Vasco Pulido Valente - "Porque não?"


Não se percebe por que razão os militantes do PS gostam do eng. José Sócrates. Sócrates, que se candidatou a Secretário-Geral com uma conversa genérica, resolveu esta semana demonstrar que tinha ideias. Segunda-feira publicou um artigo no Público e quarta-feira uma «clarificação» neste jornal. Fora algumas considerações sobre a táctica futura do partido (alianças, presidenciais), só se ficaram a saber taxativamente três coisas. Primeira coisa: Sócrates não quer que o PS ressuscite qualquer «lógica de classe», «ainda que revista e actualizada». Por outras palavras, Sócrates não se importa que o PS mostre um bocadinho de «sensibilidade social», mas sem nunca se identificar às vítimas da desigualdade, especialmente por grupos (trabalhadores, reformados e malta assim). O PS deve, pelo contrário, «restabelecer as pontes com os sectores mais dinâmicos da sociedade portuguesa». Nada mal para um «socialismo moderado e moderno». Segunda coisa: Sócrates achou maravilhoso o «guterrismo» e venera Guterres (que o inventou). Muito compreensível. E, terceira coisa, Sócrates propõe um «Plano tecnológico» para salvar Portugal. O «Plano» é uma colecção de lugares-comuns sobre educação, formação, qualificação, inovação e por aí fora, que há vinte anos se repetem sem efeito visível e que já eram o essencial do «guterrismo». Em Guterres, propriamente dito, e no «guterrismo» está, de resto, a única verdadeira identidade de Sócrates. Tirando isso, não existe. A felicidade dele - e, por extensão, a nossa - seria ser Primeiro-Ministro, com maioria absoluta e Guterres na Presidência. Os militantes do PS podem ver nesta hipótese uma espécie de regresso ao Paraíso e, hoje em dia, tudo pode acontecer. Aconteceu Barroso. Aconteceu Santana. Porque não Sócrates? Porque não, em nome do futuro, voltar a '95 em 2006 ? A sério, porque não?


N.A. Ao que tudo indica por relevantes serviços prestados no passado o Dr. Freitas do Amaral será premiado com um valente tacho na nova velha GALP. Pornográfico q.b mas que não se espere uma palavra só de reprovação da nova esquerda, do BE ao PS, o bloco-central nisto até o BE engloba.


Publicado por Manuel 02:24:00  

1 Comment:

  1. Francisca said...
    O "Plano" é tão "mistura, mistura, baralha, baralha e volta a dar" que envergonha qualquer "croupier". Mas claro que um político da envergadura de Sócrates não se deixa enrubescer por tão pouco. :)

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