problemas
segunda-feira, julho 05, 2004
De um "eleitor" devidamente identificado, aqui se publica o seguinte postal...
Sª Ex.cª tem um problema. O problema mais grave que até hoje, em sete anos de mandato, já alguma vez teve.
O problema, o grande problema, é que Sª Excª não sabe como resolver o problema.
É claro que é um gravíssimo problema, uma vez que Sª Excª não foi eleito para resolver problemas. Antes para "presidências abertas" de nenhuma utilidade, para jantares com reis e rainhas, para enviar recados a este e aquele. Não se lhe conhece a solução de um problema, fosse ele qual fosse.
Se um ministro demite um general sem qualquer razão, Sª Excª assina por baixo, se outro ministro, desavergonhadamente, apunhala a segurança social, assina por baixo, se outro ministro manda tropas para uma guerra que o país rejeita, assina por baixo. E por aí fora, Sª Excª não está avezado a problemas, está mais acomodado ao seu Palácio de Belém, sem que problemas que ocupam o povo e desestabilizam o Estado o incomodem. Sª Excª quer estar de bem com todos, os da sua classe, o povo que se sofra.
Quando há problemas, como o que ora existe, Sª Exª ouve os "senadores da República", mas ignora a República, os que o elegeram.
Na Democracia, os problemas resolvem-se com o Povo, pelo Povo, nunca nas costas do Povo, em manobras palacianas, no escuro, na arrogância dos silêncios, como se quem elege nunca mais tivesse voz activa no que o eleito faz e vai fazendo.
Há já nem se sabe quantos dias, os donos da República discutem na sombra, nos sofás do poder, nos palácios e não prestam contas do que pensam, do que acham dever fazer, do que nos espera. Somos a "nova carne para canhão" - os eleitos exercem os poderes sem ter em conta a mais profunda natureza de um estado de direito e do significado de uma palavra tão simples quanto esta - Democracia.
Preparam-se para nos impingir um governante "eleito" por meia dúzia de confrades, no silêncio (sempre o silêncio) de um salão partidário, sem, ao menos, o acordo do partido em causa. É a sucessão monárquica.
Sª Excª hesita entre a dita sucessão de sangue azul e a voz do Povo que o elegeu.
Sª Excª sofre com o problema, com os problemas, Sª Excª não foi eleita para problemas.
E tanto sofre Sª Excª que já não é só uma questão de magno problema, de Sª Excª fazer parte do problema, como ora muito se diz. Sª Excª tornou-se o problema, é o problema, à força de se angustiar, de se deprimir por um jogo masoquista incompreensível, como se dissesse (e já disse)...
sou eu que mando, mas não sei é como. Tem tempo.
Deixem-me pensar, ouvir, matutar, mastigar o que os grandes me dizem.
Sem eles, que hei-de fazer?
Sª Excª não interiorizou, como há muito ensinam os pensadores sérios, que as crises geram condições para a acção.
Permanece na crise porque não crê na acção, na força da acção democrática.
Eu que, por engano, reincidi no voto em Sª Excª, fico compungido com tamanha hesitação, com tantos joguinhos de importância, com "eu sou o monarca", quando, ainda por cima, tenho a convicção segura e íntima que o "Homem de Boliqueime" já teria resolvido tudo isso sem manobras de bastidores. E que não aceitaria um príncipe designado, mas não eleito, para a governação.
Decida-se V.Excª e confie no Povo que o elegeu.
eleitor
Publicado por josé 00:14:00
1 Comment:
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- Luís Bonifácio said...
8:37 da manhã, julho 05, 2004Não se preocupem, hoje Sampaio vai ouvir a nossa selecção. Talvêz Deco e Scolari o aconselhem bem
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