Informatizar por aí
terça-feira, agosto 10, 2004
As mezinhas milagrosas sempre me deixaram desconfiado.
O Estado é grande e gordo? Muito bem, ponha-se a "dieta"! Como? Rendendo-nos à fartazana às parcerias público-privado, à contratação de serviços externos, à transferência de custos fixos para custos "variáveis" (notem as aspas).
Os ministros sucedem-se e parecem-se cada vez mais com treinadores de futebol recém contratados. Cada um trás o seu empresário. Invariavelmente - bom, talvez haja excepções... - deitam-se fora os estudos, interrompe-se o investimento em curso (pagando as devidas facturas e/ou indemnizações) e substitui-se tudo pela "next new thing", pelos seus players de eleição, sem necessidade de grandes justificações: agora é que é!
Estas são as únicas receitas possíveis querem-nos fazer crer. Mas fazer crer como? Quando fazemos as contas? Para contrabalançar o outsourcing outra palavra cara a quem é de gurus: accountability!
Que não vos passe esta ao lado numa qualquer página 15 de um jornal de terça-feira...
Fisco Gastou 137 Milhões em Informática em Cinco Anos
Por JOÃO RAMOS DE ALMEIDA
Terça-feira, 10 de Agosto de 2004
(...) A compra de bens e serviços ultrapassou bastante os gastos de funcionamento da própria DGITA [Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros]. Dos 76,2 milhões de euros dispendidos com o funcionamento, cerca de metade foi para pagar pessoal. A DGITA pagou em cinco anos aproximadamente 37,5 milhões de euros com as remunerações dos seus funcionários e acabou por dispender cerca de 97 milhões em assistência técnica e prestação de serviços. Além das remunerações, gastou-se ainda, no mesmo período, cerca de 6,3 milhões de euros em custos gerais de funcionamento e 32,4 milhões em comunicações.
(...)
O PÚBLICO pretendeu conhecer os gastos em aplicações informáticas, desagregados por entidade, por tipo de aplicação e qual a sua eficácia. Mas, ao fim de uma semana de espera, o gabinete do ministro ainda não tinha fornecido qualquer informação. (...)
Publicado por Rui MCB 10:28:00
Estes estudos normalmente referem-se a três aspectos, ou ao gasto global (subentendendo que a culpa é dos altos vencimentos dos funcionários públicos), ou ao número de funcionários públicos ou ainda aos "altos" vencimentos dos funcionários públicos.
Nunca vi nenhum estudo que referisse os custos do outsourcing.
O que é curioso porque estes custos, além de elevados, têm vindo a subir de ano para ano.
Para quando um estudo aprofundado dos custos do outsourcing?
Para além do que o outsourcing é uma solução que é adoptada a nível mundial não só pelos governos mas também pelas empresas privadas - e essas dificilmente o adoptariam se fosse para perder dinheiro.