Ainda o assunto de ontem ...
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Lê-se no comunicado do Ministério da Cultura sobre o cancelamento de duas óperas pelo Teatro Nacional de S. Carlos que a dra. Teresa Caeiro, em 16 de Novembro de 2004, prometeu, por Despacho, dotar o Teatro São Carlos dos meios financeiros que necessita para este ano, o que se deduz da seguinte passagem...

O compromisso assumido concretiza-se “em sede de execução orçamental” (todo o ano de 2005), conforme teor do despacho de S.Exa a Secretária de Estado das Artes e Espectáculos de 16 de Novembro de 2004 e não durante um mês e meio (até 17 de Fevereiro de 2005), como por razões incompreensíveis alega o Director do Teatro Nacional de S.Carlos.

Tudo isto é muito estranho e deveria ser esclarecido. É que quando se assume um compromisso é porque se têm os meios para o realizar – mesmo que fosse ao longo da execução orçamental - o que é irrelevante, a não ser que alguma coisa tenha corrido muito mal e então deveria explicar-se melhor. Agora, despachar sem ter garantias da exequibilidade do acto, é o mesmo que fazê-lo com os pés e então, sendo assim, estamos no campo da ignorância sobre o modo de funcionamento da Administração Pública e isto, numa secretária, que também é de Estado, é lamentável.

Uma nota final: Não é novidade para mim que o espectáculo de ópera é, depois do circo, talvez o mais caro do mundo. Mas, necessitar de 1,5 milhões de euros para repor duas produções, que não são originais note-se, já me parece algo demasiado dispendioso, atendendo a que no orçamento destas não está incluído o coro e a orquestra que farão já parte do quadro de pessoal do teatro. Ou será que o teatro também não tem dinheiro para pagar o ordenado aos seus funcionários?

Adendaa direcção do São Carlos emitiu um novo comunicado para dizer rigorosamente nada, visando apenas dar uma lição, de forma muito pouco elegante, à Ministra da Cultura sobre o regime da despesa pública. Depois deste, espero por um outro do sr. Paolo Pinamonti, desta vez, para nos explicar muito bem como pratica a gestão no seu teatro, descrevendo com pormenor o magnífico trabalho de relações públicas junto de quem não é apenas um mero consumidor, e isto desde que está à frente do único teatro nacional de ópera do país, que, faço notar, não é o único a apresentá-la com excelência em Portugal.

Adenda II Continua(m) aqui. Sem comentários!
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Publicado por contra-baixo 14:32:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    A ignorância da Secretária de Estado deve-se ao facto, com o qual concordo, do desconhecimento das regras da contabilidade pública que se aplicam àquela instituição, que é hoje uma ad. directa do Estado, e que são incompativeis com a gestão por duodécimos ou de uma forma mais agíl, com a gestão flexível dentro do MC. Mas para isso é preciso conhecer da poda desde logo pela SE, pelos seus assessores e pela secretária geral -única que conhece a visão global das necessidades financeiras do MC e que pode dar, ou não, luz verde ao Gabinete para tal montante de despesa. Como vê existem aqui muitos níveis de ignorância... Agora não vale a pena ir para a politica, entendendo a aqui por governance, sem conhecer a realidade da Administração Pública. Não é por acaso que os governantes franceses, por exemplo, todos, mas todos, da saúde à cultura, têm de frequentar a Escola da Administração Pública francesa para poderem exercer o seu papel na administração do Estado. Pobre Teatro São Carlos que tanta dor de cabeça dá, mesmo aos ignorantes. Uma pena....

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