A casa já está a arder?
domingo, julho 25, 2004
Acabo de ver na TV as imagens do fogo. O fogo que aparece dali e dacolá, a fustigar árvores, a atacar casas e a assustar pessoas. Sustos a sério. Alguns sem remédio. A TV mostra o desespero de moradores, de vizinhos, de autarcas e de bombeiros. Um desespero enegrecido pelo fumo que se eleva nos montados, por cima das chamas que devoram as copas das árvores e avançam para as casas, em ondulação abrasadora e que aterroriza mesmo quem as vê apenas na TV.
No ano passado, houve muitos fogos assim e na TV, muitas pessoas humildes, a chorar. Um choro genuino e de drama que não deixa ninguém indiferente. Pessoas do campo que ficam sem alfaias e animais; que perdem colheitas e os parcos haveres.
Esta situação não pode continuar assim. De certo que de há um ano para cá se organizaram reuniões e se fizeram estudos. Terão sido gastos milhões em meios terrestres e aéreos. Há gente que percebe do assunto e que tem falado e escrito sobre o mesmo.
Suponho que há gente competente para lidar com o assunto e não apenas para lamentar danos com ar compungido.
Se bem penso, o impulso que me leva a escrever, será igual ao que leva muitas pessoas por esse país fora, a pensar - é preciso fazer alguma coisa de essencial para terminar com este flagelo ou reduzi-lo a proporções aceitáveis.
O primeiro ministro é acusado de ser um populista. Não sei bem o que isso é, mas sei que as populações das áreas onde há incêndios, não se interessam por taxinomias, pois não sabem o que isso é.
Querem ver resultados. E se nada se fizer de consequente e competente contra os incêndios, este ano, aposto facilmente que será aí que o governo se queimará.
Por essa razão, a pasta da Administração Interna está debaixo de fogo. Talvez com o cheiro a fumo, desperte a consciência da sobrevivência, nesse caso política. É tempo de os governantes aparecerem e mostrarem o que sabem fazer. Sem os tiques das secretas ou os segredos de gabinetes.
Publicado por josé 22:20:00
Para além do natural aproveitamento das televisões dos momentos de sofrimento de todos aqueles que num momento vem transformada a vida em cinzas, existe uma onde de contestação, porque se por um lado é verdade que todos os países ardem, também é verdade que nenhum arde em proporção como o nosso sucessivamente ano após ano.
Parabéns Venerável José. Como sempre consegue separar como poucos o trigo do joio.
ognid
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