Na RTP peroram o creme de la creme dos senadores da nossa República. Ouço Freitas do Amaral afirmar, com escândalo, que só em 2003 a administração pública encomendou 50 milhões de contos em pareceres a luminárias externas à mesma. Presumo que o homem saiba do que fala e ignoro se por razões éticas recusou fazer algum, retenho apenas a verba - 50 milhões de contos, 250 milhões de €uros. É também assim que se seguram e fidelizam clientelas em certas élites da dita sociedade civil...

Publicado por Manuel 01:33:00  

22 Comments:

  1. Anónimo said...
    CINQUENTA MILHÕES DE CONTOS EM PARECERES? E SÓ NUM ANO ?
    MAS QUE RAIO DE MERDA (SIM!MERDA!) É ESTA ?
    NÃO ACREDITO. O PROF. FREITAS DO AMARAL SÓ PODE TER-SE EQUIVOCADO. PORQUE SE FOR VERDADE ENTÃO HÁ QUE SABER QUEM SE APROPRIOU DAS MASSAS E SOB QUE PRETEXTO. QUERO TUDO PRETO NO BRANCO. SENÃO...senão...não voto !Que é que hei-de fazer mais ?
    X
    Anónimo said...
    E de certeza que esses iluminados declararam tudo ao Fisco.... pois tá-se memo a ver.......!
    Gabriela Arez
    Anónimo said...
    Ontem assisti (parcialmente) a um debate na televisão pública com os chamados Senadores da nac,ão - estavam lá os Drs. Mario Soares e Pinto Balsemão, mais os profs. Freitas do Amaral e Adriano Moreira - faltava talvez o mais proeminente dos Senadores, a par do Dr. Soares, i.e. o Prof.. Cavaco Silva.. Supoõe-se que os produtores não quiseram convidar o Professor por causa das candidaturas presidênciais, ou talvez porque um “branch” socialista terá exigido que fossse também convidado o Cónego Guterres, e o Prof. Cavaco, perante isto, se terá recusado, invocando razões idênticas ‘as que o levaram a pedir a remoc,ão da sua fotografia do cartaz de primeiros-ministros do PSD - i.e. tal poderia prejudicar a sua carreira académica...

    Aborreci-me um pouco com a maior parte da discussão - sinceramente, o único dos “senadores” que parecia ter algumas ideias claras e, possivelmente úteis ou minimamente praticáveis era o Dr. Balsemão.
    O Dr. Soares lá captava a atenc,ão quando dava algum testemunho histórico ou quando sintetizava algo que não consigo concretizar..., mas que nos faz sentir portugueses (e contentes de o ser!). De resto, ao ouvir o Dr.Soares sentia-me como se estivesse a ouvir, no ano passado, um daquelese amigos benfiquistas, que sendo muito simpático, disparava a zero sobre o F.C.Porto, o Pinto da Costa,,o Mourinho e os jogadores do Dragão enquanto os azuis e brancos iam ganhando quase tudo o que havia para ganhar.
    Por outras palavras, no céu nocturno, o Dr. Soares falava do breu ou de planetas invisiveis, em vez de notar as estrelas ou luas, ou, quando parecia referir-se a alguma delas, descobria-se afinal serem luzes de algum avião a passar ou se calhar de um OVNI...

