Sobre a macdonaldização da política portuguesa
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Concordo que houve um quase empate. Concordo que se empatou 0-0, em vez de se empatar a 7-7 ou coisa do género. O mínimo denominador comum imperou mais uma vez.
O formato do debate é que me pareceu penalizador. Ainda para mais quando, e este é um aspecto que não vejo ninguém a questionar, me parece que as questões - ou pelo menos os temas - foram previamente comunicados aos candidatos.
É que se não foram, parece.
As respostas, de um e de outro (especialmente as iniciais de 2,5 minutos, não tanto as réplicas) estavam, por um lado, demasiado recheadas de informação detalhada e, por outro, demasiado bem medidas.
Eu diria mesmo plásticas. Pré-feitas, pré-fritas, congeladas e depois servidas à pressa, mornas, ensonsas, incapazes de alimentar o intelecto. De plástico, portanto.
Alguém acredita que, sem ensaio, se consiga mais ou menos rigorosamente responder a todo o tipo de perguntas em 2 minutos e meio? Ou estes dois homens são notáveis e só eu é que nunca tinha reparado ou aquilo foi tudo ensaiadinho. Desminta quem puder.
Quem já me leu uma vez ou mais (neste último caso a necessidade de uma visita ao psiquiatra não é de excluir liminarmente) sabe que sou de esquerda. Votarei PS. Mas tenho as maiores reservas.
Não o farei por acreditar em Sócrates, não o farei (apenas) porque tenho horror sequer a pensar o que seriam mais quatro anos disto, depois de eleições, atendendo ao que se passou em 4 meses sem legitimação popular.
Votarei assim porque sou um optimista inveterado e penso sempre que existem razões para esperança.
Posso estar a enganar-me a mim próprio mas olho para António Vitorino, para Guilherme de Oliveira Martins, para Maria João Rodrigues, para Vitalino Canas, para António Costa. Para figuras de segunda linha pouco mediáticas mas capazes de trabalho sério. E também para jovens valores como Pedro Adão e Silva, Mark Kirkby (estes dois Relativos) e João Tiago Silveira e no que eles têm a dar ao país. E tenho esperança.
Tento esquecer-me, obviamente, de outras pessoas: de Pina Moura, de Fernando Gomes, de Jorge Coelho. De muitos outros. Uma lista demasiado grande, confesso. Que me angustia.
Mas, repito, sou um optimista inveterado. Votarei PS. Se preciso for, se no momento y me falhar a fé olharei para o lado, se preciso for, mas ponho lá a cruz.
Com convicção.
Publicado por irreflexoes 18:13:00
Deves conhecê-los melhor do que eu, presumo. Leste o que ambos têm publicado em termos cientificos, e tal.
Sabes sequer quem são?
Cóf...cóf.... cóf....
E em que especialidades governativas os encaixavas?
O grau quanto ao quão maus serãos os próximos quatro anos, não é irrelevante. E depois, pode ser ténue, pode até ser contágio do meu "sportinguismo"[a esperança], mas não há-de ser difícil a Sócrates fazer melhor que Barroso e Santana Lopes, nos próximos 4 anos.
Fechemos o ciclo dos 30 anos de democracia com uma maioria absoluta para o PS e depois conversamos. Dia 21 de Fevereiro cá estaremos para mais política e melhor política, havendo engenho e arte.
Mark Kirkby e João Tiago Silevira? sem dúvida! especialmente o segundo, na minha modesta opinião. já agora não se inclui nessa lista de brilhantes que podiam dar o seu contributo a um governo do eng. sócrates? aproveite vamos voltar aos "job for the boys"!
SP
Votarei assim porque sou um"(a) "optimista inveterado"(a) "e penso sempre que existem razões para esperança."
Quanto às perguntas feitas foi, infelizmente, demasiado óbvio......
Não estou a lançar nomes, muito menos o Irreflexões (que, imagino a surpresa de muitos, não é propriamente o meu nome da baptismo) para cargos nenhuns.
Os nomes dados eram exemplos. Impressões subjectivas e pessoais.
Não preciso, portanto, de justificar o currículo de maria joão rodrigues, que se explica a si próprio (disponível aqui: http://www.novasfronteiras.pt/index.php?article=27&visual=1) nem de explicar porque é que sei de ciência certa que o Kirkby tem uma espinha dorsal reforçada face ao político médio, ou ao português médio, já agora. Nem de estar aqui a explicar que João Tiago Silveira foi, ou pelo menos eu acho que foi, o mais corajoso legislador que tivémos em muitos anos, nomeadamente na na área do Direito Administrativo, para além de ter criado do nada o Gabinete de Politica Legislativa e Planeamento do Ministério da Justiça. Como não preciso de explicar porque é que acho que Pedro Adão e Silva é uma das cabeças da nova geração.
São as minhas impressões. Não concordam? Porreiro. Estão no vosso direito. Mas se só querem discutir nomes ficam a falar sózinhos que é um descanso.
Essa tem piada...
Eu estranhei que se viesse com nomes, quando o partido se recusa a apresentá-los. Estranhei. Quase pensei que seriam propostos pelos jotas, já que se fala em novas gerações.
Mas o que ainda estranhei mais foi a ideia do currículo académico. É que, por acaso a Maria João Rodrigues até já passou por governo e então mais valia falar do que fez na altura. Agora ilustrar potencialidades do partido por ter gente com currículo sem que este se traduza em prática governativa não faço ideia para que serve.
Quer dizer, sou capaz de fazer. Seria o mesmo que dizer-se que existem muitos especialistas em muitas áreas no nosso país e que estão desaproveitados. Pois é verdade. Simplesmente isso é válido para todos e para os que até nem têm partidos. Há até casos de desbarato que só no nosso país podia acontecer. Cito o Ribeiro Telles, por exemplo, que todos tratam como um lunático e que é das pessoas com mais conhecimentos ecológicos e que tem feito excelente trabalho teórico.
Agora usarem-se nomes e até alguns deles com atributos de “reforços espinhais” que ninguém viu em acção política é que me intriga. E ainda por cima sob o lema da renovação geracional.
Não fazia ideia que o Sócrates tinha uma proposta política para salvar o país à custa de atribuições de carreira às novas gerações socialistas.
Ok...
Os BEs também estão à espera de algo idêntico.
Os nomes são meus, não represento ninguém.
Podia refutar as referências particulares.MAs,como disse,os nomes não importam tanto como o sentimento de que nem todos serão carreiristas e oportunistas e que o PS conseguirá levar para a gestão da coisa pública algumas boas cabeças e - o que é igualmente importante - alguns bons corações.
Bom fim-de-semana Zazie :) e bom carnaval.