"dois pesos, duas medidas"


Há por aí um processo sobre que nunca me pronunciei.

Não falo do que não sei e mesmo do que penso que sei muitas vezes não sei.

Pois em tal processo, segundo se diz por aí, um ilustre representante de uma instituição ainda mais ilustre e que guardava os " filhos do Estado" e ainda guarda, por "lapso", não requereu o ressarcimento da tal instituição de certo hipotético responsável.

A gente compreende isso, tem de compreender, tanto mais que, como é humano, só não tem lapsos quem não trabalha, só erra quem trabalha: "...quem nunca pecou que atire a primeira pedra...".

Não me sinto capaz de atirar. Muito bem: "...errare humanum est...", como se diz no latinório.

Mas há algumas preocupações que me ficam. Ou interrogações.

Aí vão elas, só em pequena síntese.

Isto é só um "suponhamos". O "acusador" do processo esquece um dos arguidos e não o mete na acusação. "LAPSO"? Está perdoado.

O mesmo faz tarde um exame que devia ter feito mais cedo. "LAPSO"? Está perdoado.

Troca uma data na chamada acusação. Mete lá cartas (no processo) que não devia meter. Acusa um tipo que não devia ter acusado. Avalia mal os ditos indícios. Dá uma entrevista no jornal (não deu). Usa na investigação fotografias dos importantes para reconhecimento. Quer que o juiz prenda e o juiz não prende. E mais, muito mais. Não quero, como se vê, crucificar ninguém.

Quero só que conste, nesta janela de comunicação com um pequeno mundo, como já por aí consta, que somos sempre muito tolerantes connosco e com os nossos e muito menos com os outros e os dos outros.Também é humano.

O que já é menos humano é aquela intolerância patética, aquele ressabiamento ressequido, aquele reprovável método de elaborar juízos sem reflexão, ou pelas "reflexões" muitas vezes apressadas que nos chegam dos jornais e televisão . Foi neste ambiente doentio de reprovação colectiva e mútua que temos estado nos dois últimos dois anos. Para condenar este e aquele, esta e aquela instituição, ainda por causa do tal processo, vivemos dois anos de ligeiras acusações e infundadas condenações. Tem sido uma lógica de recriminação global.

Sem qualquer tolerância sobretudo quanto a certa instituição do Estado.

A dignidade com que a representante máxima dos "filhos do Estado" admitiu o lapso, que nem é seu, deveria ser a lógica a comandar as nossas palavras e, com "estreita conveniência", a lógica dos nossos silêncios.

Como em tudo, sempre há, por contradição e erros comunicacionais, uma lógica viciadora do pensamento que também assenta nos tais pesos e tais medidas. Mas inquiro - se o tal "lapso" viesse de um procurador, os justiceiros do "beco" não estariam, uma vez mais, a exigir a demissão de certa entidade?

Alberto Pinto Nogueira

Publicado por josé 10:27:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    " CASA PIA "ILIBOU PEDROSO" -DN,22/Setembro -

    "CASA PIA CULPA ADVOGADO por lapso..." JN,23/Setembro
    Anónimo said...
    O Tribunal da Relação de Lisboa já anulou o despacho da juíza titular do processo e ordenou a reformulação da pronúncia, desarquivando os crimes imputados pelo MP a três dos arguidos?
    Anónimo said...
    Já, está na net.
    Anónimo said...
    cale-se, homem. Cale-se bem calado, e não cuspa na cara de quem lhe dá de comer: o Povo.
    Gente inocente foi presa e acusada, mas isso é secundário para gentuça da sua estirpe, não é?

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