    Pouco antes de desligar, ouvi o testemunho mais interessante - uma curta intevenc,ão do Dr. Miguel Cadilhe que elegeu como prioridade para qualquer programa politico a reforma do Estado, e em particular, a reforma da Adminstrac,ão Pública. Nada de novo, mas como afirmou o Dr. Cadilhe, esta é uma área onde os politcios podem realmente fazer qualquer coisa de concreto,(isto em vez de andar a decretar o fim da recessão ou determinar percentagens de crescimento económico) e algo que se anunciava fundamental já desde os tempos de Cavaco Silva, sendo alegremente ignoradas no tempo do Cónego Guterres, prometidas pelo Dr. Barroso e metidas na gaveta pelo Dr.Lopes. Em quase tudo o resto, os politicos em Portugal podem fazer bem pouco de reformador ou estruturante, por mais promessas que fac,am.
    josé said...
    É de facto muita massa! Tendo em atenção que esses pareceres são pedidos em áreas sensíveis como...como...o Direito e a legalidade democrática, só poderemos concluir que a grossa maquia foi parar ao bolso de ilustres juristas! Catedráticos e afins.
    Quem são eles?! E quem julgou necessário pedi-los e a quem pediu em conreto?
    Que tem a Faculdade de Direito de Coimbra a dizer sobre isto? E a faculdade de Direito de Lisboa? E a Fac de Direito da Univ. Católica? E a Nova? E a...? E a...?
    Quem foram os catedráticos e assistentes que receberam dinheiro vivo por esses pareceres?! Nomes! Queremos nomes e já!
    Queremos ainda saber com que autoridade moral essa reserva de intelectuais e que se têm como uma elite pronta a ser chamada a governar, encara esta situação de facto.
    Queremos ainda saber para que serve o COnselho COnsultivo da PGR. Por um décimo dessa importância estou certo que todos os Conselheiros, mesmo os famosos pela alta produtividade bianual, dariam conta do recado e ficariam contentes com o dinheiro extra, pois esse estímulo extra à produtividade fá-la-ia aumentar exponencial e milagrosamente.

    Agora, a última pergunta: qual é a verba geralmente orçamentada no OE, para a Justiça?! E se essa verba for inferior ao montante indicado?!
    contra-baixo said...
    Meu Caro I. José,
    Duvido que tenham sido os prof(s) de Direito os grandes beneficiários do bolo dos 50M, acredito mais que o grosso da fatia tenha ido para grandes escritórios de advocacia e algumas multinacionais com a contrapartida de estudos técnicos, pareceres, auditorias encomendadas e outros serviços, tudo, como é evidente, com o grande valor acrescentado do logotipo.
    Anónimo said...
    Os blogues também têm isto:parecemos carpideiras a chorar nos ombros uns dos outros. Que tal se a grande loja etc organizasse um abaixo assinado, com grande divulgação na blogosfera, para pedir à PGR, e a outras entidades, uma investigação a fundo sobre o destino dos cinquenta milhões que foram à viola ? Deixo a sugestão.
    josé said...
    Primeiro Violino:

    Também me parece que não foram os pobre professores de Direito os principais beneficiários! Não poderiam ser, porque não há mercado para isso. Mas precisamente por esse motivo, seria bom fazer a distinção entre a natureza dos pareceres e apreciar a denúncia efectuada pelo Freitas do Amaral. E seria bom que os prof. de Direito se demarcassem, pois quando se fala em pareceres do modo como o FA falou, o que vem à ideia são pareceres de juristas. De resto, que outros pareceres merecem tal qualificativo? Os de medicina e saúde? De Educação? De Obras públicas?
    Pareceres são estudos para algo que se projecta fazer.
    Há gabinetes de estudos nos ministérios. Há gabinetes do Estado para esse efeito. Qual o papel deles?!

    Estou até em crer que nesta amálgama que o FA não especificou( et pour cause) e deixou apenas no ar como "pareceres", para criar o efeito estonteante, estarão alguns "estudos" como o do grande arquitecto para basbaque ver, F.Gehry, laureado Pritzker, o qual foi chamado a desenhar o novo parque Mayer.
    Estará incluído no pacote , o montante pago ao escritório do JMJúdice, por aqui já falado? É que segundo o deputado A. Galamba que pediu esclarecimentos ao governo, enquanto deputado,a conta há uns meses, já ia nos 800 mil contos. E resposta, até agora e que se conheça...nicles!

