"Guterres. Outra Vez?"
domingo, novembro 14, 2004
Há, todavia, um facto que merece toda a atenção. Numa noite de há quase três anos, assistimos a um gesto inédito na Europa e talvez no mundo. Em directo, diante das televisões, o Primeiro Ministro Guterres fazia a sua declaração política relativa às eleições autárquicas que acabavam de se realizar e nas quais o Partido Socialista tinha registado algumas derrotas significativas. Para estupefacção de toda a gente, a começar pela dos socialistas, anunciou a sua demissão. Apenas tinha cumprido metade da legislatura que, aliás, se anunciava difícil. Nunca explicou de modo satisfatório a sua decisão. Deixou o partido e o governo em estado catatónico. Entregou à direita e aos seus adversários o governo e as eleições legislativas que se seguiram. Abandonou funções num momento em que começava um período de dificuldades para os portugueses. Não teve força para resistir, nem carácter para lutar. Numa palavra: fugiu. Esse, o facto relevante do seu currículo. Essa, a medida da sua candidatura.
António Barreto in Público
Publicado por Manuel 12:50:00
2 Comments:
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Numa República como a nossa é normal que para a chefia de estado vão os políticos cansados, transfugas, iluminados ou simplesmente interessados numa reforma dourada que "limpe" máculas do passado...
Que saudades de uma Monarquia...
foi obrigado a ir-se.
Foi a primeira cabeça,
como depois outras inexplicavelmente rolaram,
no trágico Processo Casa Pia,
É a grande lição da "Hybris":
ai de quem desafia os deuses.