E agora José Manuel Fernandes ?

Hoje de manhã podia ler-se isto...


4. Os jornalistas têm o dever de proteger as suas fontes, tal como têm o dever de evitar até ao limite utilizar fontes anónimas, tal como podem denunciar as suas fontes quando sentem que foram instrumentalizados. O PÚBLICO não está isento de pecados neste domínio - mas também já denunciou fontes quando entendeu que o devia fazer. A nova edição do nosso Livro de Estilo, que estamos a preparar para o 15º aniversário, trará novidades e novas regras neste delicado domínio - regras que, em última análise, responsabilizarão mais o jornal e o jornalista e limitarão um poder discricionário que por vezes é excessivo.

editorial do PÚBLICO de hoje surrealizado por José Manuel Fernandes.


agora de tarde temos isto...

A Presidência da República negou, esta quarta-feira, que o Chefe de Estado tenha feito «qualquer juízo de valor» sobre o comunicado emitido pelo procurador-geral da República acerca do caso das cassetes roubadas, desmentindo a manchete do «Público».

A manchete do jornal «Público» diz que partiu de Jorge Sampaio a sugestão para que Santana Lopes chamasse Souto Moura a Belém. Uma informação já desmentida categoricamente através de um comunicado da Presidência da República, que nega que o chefe de Estado tenha feito «qualquer juízo de valor» sobre o comunicado emitido pelo procurador-geral da República acerca do caso das cassetes roubadas.

Fonte do Palácio de Belém garantiu também à TSF que é «absolutamente mentira» que Sampaio tenha sugerido a reunião com o objectivo de esclarecer os termos do comunicado emitido na terça-feira.

Nesse texto, Souto Moura critica com violência as gravações feitas por um jornalista do «Correio da Manhã», mas pouco diz sobre a eventual quebra do segredo de justiça, nomeadamente por parte de Adelino Salvado.

Sobre esta questão, o Procurador-Geral da República invoca o caso que em 1999 levou Fernando Negrão a abandonar o mesmo cargo, para afirmar que à luz da jurisprudência que serviu para esse caso, o conteúdo das gravações pode revelar-se «inócuo» como prova de crimes que possam ter sido cometidos em conversas gravadas ilicitamente.

O «Público» escreve que esta posição de Souto Moura não agradou ao Governo, que entende que o responsável praticamente ignorou a hipótese de Adelino Salvado ter quebrado o segredo de Justiça terá sido este o motivo que levou Santana Lopes a chamar o procurador a São Bento para uma reunião, onde participou também o ministro da Justiça, Aguiar Branco.

Um encontro em que o primeiro-ministro se terá demarcado com clareza da posição de Souto Moura. Santana Lopes terá dito que é preciso investigar todas as suspeitas sobre uma eventual violação do segredo de justiça.

in TSF

Em suma, o PÚBLICO mentiu, ou foi manipulado. O facto é tanto mais grave quando pelo segundo dia consecutivo aparecem no PÚBLICO textos serafinicos citando passarinhos com o único intuito de moer a Procuradoria Geral da República e nomeadamente o Procurador Geral, textos esses curiosamente co-assinados (o que é raríssimo) por José Manuel Fernandes, director da publicação, himself, o que indicia que o veneno foi injectado no jornal directamente pela veia de JMF. Assim das duas uma, ou o José Manuel Fernandes tem uma réstia de dignidade e assume que lhe mentiram e que o PÚBLICO foi manipulado denunciando como lhe compete as suas fontes ou então todos ficamos a saber que José Manuel Fernandes é apenas mais uma versão bufa de um qualquer Frei Tomás dos nossos dias... Não o fazendo estamos todos conversados.

Uma última nota para a curiosa nuance que se quer fazer entre a não condenação de Adelino Salvado (a PGR já tem as célebres gravações?, José Manuel Fernandes, Ferro Rodrigues ou Santana Lopes já as foram lá levar?) e a assumpção da a "critica com violência (!) às gravações feitas por um jornalista do «Correio da Manhã»" feita no comunicado da PGR. É um facto que Octávio Lopes fez gravações ilegais porque não autorizadas de conversas telefónicas que manteve com terceiros - facto confirmado por vários dos que com ele mantiveram contactos, pode até ter atenuantes várias, mas que as gravações não foram autorizadas por todos os interlocutores não foram - isto não são juízos, não é um julgamento, são os factos e ponto final. Já quanto a Adelino Salvado, Juiz Desembargador, além de se saber que falou com Octávio Lopes, alguém sabe ao certo que partes do teor das conversas eram especulações de café de um incontinente verbal e que partes derivavam objectivamente de conhecimento concreto dos factos em discussão (e logo violadores do segredo de justiça e sigilo profissionais)? Se por absurdo a PGR no tal comunicado colocasse num poste Adelino Salvado que seria dito então ?!...

A cabeça, José Manuel Fernandes, não serve só para andar em cima dos ombros...


Publicado por Manuel 20:00:00  

4 Comments:

  1. Rui MCB said...
    Terá José Manuel Fernandes a verticalidade de Luís Osório (director da capital) que colocou o seu lugar à disposição quando fez manchete da decisão de concovação de elições pelo PR?

    Estes blogger são danados, não são?
    Luís Bonifácio said...
    Caro Manuel

    Sinceramente acha que uma pessoa com um elevado cargo de responsabilidade pode fazer "especulações de café de um incontinente verbal"?
    O que aconteceria se o Jorge Sampaio ao ir tomar um café, dissesse para o empregado "Acho que isto é tudo uma cambada de ladrões"
    Manuel said...
    Há juízos e juízos... É evidente que foi ultrapassada a Lei no caso das gravações por parte do Lopes, sendo evidente que as mais elementares regras da sensatez não foram respeitadas por Adelino Salvado, fazer análises jurídicas aprioristicas, que não morais, do seu comportamento, é no minimo arriscado e insensato...
    Anónimo said...
    E a famosa transparência?
    Pedro Santos - Tribulandia

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