acto falhado, também?!
    António Balbino Caldeira said...
    Finalmente,posso comentar. Queria avisar que tinha comentado o post sobre o VPV, mas não pude. A caixa de comentários está muito lenta ou impossível de entrar.

    VPV é do mundo velho. Percebeu a deriva corrupta da democracia representativa portuguesa, sequestrada pelos sistémicos caciques e serventuários. Mas, como os outros, habituaram-se, apesar de lamentarem. De vez em quando lá sugerem um remendo, pretensamente salvífico, que apenas revela melhor a degenerescência do regime. Resistirão até ao fim à democracia directa que significa o mundo do fim que, paradoxalmente, criticam.

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