"A obra de Santana Lopes"




A requalificação do Parque Mayer, a cargo de Frank Gehry, vai custar muitos milhões de euros. Será com toda a certeza uma obra de excelência, emblemática, com impacte mundial. Ninguém pode ficar indiferente a uma obra de arte arquitectónica.

Santana Lopes terá, assim, a sua 'marca' na cidade de Lisboa.

Porém, a questão da aposta nesta infra-estrutura pode ser colocada de uma outra forma: O financiamento desta obra vai ser totalmente privado? Quanto vai custar aos cofres municipais e centrais esta visão moderna de Lisboa? Como vai ser constituído o fundo de investimento para viabilizar o projecto?

Os actuais responsáveis políticos, mais uma vez, tal como os outros que os precederam, de esquerda e de direita, optam por lançar uma obra de fachada numa cidade cheia de carências básicas. Concentrar um forte investimento numa pequena área da cidade, ainda que nobre e cheia de história, merece uma reflexão aprofundada.

Ninguém duvida que o Centro Cultural de Belém, a Ponte Vasco da Gama, a Expo'98, o Euro'2004 e, agora, o Parque Mayer, são pólos de desenvolvimento e de atracção turística. Mas importa compreender que os investimentos realizados nestas obras foram desviados de outros sectores, que também podiam trazer desenvolimento económico, criar emprego e reforçar a notariedade de Portugal.

Um parque habitacional em condições, hospitais a funcionar, escolas e universidades modernas, tribunais bem equipados, entre tantos outros exemplos, deviam ser prioritários na mobilização dos recursos financeiros.

O problema é que a aposta em sectores básicos não têm a visibilidade de obras emblemáticas. E, sobretudo, não dão tantos votos.

in quando-o-blog-BATE-MAIS-FORTE

Publicado por Manuel 14:43:00  

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