    Agora, quanto ao abaixo-assinado:
    Imaginemos que o fazemos e enviamos à PGR. QUe acontece, segundo as leis e regulamentos que temos?
    A exposição vai parar ao DCIAP, da Drª Cândida. Segundo a rotina habitual, serão pedidas informações ao denunciante, e que é em primeira mão, o prof. Freitas do Amaral. Este vai dizer que pouco ou nada sabe, pois disse o que leu em jornais, já não sabe em quais...
    A GLQL passa por um grupo de tansos que andam para aqui a mandar bocas sem fundamento. Provavelmente nem se preocuparão em identificar os escribas participantes, pois de nada adiantará.
    Se houver por lá, pelo DCIAP, alguém que seja curioso e fique intrigado com tanta massa à solta e sem destino conhecido de todos, vai pedir informações ao governo. Qual governo? O do Sócrates que funcionará em bloco central. Chegará algum dia o DCIAP a saber alguma coisa mais do que a simples participação em abaixo- assinado que lhe for enviada?! NÃO! O sistema de investigação que temos não permite.
    Veja por exemplo, o que se passou com a investigação da JAE:
    Houve um tipo do MP que fez um trabalho notável de investigação- só que foi no âmbito de uma sindicância encomendada pelo PS e pelo engº Cravinho. O tipo chama-se Francisco Pinto dos Santos e anda por aí, desaproveitado. A sindicância , bem feita a meu ver, deu, depois, para alguma coisa que se visse?! Alguém aproveitou as conclusões da mesma, e com olhos de ver, chegou a algum lado que se visse? Numa palavra: serviu para desmontar a corrupção que havia na JAE? Para onde foram depois os "sete magníficos" que sairam?
    A investigação criminal chegou a algum lado, substancial, para além da arraia-míuda, nesse caso?

    Isto não funciona meus caros.

    O abaixo assinado ou a denúncia pode ter algum efeito - mas no âmbito mediático e só aí!
    É por isso que venho para aqui desabafar. Não aguento ficar calado e remoer para mim, estas merdas que vejo todos os dias. Por isso mesmo corro também o risco de escrever coisas erradas e injustas. É um risco que assumo. QUem se sentir injustiçado, pode sempre responder- e lavar a honra se for caso disso.
    Anónimo said...
    Uma tristeza medonha.
    Vejam o exemplo da casa da Música. Durante a Capital Europeia da cultura, a sociedade Porto 2001 teve as suas contas auditadas pela Arthur Anderson. Veio o Rui Amaral e foi encomendada à Ernest & Young uma outra à gestão da Teresa Lago. O Alves Monteiro encomendou uma outra qualquer para apuro da gestão do Rui Amaral. A actual Ministra da Cultura logo após a sua posse anunciou que a IGF iria também auditar a Sociedade, presumo que para ajustar umas contas com o Alves Monteiro. Tenho ideia de a própria IGF já ter andado por lá anteriormente, assim como Tribunal de Contas que publicou o relatório (no qual não me recordo de ler qualquer referência às auditorias encomendadas). Até a PGR já proferiu um parecer em torno da dita.
    No meio desta conversar toda pergunto: que credibilidade têm as ditas empresas de auditoria? Para quê recorrer sistematicamente a estes serviços?
    Para que serve o TC e a IGF?
    Tudo isto é um enorme dispêndio de dinheiro e de recursos.
    Anónimo said...
    Mais: A Teresa Lago encomendou a uma das Deloites um estudo para o projecto de negócio da CM; o Rui Amaral contratou o consórcio BPI/BCG para o mesmo fim, o Alves Monteiro apresentou o trabalho do consórcio ao governo e contratou outras empresas para o marketing, recursos humanos, etc. O Ministério da Cultura, em tempos, teve grupos de trabalho para decidir o que fazer. Foi também contratado um advogado para elaborar um parecer sobre o enquadramento jurídico da organização. O Carrilho queria que fosse o Estado a assumir, o Sasportes uma fundação, o Santos Silva não era esquisito. o Roseta queria é que não o chateassem. A Bustorf no princípio tinha dúvidas, mas depois passou a querer também a fundação. O Rio este fim de semana andou a angariar mecenas. O BPI já é mecenas, outros nem vê-los ainda.

