Outro sítio

José António Barreiros é um indivíduo cuja opinião merece ser lida, neste Portugal actual.

Sendo advogado de causas mediaticamente famosas (caso do matadouro da Guarda; caso de Luís Monterroso, da Nazaré; caso de Vale e Azevedo e caso...das jóias de José, o tal de Castelo Branco) entre outros, nunca na sua escrita de jornal deixou transparecer essa qualidade de causídico do caso concreto.

É assim, para mim, uma referência para quem escreve em público, pois não parece confundir o exercício diário de uma profissão, com a escrita do que lhe vai assaltando a consciência ou a imaginação.

Parece-me um exemplo do cronista descomprometido, e que apesar disso não aliena a faceta de espectador engajado. A fronteira, para muitos, não existe e por isso dificilmente percebem o alcance desta atitude.

A confusão de crenças pessoais e ideologias de marca, com a escrita sobre assuntos que envolvem correligionários ou opções já definidas em programas partidários, gera em certos blogs mais politizados, postais animados e comprometidos politicamente que desvalorizam o conteúdo da mensagem. Não há distância para a razão e acolhem-se demasiadas vezes, razões que a razão desconhece.

Não parece ser esse o caso de JAB, enquanto cronista. Para além disso, no seu currículo público, conta com prestações interessantes em matérias académicas e jurídicas. Publicou já diversos estudos sobre processo penal, pelo que é pessoa que sabe do assunto; interessa-se por história, pelo que tem perspectiva facetada da realidade e finalmente, escreve bem.

É por isso que aqui saúdo o aparecimento na escrita em blog, com o mesmo título da crónica no Diário de Notícias - A revolta das palavras!

As razões da desistência da escrita no DN, são de leitura interessantes e foram lá publicadas...

Circunstâncias de alinhamento gráfico fazem com que eu compartilhe esta página com dois membros da Administração deste jornal.

Ambos convergiram numa decisão: afastar o director.

Um deles anunciou-o ao País através de uma televisão, da qual é comentador.Entretanto, uma senhora que, afinal, eles já haviam convidado para ser a próxima directora, veio publicamente dizer que não existiam condições para fazer deste jornal um diário «de referência, isenção e aceitação pública».

Chegadas as coisas a este ponto, compreendam os leitores que eu saia deste lugar. É patente o que está actualmente em causa na comunicação social portuguesa: o domínio dos media pelo grande capital, a entente cordiale entre esse grande capital e o actual Governo. Poucas serão as excepções.A imprensa deixou de ser um problema de direito constitucional à liberdade de expressão, passou a ser um problema de direito comercial à distribuição de dividendos.



Publicado por josé 13:47:00  

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