Uma lição?

Há praticamente 100 anos, as causas defendiam-se com todo o empenho e vigor, enfrentando-se e afrontando-se adversários. Os textos não eram subliminares, não tinham retorno possível, os bois eram chamados pelos nomes, eram bem escritos pelos (próprios) autores que eram processados e julgados a seguir, defendidos na barra pelos amigos e correligionários políticos, pagavam multas e não se retratavam ou justificavam. Hoje, quase 100 anos depois, ainda são publicados, o que revela, para além do interesse histórico-político, valor e a qualidade literária. O artigo de que ora se fala, foi escrito por Guerra Junqueiro no jornal “A Voz Pública” em 2 de Dezembro de 1906, e está publicado pela Lello & IrmãoEditores na colectânea de escritos políticos do autor “Horas de Combate”.

2 de Dezembro de 1906

Todas as tiranias são ferocidades, e acusam portanto, na máscara do homem, a descendência do monstro.

Há tiranias dominadoras e fulgurantes, de olhos de águia, e tiranias lívidas, obliquas, de olhar de hiena. Ambas trágicas: um Bonapartre ou um Filipe II.

A tirania do Sr. D. Carlos procede das feras mais obesas: do porco. Sim, nós somos escravos de um tirano de engorda e de vista baixa.

Que o porco esmague o lodo, é natural. O que é inaudito é que o ventre de um porco esmague uma nação, e dez arrobas de sebo achatem quatro milhões de almas!

Que ignomínia!

Basta. Viva a República, viva Portugal!

Publicado por contra-baixo 16:43:00  

2 Comments:

  1. Fernando Martins said...
    Foi por causa destas lições (tal como o texto citado, bem elaborado) que Portugal "suportou" III Repúblicas, cada qual com um final (vamos ver como a III acaba...) cada vez melhos para os Portugueses...
    Tenham piedade de nós...!
    Anónimo said...
    Hoje apetece dizer: "Viva Portugal! Abaixo a República..."

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