O que nos espera...

Incoerência e incompetência são sinónimos que certamente se aplicarão ao próximo governo de Portugal, quer seja ele de direita quer seja ele de esquerda.

Incoerência à esquerda, porque não se compreende o porquê de um voto contra na aprovação de um orçamento geral de Estado, para 15 dias e apenas 15 dias depois, efectuar uma colagem a esse mesmo orçamento, mantendo o corte nos benefícios fiscais e a redução nos escalões de IRS. Ao PS ficou só a faltar explicar, se em 2005 o mesmo PS se for eleito irá exigir aos portugueses que descontem mais do que pelas novas regras lhe deveriam ser descontados, para e deixando correr 3 quartos do ano de 2006, o mesmo PS devolver o que amealhou em excesso no ano anterior, sob a forma de reembolso pré-autárquico.

Incompetência à esquerda, na forma como levianamente se mostra ao país a sua verdadeira proposta, da qual traçamos aqui desde já o seu efeito :



Notas...
  • a) O valor do consumo privado é obtido na assumpção que 70 % do rendimento disponível se destina consumo
  • b) Deduz-se que o salário criado para os 150.000 novos empregos, andará em média nos 500 euros líquidos
  • c) Aplicado uma dedução de 11 % no IRS e 24,50 % para a Segurança Social). Assume-se que existe de facto um acréscimo no emprego em 150.000 novos postos

Ora, e visionando assim ao de leve, parece que Sócrates re-inventou a economia. Mas falta aqui algo de muito importante, e que obviamente Sócrates não disse, e passa por saber onde se vão criar estes novos 150.000 empregos ?

Na função pública ? Bom para que se tenha a mínima noção, criar apenas metade (75.000 ) novos empregos na função pública, aumentando de facto o número de funcionários públicos em 75.000, tal teria um efeito equivalente na rubrica de remunerações igual a 60 % da remuneração inscrita no orçamento de 2004.

Assumindo que a função privada cria 75.000 novos empregos ao fim de 4 anos, isto levaria a taxa de desemprego para os 3,00 %, ou seja, semelhante ao pleno emprego. Por outras palavras Sócrates sem o dizer conseguiu ser incoerente, incompetente e pautar pelo pleno emprego, algo que é prejudicial à economia.

Não é sequer ao Estado possível criar - aumentando - mais empregos, devendo a lógica funcionar precisamente ao contrário. Quanto à função privada e face ao efeito que a deslocalização dos têxteis terá não será crível que a nossa economia, nos actuais moldes e sem reformas de fundo a curto prazo, seja capaz de criar/aumentando 35.000 empregos por ano.
Demagogia, pura e simples, é o que representa a proposta de Sócrates.

Depois quanto a Santana Lopes, ontem domingo dia de família que paga fraldas para bébés a 19%, mesmo se esses bébés já estejam maduros e não levem "estalos" dos irmãos, fica apenas uma pergunta..

Se o presidente da república tivesse poderes para dissolver o líder de um partido político, como tem para dissolver a Assembleia República, para além de dissolver a liderança do PS, será crível que jamais Pedro Santana Lopes tivesse alguma vez tomado posse... como líder do PPD/PSD?


Notas finais
  1. Ao Tugir preocupado com a integridade do PS, nem uma palavra sobre a promiscuidade assumida pelo candidato a ministro das finanças ou da economia pelo PS, de seu nome Joaquim Pina Moura, que teve o descaramento de afirmar no Independente que estava disponível em part-time para a política. Recomenda-se ao aludido blog, que veja se Pina Moura não é presidente da Iberdrola Portugal, uma empresa com interesses na re-privatização da Galp e sobretudo no negócio do gás.

Publicado por António Duarte 14:04:00  

5 Comments:

  1. Anónimo said...
    Pois, detesto política ( vão-me perdoar a brejeirice mas tenho um colega que diz da política"ou se come dela ou se caga nela....!), nem tenho pachorra para a hipocrisia da classe, pelo que nem tenho conhecimentos para comentá-la. Mas, caramba, a essa conclusão já eu tinha chegado há muito!!!!!! Por isso bem sei o que vou fazer às urnas no dia 20 de Fevereiro.....
    Por outro lado, bem sei que se todos fossem como eu, esta m..... afundava de todo. Que a indiferença não é cívica, não nos serve nem às gerações vindouras. Como bem me alertaram, com atitudes como a minha estamos a desrespeitar grandes conflitos que geraram a democracia! Mas, não estaríamos nós precisados duma ditadurazita.....? Já sei, sou nova, não penso, não passei por ela, aqueles conflitos teriam sido em vão. Bem sei, bem sei, é um dilema, que, ainda assim, me faz pender pra o voto em branco. Parece ser a única forma PACÍFICA de mostrar o nosso descontentamento. Já nem vou em greves! Prefiro amar...........
    Gabriela Arez
    irreflexoes said...
    Oh irmão António, quanta acrimónia.

    Só uma anotação. Para já. Quanto aos empregos. Já foi feito antes e pode voltar a ser feito. Desmente?

    P.S. - Não consegui inserir o gráfico aqui mas está em: http://irreflexoes.blogspot.com/2005/01/e-porque.html
    irreflexoes said...
    E, depois, 3% de desemprego é uma margem confortável face ao pleno emprego. Teme o bom António tensões inflacionistas? Venham elas. São, nesse caso, bom sinal. E têm soluções conhecidas e testadas.

    Antes esse problema (de enfartamento) do que o outro (de fome).
    Anónimo said...
    este irreflexões é uma verdadeira anedota.
    Guilherme Oliveira Martins said...
    Parabéns pelo trabalho de recolha de números, no entanto não posso concordar com as leituras feitas.
    A minha réplica consta do post:
    http://impecavel.blogspot.com/2005/01/o-que-nos-espera-rplica.html

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