Darfur, Sudão
terça-feira, julho 27, 2004
Eu não sei se há petróleo no Sudão, não sei se o Sudão é geograficamente importante, não sei dos equilibrios estratégicos da zona e sinceramente não quero saber... Sei que estão às portas da morte cerca de 600 000 almas e isso basta-me. E sei que é nestas ocasiões que a ONU e o conselho de segurança deviam servir para alguma coisa, que a expressão solidariedade devia dizer algo...
A displaced Sudanese woman carries her child on a donkey at Farchana refugee camp in eastern Chad, July 26, 2004. The United States is expected to call a U.N. vote this week on Sudan's Darfur region although China, Pakistan and others still object to threatening sanctions against Khartoum, diplomats said. Photo by Radu Sigheti/Reuters
Na fria e calculista aritmérica da realpolitik Darfur poderá não pesar muito, mas em tempos Timor também não pesava. Falar de Darfur é a nossa humilde forma de pressionar para que algo mude para que nem tudo fique na mesma. Aliás está aqui uma óptima oportunidade para José Barroso, e a União Europeia, marcarem a diferença.
Publicado por Manuel 00:31:00
2 Comments:
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O país está dividido em três facções: a norte os árabes (onde estão o Governo e as infraestrutras portuárias para exportar o petróleo), a sul os africanos negros rebeldes (onde estão os poços de petróleo e os terrenos férteis agrícolas) e a oeste os núbios, uma minoria étnica, espalhada pelos países vizinhos e que também deseja o seu espaço, tendo para isso aliado-se aos rebeldes do sul.
Já agora, a divisão norte-sul foi estabelecida pelos ingleses, antigos colonizadores, quando criaram o país. E nós bem sabemos que eles nunca foram bons a criar países multi-étnicos (vejam por exemplo o afeganistão, israel e a palestina ou o iraque).
Os africanos negros do sul criaram um exército rebelde e atacam frequentemente os poços de petróleo. O norte árabe está a levar a cabo uma campanha para subjugar o sul rebelde e os núbios são o elo mais fraco.
Aquilo que se está a passar em Darfur já acontece há mais de dez anos, só que agora entrámos na recta final da campanha. A tragédia também existe no sul com os campos agrícolas a serem invadidos por colonos árabes, expulsando, no processo, os africanos negros.
Na minha opinião, o equilibrio frágil que existia na zona foi destruído quando o Sudão passou a produzir petróleo. A administração árabe deve estar a usar as divisas do petróleo para, de uma vez por todas, dominar todo o território sudanês, algo que lhe escapa há muitos anos.
Se possível, leiam a National Geographic.
Sérgio
(colaborador esporádico do Adufe)
E, sim, é geo-estrategicamente relevante!