    E é nisto que se gasta a guita!
    josé said...
    Pois é, meu caro anónimo.
    Os maus da fita actualmente em cartaz,nos media e na opinião pública, segundo os Cadilhes e os Freitas que já tresandam a velho,e outros liberais neocons que lá chegarão depressa, são...os funcionários públicos!
    O funcionário manga d´alpaca já desapareceu há muito do panorama dos guichets ( o termo é de época), mas ainda continua o fantasma a atazanar esses prosélitos do liberalismo e da "iniciativa privada"!
    Defendem agora uma redução significativa no funcionalismo, o que significará o sacrifício de milhares de pessoas que se acolitaram á mesa do Orçamento, no Minsitério da Saúde, da Agricultura e da Educação, para só falar nestes e não incluir as agências de emprego municipais, vulgo CM´s.Tudo no tempo do PS/PS/PSD/CDS. Todas as nossas forças políticas significativas que se vergaram ao peso das exigências sociais de um país pobre. Tenho a noção que estas ideias sociológicas são empiricamente aprendidas e admitem contestação. Não a vejo, porém.
    Quanto ao fenómeno, se por acaso tal suceder e os milhares de funcionários forem sacrificados no altar da eficiência do Estado imprevidente, teremos mais pessoal na "privada" ,a fugir aos impostos e a deixar de contribuir para o rendimento nacional. É que os funcionários públicos - e os trabalhadores mal pagos, por conta de outrém - são dos que contribuem integralmente para o bolo do IRS...logo se deixarem de contribuir o bolo não aumentará de certeza. Não percebo esta lógica a la Cadilhe, mas enfim.

    Por outro lado, a brava iniciativa privada das Deloittes e quejandas, vivem à custa de quem e fazem exactamente o quê? Auditorias e consultadorias! Quem é que lhes pagará mais? O Estado gastador e mãos largas dos ministros coniventes ou os empresários que sabem fazer contas à vida?
    Quantas auditorias do género das efectuadas à Casa da Música existem em empresas privadas? Tirando os balanços e a contabilidade organizada nas grandes empresas de que vivem as Deloittes e Touches?!
    Tocam em mais alguma banda para recolher cifrões?!
    Alguém disse que ainda somos um país do terceiro mundo latino-americano?!
    Anónimo said...
    É tudo uma questão de tempo, meu caro José, veja o que aconteceu nos EUA a propósito das Enron a algumas dessas auditoras. Algumas simplesmente deixaram de existir. Por cá ainda estamos a anos-luz de isso começar a acontecer. É vê-las a proliferar por aí e a cobrar milhões ao Estado, falei-lhe da CM, mas também poderia falar-lhe da consultadoria para a criação dos serviços partilhados de uma das nossas polícias, da implementação do POC-P na AP, sistematicamente adiada, do SIADAP, dumas empresas que aparecem no INA a dar formação e que aproveitam para promover os seus produtos, de uma aplicação que este desenvolveu com a Microsoft e cuja utilidade é igual a "0", de um Instituto de Informática do MF que está subaproveitado, etc, etc.
    Tudo em nome, é claro, do interesse público e do desenvolvimento.
    josé said...
    Pois antes do mais, aprecio o rigor no uso do termo "consultadoria". Há por aí muita consultoria á solta e prefiro o termo bem preso à sua origem latina `Consultare´. Aliás, o termo é neologismo. Não existe em dicionários com mais de 40 anos...
    Por isso mesmo é que é termo de novo-rico que como toda a gente sabe, não domina por aí além as subtilezas linguísticas- porque nunca precisou claro. O dinheiro chega para evitar essas minudências de intelectuais.

