Sampaio e arredores...



Esperar que o Sr. Presidente acerte duas ou três vezes consecutivas é manifestamente pedir demais.

Não só vamos ter um Orçamento (mirabolante) aprovado por um governo já (politicamente, de facto) destituído como ainda por cima Jorge Sampaio está a contribuir objectivamente para uma maior pantanização da vida política portuguesa, facto que dizia querer evitar e que aliás terá sido a causa última da queda do governo. Eu não quero lavagem de roupa suja, mas já era tempo de o Dr. Sampaio explicar ao País formal e solenemente porque dispensou os serviços desta troupe.

Que o Dr. Lopes, na mais completa impunidade, não preste esclarecimentos, nomeadamente sobre o que se passou nas últimas três semanas, até pode ser considerado normal, que Jorge Sampaio o não faça é que já custa a engolir. É que não falando Sampaio arrisca-se a meter-se, e ao País, em mais um atol - o de ficar com a fama de ter tomado a decisão certa com todas as consequências erradas...

Entretanto, e a provar que ainda sensatez nas hostes do PSD estão as declarações Marques Mendes esta tarde quando afirmou que «um Congresso neste momento é uma questão que não se põe, com um líder votado há três semanas. A não ser que o próprio Santana Lopes sinta que não tem condições para ir a eleições e disputar com sucesso o cargo de primeiro-ministro»...

Uma última palavra para Paulo Portas, em grande forma, há que reconhecer. Para quem não reparou o líder do PP não reconheceu, ontem, "fundamentos" a Sampaio, sempre dava muito nas vistas, mas foi dizendo que foram dados "pretextos" a Belém, para depois, já hoje, o PP, pela voz de Pires de Lima Jr, pouco delicadamente recusar claramente qualquer nova coligação pre-eleitoral com o PSD.

ainda só passaram dois dias.

Publicado por Manuel 17:58:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Quando será que os Veneráveis Irmãos se apercebem do clima de fim de regime (similar ao do final da Monarquia ou da I e II Repúblicas)...?
    É a hora!
    Anónimo said...
    A pretensa sensatez de Mendes, mais do que realismo é cinismo político puro e duro. Trata-se de deixar que o eleitorado faça o trabalho "sujo" de liquidar politicamente Lopes, sem apelo nem agravo, remetendo-o à sua profissão de figurante televisivo (se alguém ainda lhe der esse emprego...). Procura evitar que PSL tenha a desculpa do "inimigo interno" para se vitimizar ainda mais e justificar o inevitável desaire que o espera, evitando simultaneamente as agruras de o enfrentar neste momento e de enfrentar o eleitorado capitaneando este PSD. Mas uma coisa é certa: foi este tipo de cinismo e de oportunismo político que deixou o Sr. Lopes chegar onde chegou, com os resultados que estão à vista. Não será persistindo nesta senda que se mobiliza a "moeda boa". Será porventura verdade que não há tempo para organizar a reforma do PSD antes de eleições. Talvez não haja sequer espaço de manobra interno para lançar uma alternativa de liderança neste momento. Mas é preciso tentar, abdicando do cinismo que aqui nos conduziu, ou, no mínimo, falar verdade à "moeda boa" e ao eleitorado. Apelar a um oportunístico cerrar de fileiras em torno da liderança de PSL, para depois de sacrificar o bode se enfrentar, com outras garantias, o futuro, é pedir demais! Depois não me peçam que siga esse cherne... Parafraseando o outro, chegou o tempo de abdicar das lagartixas - venha um jacaré!

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