Um problema de cidadania
segunda-feira, agosto 02, 2004
A propósito do desafio que aqui se deixou ao ex-ministro da Eduçação - Carta Aberta a David Justino - recebemos o seguinte e-mail do próprio...
Estou tentado a aceitar o desafio de Rui Branco.
Sem desejar criar “tabus”, é provável que aproveite este período de “nojo” para registar não só a experiência do Ministério da Educação, mas também partilhar o muito que ficou por fazer e é urgente fazer.
A relutância que sinto prende-se com a prática de branqueamento da acção governativa, a que muitos ex-governantes não resistem. Na maior parte dos casos tendem a enaltecer os aspectos positivos e a esquecer os negativos.
Quero ter a independência e a liberdade para abordar a experiência, sem os limites nem os constrangimentos do “politicamente correcto” ou do “partidariamente inconveniente”.
Se tiverem alguma paciência, pode ser que o desafio se concretize.
David Justino
Publicado por Rui MCB 15:50:00
26 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Há ministérios onde os ministros são sucessivamente carne para canhão. O ministério da educação é um deles. Todos os ministros que por lá passaram foram absolutos incompetentes? Custa-me a crer.
Prefiro "investigar" todas as pistas e algumas apontam para outros reservatórios de poder que escapam às mãos de qualquer ministro, bom ou mau. Não só lhes escapam como em alguns casos apontam as baterias precisamente para eles.
Já vai sendo tempo de querermos perceber com mais detalhe qual a responsabilidade de cada um dos suspeitos do costume.
COntudo, acho que o livro é um exercício moroso. Ainda por cima, em matérias acerca das quais há tantos pedagogos ( basta ver as bancas na secção respectiva numa qualquer Fnac), tornar-se-ia interessante conhecer desde já, quem são as forças de bloqueio e quem são os que dantes se chamava "reaccionários" e que resistem às mudanças notoriamente necessárias.
Meu caro David Justino, escreva noutros sítios: jornais; revitas e...aqui, por exemplo! Porque não?!
Pedro M.: Vamos ter de confiar no nosso livre arbitrio para não cairmos em nenhum extremo (desculpabilizante, por exemplo). Mas neste momento preocupa-me mais ter acesso a outra versão do que se passa.
rui: eu prefiro o blogue ao livro. É mais rápido e mais em conta e dá para fazer perguntas ";O))
Pedro M: até que enfim que alguém se atreve! "a efeminização, da pseudo-pedagogia" é isso mesmo! Ao tempo que malho nessa efeminização e não é só na educação, é na justiça é em todo o lado. Mas é muito politicamente incorrecto dizer-se uma coisa destas...
";O)
Agora em matéria política não há quem bata um tuga autodidata...
Respeito opiniões, mesmo infundamentadas. Contudo, ajudava muito compreender essa dos 100 anos de solidão, se conseguisse explicar porque razão sofreu tanto com os dois anos justinianos.
COmo já escrevi, depois de ouvir o DJ ao vivo, a falar sobre aquilo que queria fazer na Educação em Portugal, fiquei convencido de que era exactamente aquilo que seria preciso fazer. E que não fora feito ao longo dos últimos vinte e cinco anos de consulado de bloco central, com Fraustos, Grilos e Carneiros. Nada tenho contra estes a não ser o (res)sentimento deos considerar os obreiros directos da triste situação a que chegamos no ensino. Talvez seja injusto com eles e por isso gostaria que alguém mo demonstrasse.
Quanto ao domínio do português pelo DJ, ser indicador da competência...fico com as minhas dúvidas.
Concordo que mais importante que o discurso, é a acção e capacidade para a empreender- mas apenas se o discurso for compatível. PAra andar a fazer asneiras, parece-me que já chegam os anos 70, 80 e 90...e os pedagogos de gabinete, com as soluções da área-escola; do professor tutor e da maior interferência da comunidade no sistema de ensino. Isso, para além da excelente lei de bases do ensino que tínhamos ( e continuamos a ter, por obra de Sua Excelência).
Os anos passam e tudo se arrasta penosamente. Desde o 25 de Abril que ouço o discurso repetitivo de que o mais importante para o desenvolvimento de um povo, é a educação. E será!
Então porque não tem sido? Por mim, por causa daqueles génios que nomeei e mais uns quantos.
Mas reconheço que posso estar enganado. Enquanto não for convencido do contrário continuarei a malhar em ferro frio.
"...depois de ouvir o DJ ao vivo, a falar sobre aquilo que queria fazer na Educação em Portugal, fiquei convencido de que era exactamente aquilo que seria preciso fazer....". Pois, este foi o problema: DJ apropriou-se de um discurso, no essencial correcto, mas que nunca verdadeiramente compreendeu e que, na prática, corrompeu ao instrumentalizá-lo politicamente para disfarçar a incompetência e a impreparação que marcaram o seu consulado. O pior que se pode fazer a uma boa causa é defendê-la intencionalmente com as piores razões. Foi o que fez DJ e é por isso que foi um dos piores ministros da educação que Portugal já teve.
Se reparar, os tais pedagogos que execra, tal como a mim me apetece fazer, sem para tal estar apetrechado, pois até para isso é preciso ter competência, formaram-se todos "in illo tempore". Nessa época remota, nos anos sessenta, em que o ensino universitário, supostamente, funcionava melhor do que hoje, quem marcava o compasso? O pai do Eduardino, o que escreve crónicas semióticas no Público?
Quem formou os formadores que temos?!
Onde é que se alimentam as raízes da árvore do mal?
Você conhece-as, estimado anónimo?
Muito gostaria, também, de ter essa sabedoria. Como não tenho, às vezes, dou por mim a pensar: "se não sabes, porque é que perguntas?"
Quem plantou esta árvore? Qual o adubo que lhe puseram? Quem o comercializa?
Os frutos não prestam e parafraseando o COmpêndio, " a árvore, conhece-se pelos seus frutos".
Falou em metáforas? Pois aí as tem- e em barda!
Sem grandes hipérboles...
Volte sempre que discutir com quem sabe algo mais do que nós, é sempre um prazer. Neste caso, meu.
Relativamente a DJ apenas uma última referência: já teve a sua oportunidade e falhou; não é um bom augúrio para o Requiem que diz ter a intenção de escrever.
O comentário permanece anónimo para me manter fiel a esta forma de onanismo virtual que é a blogosfera.
Cumprimentos a todos!
essa agora... se não houver é que é mau. Ficam marginalizados. Qualquer emigrante precisa de se integrar para não ficar desenraizado. É assim mesmo. Nunca entendi essa folclórica ideia de anti-aculturação...
Quanto à aculturação lembrei-me que também é um folclore muito ao gosto de pedagogos. Por acaso até conheci uma pedagoga com tese de mestrado em "multiculturalismo cigano" e as ideias que transmitia nas aulas eram de se ficar de cabelos em pé...
O poliicamente corecto serve para tudo. Neste caso servia para se fabricar um ensino em guethos em nome da "prevalência das raízes". E olha que a brincar a brincar, é o que se faz com a dita área escola.