    Agora quanto à "consultadoria para a criação dos serviços partilhados de uma das nossas polícias" é que o caro Anónimo me colocou a pulga atrás da orelha.
    Não quer desenvolver mais um pouco, sobre essa curiosidade da patologia nacional?
    "serviços partilhados na polícia"? Qu´est ce que c´est que ça? "consultadoria" para tal?! Who is it?
    Quem mandou? Quem viu? Quem estava lá?
    Já foi no tempo deste inefável Branquinho? E com conhecimento do magistrado Sanches?
    Esta gente o que quer?!
    Estas merdas encanitam-me.
    Anónimo said...
    Meu caro José,

    Os tais "serviços partilhados" tem enquadramento na Lei 4/2004, de 15 de Janeiro - organização da administração directa do Estado. Essa polícia está ou esteve a desenvolver o projecto com o support de uma dessas empresas importantes. Tive conhecimento do assunto em, creio, Março do ano passado e não soube mais nada desde aí.
    Mais esclarecimentos?
    josé said...
    Jô Soares no programa antiquíssimo O Planeta dos Homens ( em que havia uma moça gira a girar numa taça) tinha um bordão que era: "já entendi..."!
    Pois, após uma breve consulta, dei com isto:

    "O caminho da operacionalização que passa também pela análise da Funções e Serviços em cada órgão, determinará as oportunidades de externalização, concentração e (des)centralização, adoptando-se um de três modelos:

    • Empresarialização;
    • Parcerias público-privadas;
    • Outsourcing / Privatização total
    Da primeira já temos notícia, concretamente os Hospitais SA que podem servir de exemplo a transformações a encetar noutros organismos.

    Do segundo, temos um exemplo já em funcionamento no Hospital Amadora-Sintra e estão a decorrer concursos para novos hospitais ao abrigo deste regime.

    Ainda na área da saúde a externalização dos serviços de catering ou limpeza são exemplares dos modelos a adoptar.

    Esta linha de orientação tem sido seguida por vários sectores da AP, assistindo-se, cada vez de forma mais consistente, a um fenómeno de empresarialização da AP que, justamente, pode constituir-se como factor decisivo para a diminuição do peso do Estado.

    A adopção de ferramentas de gestão como o POCP, que propiciam aos Gestores uma mudança de paradigma da gestão de caixa para a gestão patrimonial, a implementação de ferramentas informáticas de gestão, a revisão e melhoria de práticas e processos, têm sido adoptadas como medidas estruturantes para a mudança que se deseja.

    Agora, ao alcance dos Gestores Públicos estão, então, acessíveis, instrumentos de mudança que podem ser aplicados tão prontamente quanto estejam claramente definidos os objectivos dos organismos que tutelam, e seguramente tão depressa quanto o permita a dinâmica incutida por estes gestores.

    Algo poderia ainda ser feito relativamente à nomeação dos titulares de cargos dirigentes. O novo estatuto do pessoal dirigente da administração central, regional e local prevê o provimento para cargos de direcção superior por despacho do membro do Governo competente e do Primeiro-Ministro, e a cessação das comissões de serviço por despacho fundamentado.

    Quer isto dizer que os organismos públicos continuarão a desenvolver a sua actividade sob orientação de equipas dirigentes nomeadas em função dos ciclos eleitorais. Quem está no terreno sabe que não há estratégias plurianuais que resistam às mudanças de direcção, criando um fenómeno de gestão operacional levada a efeito pelas hierarquias intermédias.

    O desenvolvimento do Serviço Publico depende, obviamente, da política do Governo, mas só conseguiremos ter um serviço eficiente quando tivermos sucesso na articulação das orientações políticas com os imperativos de desenvolvimento estratégico das Instituições.

