para compreender Inês Serra Lopes, e este "Independente"...

... era preciso escrever muita coisa, era preciso dissertar sobre o país pequenino, dos grandes negócios, das grandes tramas e da pequena informação.

Era preciso falar de famílias, de negócios com a banca e misteriosas fundações, mas hoje não estou para virado. Vem este inusitado introito a propósito da edição desta sexta-feira do Independente. Não consta que tenha sido patrocinada por uma qualquer marca de detergente mas podia.

Desde uma oportunissima entrevista ao grande boxeur A. Morais, mais conhecido por estes dias como Nuno Morais Sarmento, o tal que ainda ontem dizia que o caso Marcelo-Gomes-da-Silva-TVI-Pais-do-Amaral estava encerrado e nada mais haveria para dizer, isto para ao fim do mesmo dia ver-mos às portas de Belém o Dr. Lopes a fazer aquilo que faz melhor - figura de bebé-chorão - e hoje o termos, ao mesmo A. Morais, a fazer piruetas no Indy, num monólogo disfarçado de entrevista onde (e para o caso de não repararmos a capa esclarece-nos) é bem pouco solidário para Rui Gomes da Silva, até um pungente editorial de página 3 (!) , e cujo título glosei , assinado por Inês Serra Lopes.

Esta última prosa merece ficar nos anais da política e da imprensa portuguesas porque é na sua verdadeira essência qualquer coisa como um diabinho a tentar dissertar sobre Satanás. Muito convenientemente e recordando todos os defeitos (reais) de Marcelo a Inês amacia o pêlo de Pais do Amaral (ai que jeitaço faria que a Media Capital readquirisse o Indy quando todos os investidores potenciais - incluindo os "orientais" - fogem a sete pés da ideia de meterem dinheiro a sério na coisa quando parece que a condição prévia é a senhora directora manter-se vitaliciamente) e foge paulatinamente ao cerne da questão.

Para ela tudo se resume à perfidia de Marcelo e tudo o resto é um bando de ingénuos
. Sim, ingénuos. Inês Serra Lopes, a tal que andou a intentar a descoberta miraculosa de clones de arguidos de processos mediáticos apelida de ingénuo um país inteiro. Não que ela o seja, mas isso é outra história.

O problema é que por muito frou que se faça não foi Marcelo que mandou Rui Gomes da Silva dispara(ta)r, não foi Marcelo que ordenou ao Ministério das Finanças a divulgação do mais estapafúrdio comunicado de todos os tempos a publicitar as "poupanças" derivadas da ponte desta segunda feira, não foi Marcelo que por artes de magia transformou este Governo no pior de todos os tempos - inclusivé do PREC.

Se Inês Serra Lopes fosse intelectualmente séria e honesta, que não o foi neste seu editorial - e partindo do pressuposto que sabe usar a cabeça - teria feito um e um só desafio, uma e uma só pergunta - dado que já toda a gente percebeu que a manchete do último Expresso não era "exactamente" verdadeira (ou era e deixou de ser ?...), e atendendo a que foi desmentida por todos os envolvidos, atendendo ao que dela disse o Professor na sua última homília, de que está à espera afinal o Expresso - para de acordo com a mais elementar deontologia jornalistica, de esta não estiver também a saque - denunciar a fonte na sua edição do próximo sábado? a tal altamente bem colocada nas palavras de Marcelo ? Essa é a pergunta que interessa, a única que interessa...

Até porque a potencial infelicidade de uns nos negócios de que se tanto agora se fala (cabo, Lusomundo Média, TV digital, etc) é sempre a felicidade de outros (e vêm-me logo à cabeça a Impresa de Balsemão, proprietária do Expresso) e vice versa.

Isto quando todos sabemos que quando se fala demasiado nuns negócios é porque outros, os que realmente contam, vão decorrendo à socapa. Ainda a semana passada o Indy acusava - numa peça de bom jornalismo - que a Caixa Geral de Depósitos maquilhou à grande e à francesa as sua contabilidade. Ninguém ligou patavina, até o Banco de Portugal deve andar distraído, fosse a CGD privada e cotada em Bolsa e teria no mínimo a CMVM à perna, por menos Tavares Moreira tem andado a fazer o pino...

Mas Portugal é assim, entre o essencial e o assessório prefere-se sempre o assessório, afinal foi assim que o Dr. Lopes chegou onde chegou.

Para terminar é óbvio que Marcelo está a gozar à brava, é óbvio que muita gente está a (tentar) tirar partido da coisa, inclusive - pois é - no seio do governo e da coligação, é tudo óbvio, demasiado óbvio, mas, falar agora não é fruto de qualquer cabala organizada contra Santana, ao contrário do que esse artista queira agora insinuar.

Santana é mau, sabia-se ou suspeitava-se, mas nunca se imaginou que pudesse ser tão mau, tão incompetente, tão insolente.

É pois tempo de dizer basta! a começar no próximo congresso do PSD para que haja condições objectivas de preparar uma alternativa credível, e verdadeiramente fiel à herança de Sá Carneiro.

Publicado por Manuel 07:24:00  

1 Comment:

  1. Luís Bonifácio said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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