contagem decrescente... faltam 12 dias.
terça-feira, fevereiro 08, 2005
O Prof. Cavaco está de novo na ordem do dia, não por causa das sondagens, mas da manchete de hoje do Público. Ao que parece elfos e gnomos, que se terão cruzado com o Professor em eventos sociais, confidenciaram ao Público, que precisou aliás de 8 mãos (!) para escrever a notícia em questão, que o ex-primeiro-ministro apostaria (a expressão é do Público) numa maioria absoluta do Partido Socialista. Cavaco já desmentiu, mas,isso agora não interessa ,porque o que interessava, e foi conseguido, era arranjar um pretexto para o trazer a lume. O Dr. Lopes, com aquela subtileza que se lhe reconhece, veio dizer numa atarantada (é ver as imagens...) troca de impressões informal com jornalistas nos jardins da sua residência oficial que não, não senhor, não acreditava que fosse verdade, mas não sem, sarcasticamente, trazer à liça o nome do Prof. Freitas, querendo comparar pulgas com elefantes. Regressado ao Carnaval da Madeira, também Alberto João Jardim fez questão de falar, afirmando que não ficaria surpreendido que tal fosse verdade (apesar do desmentido) e que, mais, tal seria motivo até de expulsão, isto da boca do militante do PSD que mais envergonha o Partido. No mesmo registo do Dr. Lopes, afirmou ainda que "O professor Cavaco e o professor Freitas são duas faces da mesma moeda e essa moeda pertence ao Portugal velho, pertence à brigada do reumático desta III República e o que eles temem, no fundo, é uma mudança". O pequeno detalhe de ele, Jardim, estar há mais tempo ininterruptamente na política que o próprio Prof. Cavaco é obviamente um detalhe que não conta para nada. Jardim rematou, desafiando sarcasticamente o PSD a apoiar a candidatura presidencial de Anibal Cavaco Silva. A motivação imediata deste factóide político é óbvia, e já foi amplamente dissecada aqui, aqui e aqui mas talvez seja oportuno dissertar um pouco sobre outras motivações não tão imediatas. Por força das circunstâncias, Aníbal Cavaco Silva é hoje a maior ameaça ao status quo político português, e é só isso, aliás, que motiva as ruminações violentas do Dr. Jardim. Num sistema político asfixiado, autofágico, endógeno, o Professor não precisa de claques, de aparelhos, de lobbies ou spinners para fazer ouvir a sua voz. Fala do que apetece quando lhe apetece. Pior, é ouvido e respeitado por todos. Mais, ao contrário do que por aí se julga, o Professor fala, pensa e age sozinho; o Cavaquismo, enquanto corte de fiéis, claque organizada, força de pressão, pura e simplesmente nunca existiu. Há, por aí, um ou outro que, de quando em vez, lá puxa dos galões e recorda ter andado à tona nos tempos idos do cavaquismo, mas o facto, e basta comparar com a influência do Dr. Soares no PS, é que o Prof. Cavaco nunca patrocinou facções, nunca alimentou putativos herdeiros ou guerras internas, muito menos alguma vez interferiu na vida interna do Partido Social Democrata. Com o epitáfio do barrosismo e a sua transmutação no santanismo, muitos são os que peroram sobre o estado actual do Partido Social Democrata e, voilà, atiram culpas a Cavaco Silva. É verdade, nos dez anos em que esteve no poder cometeu muitos erros, mas foi também por causa desses erros que se foi embora, pelo seu pé, e mesmo assim cometeu menos erros que todos os outros juntos. Parece, contudo, que o erro maior de Cavaco Silva foi afinal não ter interferido, ter deixado ao livre arbítrio de quem continuou activo no PSD a gestão das coisas, e logo ter deixado que as coisas chegassem onde chegaram, isto por um lado, e por outro, já que as coisas estão agora como estão, tinha é que comer e calar, senão leva na cara com uma de narcisista, pois deve muito ao PSD. Acontece que Aníbal Cavaco Silva não deve rigorosamente nada ao Partido Social Democrata! Nada. Este, e o País, devem-lhe muito, alguns tudo. Sejamos claros, dia 20 há eleições, e, com ou sem maioria absoluta, o Eng. Sócrates vai vencê-las. Eu não sei se o Eng. Sócrates estará à altura dos desafios que vai enfrentar, tenho muitas e fundadas dúvidas, tenho a certeza de que o programa do PS não é suficientemente realista, mas, infelizmente, também tenho a certeza de que o Dr. Lopes não serve, não presta. Como escrevia desapaixonadamente o Vasco Pulido Valente este domingo no Público [não disponível online] o Eng. Sócrates é uma espécie de mal menor, um interlúdio que permite ao país livrar-se de Santana Lopes, mas, a menos que um milagre ocorra, não é a solução do problema. Voltando ao Prof. Cavaco, e às presidenciais, um número esmagador de portugueses revêem-se nele, e não consta, apesar dos delírios do Dr. Jardim, que sejam todos de esquerda, são antes a base de apoio tradicional do PSD. Ora é a esta base de