    Paulo Saldanha Santos
    Principal - Capgemini
    Publicado em: Semanário Económico - 24/09/2004"

    Já entendi...quando é que esta bolha vai estourar?!
    Anónimo said...
    E é garantido que no final vai sempre sair mais caro.
    josé said...
    Por outro lado, tenho lido, visto e ouvido certos gurus desta campanha de neo privatização e valorização de outsorcing: Um tal Carrapatoso foi á tv no outro dia falar destes assuntos. Um tal Mexia é do governo. Ainda há mais uns tantos que peroram no mesmo comprimento de onda.
    A sério: gostava que estivessem certos e tivessem razão.
    Mas há qualquer coisa naquele discurso tecnocrata que falha. Há qualquer cousa que soa a falso e incompleto. Há ali qualquer coisa que não diz respeito à realidade que temos.
    COmo é possível alguém adaptar uma realidade estranha a um corpo idiossincrático como é o nosso tecido social, para assim dizer que não encontro outro termo?
    Lembro-me logo da experiência de Figueiredo DIas com o Código de Processo Penal, copiado nas suas linhas mestras de outras paragens. Deu no que tem dado...
    josé said...
    Quem são os gurus da gestão, actualmente?! Que escola têm?

    O António Borges lá da Goldman-Sachs, partilha desta visão das coisas?!
    Que Portugal pensarão eles que temos à vista?! O semelhante a um entreposto de venda de carros?!
    No outro dia ainda, vi e ouvi outro fenómeno: João Pereira COutinho, da SIVA e mais não sei quantos Ivas.
    Vi e estarreci. Que discurso mais limitado! Que ideias tão rasteirinhas. É de pessoas assim- que vendem carros Audi- que precisamos verdadeiramente para pôr isto a andar?!
    Muito do dinheiro dos Fundos Europeus, parece-me que foi parar ( legalmente) ao bolso do JPC, com as vendas de carros. É disto que necessitamos?!
    Anónimo said...
    Caro José,
    As suas reflexões mais do que justificavam um post ou mesmo um artigo de fundo num jornal daqueles de referência.
    De facto já não há pachorra para estes gajos, todos a dizer a mesma coisa, todos engravatados e emproados com o discurso do sucesso na boca. Nem imagina como conseguem irritar, imagine-se no seu dia à dia a aturar tipos a proporem-lhe soluções à medida do cliente, a criar-lhe necessidades que não tem, a passar-lhe constantemente a mão pelo pêlo a convidá-lo para almoçaradas e jantaradas, a dizer-lhe que o trabalho deles consigo é o projecto da vida deles e outras futilidades, etc, etc, etc.
    Claro que isto se torna mais grave numa escala maior. Às vezes pergunto a mim próprio se o nosso SNS ou o sistema de SS fosse assim tão mau alguém se interessaria por ele. Faz-me lembrar os tempos em que a EDP e os TLP estavam falidos e de um momento para o outro passaram a valer o que valem. E olhe que um dia destes ainda vamos chegar à justiça (o sistema prisional já que esteve mais longe)
    Claro que os tais privados só vão continuar a interessar enquanto Estado lhes pagar a ditas facturas sem que daí advenha qualquer valor acrescentado visível ao País.
    josé said...
    Sabe, eu também não aprecio gente de plástico. Não é que os pobres diabos que vestem o fato de plástico o sejam verdadeiramente. Mas à força de tanto tentarem, já não largam a segunda pele que se torna uma maldição.

    Isto que está a acontecer em Portugal com esta gente, com este discurso de vendedor de livros ao domicílio ( o Carrapatoso pareceu-me exactamente isso), que se tomam por mentores da evolução macro-económica, é o pior de tudo. Se o discurso passa a oficial, e a mentalidade se instala, por repetição e técnica de sound byte aprimorada pela tv e publicidade, estamos feitos. Vai levar décadas até sairmos da idade das trevas que é a da estupidificação em massa, como acontece nos USA.

    COmo é que viemos aqui parar? Nota-se a influência da cultura americana de gestão, parece-me. Aquelas técnicas simplificadas e traduzidas na "gestão por objectivos"; a "definição de metas" " a responsabilização pelo cumprimento das metas e objectivos" é paleio do gestor de qualquer Lidl ou... da SIVA. Quem são as escolas portuguesas ou estrangeiras que formaram esta gente?
    Os franceses da École Polytechnique também pensam assim? Os ingleses de Oxford também?
    De onde vêm estas ideias peregrinas, cum raio?!

