uma obra
quarta-feira, janeiro 26, 2005
O dr. Lopes tentou explicar aos militantes das Caldas por que é que o défice do subsector Estado, em 2004, aumentou 10,1%, segundo as contas oficiais. Nem eu, na cadeira de "análise económica" com que me tentaram iluminar na Católica há uns bons pares de anos, teria sido tão mau na explicação do inexplicável. Isto passou-se num intervalo, supostamente lúcido, entre as habituais diatribes "anti-todos" que caracterizam as sublimes intervenções do primeiro-ministro em "comícios-jantares" do PPD/PSD. Em duas palavras, a coligação falhou a "consolidação orçamental" e a "música" do défice continuará tranquilamente a tocar. Por uma questão de decoro, a palavra "competência" que aparece invarivelmente na tribuna do líder devia ser removida. No Homem sem Qualidades, de Robert Musil, há um apontamento que ilustra bem este transe de Santana Lopes. O modo como, através da realidade, nos aproximamos ou afastamos das pessoas e das coisas, é mais importante do que a nossa relação com ela. Lopes, neste seu lance alucinado, está a conseguir simultaneamente afastar-se da realidade, das pessoas e das coisas. É, realmente, uma obra.
Publicado por João Gonçalves 10:38:00
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