apoio, que não é o actual PSD/Partido mas devia, que deve ser devolvido o PSD. O facto de Cavaco poder ser candidato presidencial sem constrangimentos, sem compromissos, sem acordos por debaixo da mesa, é o melhor caminho para refundar o Partido Social Democrata, e de permeio a democracia portuguesa, não porque daí resulte um partido mirífico à imagem e semelhança de Cavaco (o Cavaquismo, já se disse, de facto não existe, nem nunca existiu a não ser nos devaneios de uns quantos), mas porque objectiva e realisticamente Aníbal Cavaco Silva é o único que, no curto prazo, tem condições de devolver o PSD, e a política, aos portugueses. O PSD, tal como os outros partidos aliás, é hoje uma espécie de clube privado, com demasiados vícios, não contam as ideias, conta muito o brand. Ora, só por má fé se pode antever um Prof. Cavaco, Presidente, a comandar o Partido de Belém, tal não foi feito no passado, não será feito no futuro, só por muita má fé se pode insinuar que para Cavaco, qual Nero (!), quanto pior melhor; só por pura perfídia se pode escrever que a ideia, mal se chegue a Belém, é correr com quem quer que esteja em São Bento, como se Cavaco não tivesse sido, ele próprio, sempre um adepto incondicional da estabilidade, mesmo sabendo que esta não é um valor absoluto. É tudo muito mais simples, assustadoramente mais simples, por não depender de directórios partidários, apenas e só do voto directo dos Portugueses, Cavaco Silva assusta, atemoriza, horroriza, e não só o PSD, todo o sistema. Quer se goste quer não, Aníbal Cavaco Silva é hoje a pessoa mais bem colocada para apresentar e explicar aos portugueses as reformas que se impõem - do sistema político, do sistema administrativo, da administração pública, da educação. Não se trata de as executar, mas tão só de as apresentar, porque às vezes o que falta é a coragem, e a credibilidade, para falar nelas, porque o facto é que quando fala todos, sem excepção, ouvem. Quanto ao PSD, por muite que custe a alguns que confundem política com futebol, é tão nobre estar no poder como na oposição. O PSD tem tão somente de se renovar, de apresentar propostas construtivas, exequíveis e reformistas com base na sua matriz social-democrata de sempre, e quanto voltar a chegar a vez de ir a votos de novo, apresentar-se com um programa e uma equipa credíveis, para que os portugueses votem e confiem nele, não por ser a sua vez, não por serem o mal menor, não por se chamar PSD, mas tão somente porque acreditem de novo que o PSD é apenas e só, outra vez, o melhor para Portugal. Por muito que custe a alguns, Aníbal Cavaco Silva já não é hoje património exclusivo do PSD, é, isso sim, património de Portugal, de todos os portugueses. A lealdade, palavra tão gasta e tão abusada por estes dias, foi, é, e será, sempre, a Portugal e aos portugueses, não numa qualquer lógica clubística, ou estritamente partidária, aos Albertos Joões deste mundo. A dúvida que se põe é saber se o PSD quer aproveitar estes ventos de mudança ou continuar "contra ventos e marés", porque o regresso de Aníbal Cavaco Silva à vida política activa será uma lufada de ar fresco para todo, repito, todo o sistema político português e, por maioria de razão, também para o PSD, num PSD onde há muitos que ainda não perceberam que enquanto eles falam uns dos outros, e uns com os outros, um outro, Aníbal Cavaco Silva, também fala, mas directamente com os portugueses sobre matérias que interessam aos portugueses. Uma chatice, é o que é.
P.S. Já que se falou em factos políticos, o Prof. Marcelo vai finalmente regressar ao comentário político na RTP/1. O ilustre comentarista fez saber espalhafatosamente que só (!) ia ganhar tanto como António Barreto e que tal verba era muito inferior ao que auferiria na TVI. Acontece que António Barreto é um ilustre membro da sociedade civil que, por uma vez, há muitos anos, fez uma perninha na política; já Marcelo Rebelo de Sousa é um político profissional, e no activo, registe-se. O Prof. Marcelo é livre de comentar o que quiser, onde quiser. Fosse a RTP/1 privada e nada haveria a obstar; sendo uma empresa pública é de questionar se dar corda às maquinações do Presidente da Assembleia Municipal de Celorico de Basto é, sob qualquer óptica, algo que tem que ser pago por todos os que pagam impostos...
Publicado por Manuel 19:31:00
ehehehe
isto é giro é em bas fond
Acabo de o ver a insultar o Prof. Cavaco Silva como qualquer arruaceiro irresponsável.
Indigna-me que a Madeira continue a ser governada por tal espécime.
Revolta-me que o País sustente este estado de coisas.
Sou definitivamente favorável à independência imediata e total da Madeira, isto é, que não se lhe dê nem mais um tostão dos nossos impostos.
Chega de palhaçada!
Madeira SEMPRE