White House'04
Bush vs Kerry (XI)

A corrida eleitoral norte-americana entra hoje na sua fase decisiva. A um mês e dois dias da Grande Eleição, Bush e Kerry disputam, esta noite, o primeiro dos três debates que irão fazer até 2 de Novembro.

Tradicionalmente, o primeiro debate é o que mais conta na batalha eleitoral. Por várias razões: porque é o mais visto; porque a primeira impressão, nestas situações, é a que poderá ser mais relevante; e porque muitos dos que viram o primeiro debate, optam por dispensar a sua atenção dos outros dois.

Ainda por cima, o debate desta noite será Política Externa e Segurança Nacional, precisamente o tema que tem dominado a campanha até agora. O local escolhido foi a Universidade de Miami, na Florida, o Estado-chave da última eleição e o maior dos estados indecisos em 2004.

O segundo debate ocorrerá na Universidade de Saint Louis, no Missouri, a 8 de Outubro. Cinco dias depois, ocorrerá o último confronto directo entre Kerry e Bush, na Universidade de Tempe, no Arizona.

Com Bush na posição de front-runner, muitos consideram que esta é a hora da verdade para Kerry. Sobretudo no debate de hoje, o senador pelo Massachussets terá que conseguir ser muito claro a traçar o seu plano contra o terrorismo, de modo a eliminar as reservas que o eleitorado tem mantido sobre as suas condições para ser Presidente num tempo como este. Quanto a Bush, os seus conselheiros apontaram uma estratégia muito simples: arriscar o menos possível, falar o menos possível, dizer frases curtas. Tudo para evitar uma «grande gaffe», daquelas que caracterizam o republicano.

O facto é que, há quatro anos, todos estavam à espera que isso acontecesse nos debates com Gore, mas Bush aguentou-se. Foi «razoável», mas como todos esperavam que fosse um desastre, até pareceu que foi o vencedor. Gore era tido como muito superior a Bush nos debates: esperava-se que fosse «excelente», mas como o seu desempenho foi apenas «positivo», a ideia que ficou foi a de que desperdiçou uma oportunidade de passar para a frente na eleição. É isso que Kerry terá que combater, uma vez que os pressupostos são praticamente os mesmos dos que existiam há quatro anos.

A 5 de Outubro, haverá ainda um debate entre Dick Cheney e John Edwards, os dois candidatos ao posto de vice-presidente, na Universidade de Cleveland, no Ohio.

Os números das últimas horas voltam a mostrar uma ligeira vantagem de Bush no voto popular, ainda que essa diferença estela longe de ser definitiva. A estação televisiva ABC e o jornal Washington Post publicaram uma sondagem que dá seis pontos de avanço ao republicano: Bush 51; Kerry 45, Nader 1, Indecisos e Outros 3.

Já o instituto «IBD» divulgou outro estudo que mostra um empate: Kerry 45; Bush 45; Nader 2; Indecisos e Outros 8.

Outros índices revelados nos últimos dias apontam para tendência contraditórias: o instituto «Gallup» tentou saber se os americanos estavam satisfeitos com o actual estado da economia do seu país: só 41 por cento responderam que sim, sendo que 56 por cento estão descontentes. Apesar desse dado, a Taxa de Aprovação do Presidente subiu ontem para os 54 por cento (a mais alta das últimas semanas, mas mesmo assim no limiar dos 50 por cento exigidos para que um Presidente em exercício seja reeleito).

No eleitorado mais jovem, que votará pela primeira (quem tem agora até aos 22 anos), Kerry leva uma sólida vantagem: recolhe 50 por cento das preferências, contra 40 de Bush e 7 de Nader. Este dado pode ser mais importante do que parece: alguns analistas têm chamado à atenção para o perigo de as sondagens a nível nacional estarem a inflacionar o resultado de Bush, ao não ter em conta dados como este.

A verdade é que, há quatro anos, a vantagem do texano nesta altura, sobre Al Gore, era ainda maior (cifrava-se nos 10 pontos), facto que se prolongou até às últimas sondagens realizadas. No entanto, foi Gore quem recolheu mais votos.

Se fossem os europeus a votar, aí a questão já estava resolvida. Um estudo feito há dias, nos 25 países da UE, mostra que se o sufrágio fosse na Europa comunitária, Kerry bateria Bush por… 70/30. Só a Polónia preferia Bush: os restantes 24 davam a vitória ao senador pelo Massachussets. Incluindo Portugal, que daria vantagem a Kerry na ordem dos 65/35…

Nos próximos dias, abordaremos mais questões importantes sobre esta eleição: os apoios dos candidatos; por que é que diferentes regiões votam republicano ou democrata; os trunfos e os defeitos de cada um; o factor-terrorismo, entre muitos outros temas.

Publicado por André 15:24:00  

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