    Não servem para fundamentar uma ideia para Portugal.
    Mudem esta gente, enquanto é tempo!
    Arranjem outros! Esqueçam esse pessoal do Beato que me parecem bons na gestão dos negócios privados, mas piores do que ervas daninhas a orientar as coisas públicas que ainda há. E se ganharem e conseguirem sacar o que é público para o privado (deles), então é que vai ser bonito! Para onde irão então, pôr em prática os tais critérios de gestão por objectivos?!
    Sem serviços públicos, os privados serão melhores, geridos por essa gente?!

    Eu sei que isto é discurso algo reaccionário e contra a corrente. E não me agrada nada a natureza empedernida de alguns serviços públicos que não funcionam. Mas será a privatização a única solução? Tal solução não trará no ventre mais mal do que bem?
    Estamos condenados a ser geridos por critérios e técnicas de vendas de antigos vendedores de carros?!
    É só isso que conta? A eficiência e o lucro a todo o custo? Onde para o humanismo e a ciência social? O saber acumulado da humanidade europeia e ocidental? Está ultrapassado? Velho?
    Não creio.
    Anónimo said...
    Também não creio. Acho por isso fundamental uma cultura de resistência passiva. Resistência ao discurso dos homens de plástico, resistência ao consumo, ao maketing, aos ditos modelos que a todo custo tentam enxertar na nossa civilização e que nem de estaca vai conseguir pegar e, principalmente, saber questionar e não aceitar todas as verdades como absolutas. Penso inclusive que todo este modelo de desenvolvimento terá de ter um limite, que é o da sua própria sobrevivência sob pena de nos tornarmos todos canibais uns dos outros. Quer se queira quer não, cada vez sobra mais gente e sem os ditos consumidores ou clientes não há consumo.
    É tudo uma questão de tempo!
    zazie said...
    excelentes reflexões José! deviam saltar para a primeira página.
    josé said...
    Obrigado, Zazie. Não são reflexões muito "reflectidas". São apenas desabafos de diletante e que me permitem arranjar vontade para reflectir um pouco mais sobre estes assuntos.
    Na sociedade portuguesa, neste cantinho que partilhamos com mais 10 milhões, incluem-se também as chamadas elites de poder. À partida, as regras do jogo que conhecemos, dizem-nos que somos todos iguais perante a lei que essas elites fizeram-- logo elas também lá estão, dentro dessa obrigação genérica e com um acrescento: o de dar o exemplo!
    Contudo, para conhecermos quem se habituou a pôr-nos a canga das obrigações, mostrando-nos também os direitos, teremos que saber quem são e o que querem de nós.
    É só essa a reflexão que procuro fazer e vou vontinuar a ler e a pensar nisso.
    Ainda agora comprei a revista Focus que traz um artigo tão interessante como vazio de conteúdo, sobre " Os magníficos advogados dos milhões" ! Quem são eles?
    Os primeiros são os da sociedade PLMJ do José M. Júdice, amplamente falado aqui por estas bandas. Os segundos são os do escritório de Morais Leitão, também alvo de curiosidade.
    A PLMJ disse que facturou em 2004, 27 milhões de euros! Mas não diz quem são os clientes mais importantes...
    Porque será? São estas respostas que procuro encontrar.
    Houve alguém que disse que o importante, na descoberta da verdade, não são apenas as respostas, mas sim as perguntas-percebendo-as, acrescento eu, baseado na sabedoria popular chinesa: "I seek; not to know only answers, but to understand the questions. "

    Desta vez, deu-me a guinada diletante para pensar nos gestores e na "gestão". Intrigam-me estas ideias, subsidiárias da boa e velha filosofia pragmática do "Harvard Business Review". Gostaria de saber como penetraram até aqui, atingindo os patamares do poder político mais importante.
    Talvez esteja aí a resposta para a tal mediocridade de que tantos falam. Talvez o VPV devesse pensar no assunto.

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