Basta....Chega...

Todos os anos por estas alturas, surgem inevitavelmente dois assuntos que marcam a agenda dos media em Portugal. As férias dos portugueses e os incêndios que vão colorindo ano após ano o país de negro.

É verdade que estamos perante uma vaga de calor, mas não é esta a altura do calor? É verdade que em todos os países as matas ardem, mas também é verdade que em nenhum deles a área ardida é menor em proporção face ao território do país em causa. Mas e porque este ano estamos para já livres dos disparates de Arnaut, Guilherme Silva e Amílcar Theias, a verdade é que um hectare que arda é menos um hectare que deixamos de ter.

Numa altura em que algumas das maiores relíquias ardem, a verdade é só uma -90% dos incêndios tem causa no homem. Seja por descuido ou por “cuidado a mais” com a natureza.

Mas os incêndios deste ano, assumem particular importância depois das juras do ano passado. Na altura Figueiredo Lopes afirmou que iria mandar fazer um livro branco, e que os erros não se repetiriam. A verdade é que com livros brancos ou sem eles, as matas continuam a ser consumidas pelo fogo. O único recurso natural renovável que possuímos em abundância, aquele que serve a matéria-prima que permite que sejamos líderes mundiais no mercado da cortiça, continua a ser deixado ao acaso.

Compreender por isso a floresta, e os seus problemas, é compreender, que 92% da mata nacional é privada, e por isso pertence aos privados o ónus de proceder às limpezas das matas. Cabe ao estado avaliar e multar se for caso disso. Nem uma coisa nem outra se resolve.

Compreender a floresta, passa por compreender o porquê de o Estado Português ter desistido de um concurso público para aviões de combate aos fogos florestais, que contratualizaram com o Estado Português um determinado número de horas e que estas depois de ultrapassadas são pagas a peso de ouro.

Compreender os incêndios, passa por perceber que muitos daqueles responsáveis que surgem nas câmaras de televisão a chorar ou a reclamar ainda a casa não ardeu, fundos para a reconstrução. Pior, esses mesmos autarcas são coniventes durante todo a ano com os interesses imobiliários e florestais, e no Verão seja por protagonismo ou por sempre terem vivido de mão estendida para a administração central.

Compreender porque arde o país, pode ser visto, por exemplo na afluência nas festas das Casas do Castelos ou dos T-Clubes portugueses, que estão cheias de políticos e ministros em funções.

Compreender porque ano após ano o país esta sempre cheio de cinzas pode ser constatado pelas afirmações do novo secretário de estado do turismo Carlos Martins esta manhã a comentar os incêndios no Algarve “há aspectos muito estranhos”.

Estranho , senhor secretário de Estado, é que todos anos temos que conviver com isto e pedir ajuda aos países europeus. Sim porque certamente que o nosso advir de decidir construir submarinos é mais forte. Sim, porque demagogicamente falando os submarinos irão certamente ajudar na luta contra os incêndios.

Estranho, senhor secretário de Estado, é que precisamente numa das áreas que ardem no Algarve – Campus de Gambelas – em plena Ria Formosa - está para ser aprovado a construção de mais um projecto semelhante ao conhecido complexo Ria Park, igualmente edificado em pleno parque natural da Ria Formosa.

Estranho, caros leitores, que ano após ano, enquanto uns apagam as chamas, outros choram, e os políticos surgem no final de Agosto, nos seus comícios de rentreé, a afirmar que para o ano será melhor.

Melhor em quê ? é certamente a pergunta que se impõe.


Publicado por António Duarte 14:46:00  

2 Comments:

  1. Alexandre said...
    pensámos no mesmo... o problema é que vozes de burro não chegam ao céu.
    António Duarte said...
    Quer apostar que se disser aqui que o Estado gastou mais dinheiro no pagamento às empresas que ganharam o concurso público do que se tivesse sido ele a ficar com essa missão, que às tantas o céu fica mais perto, e os burros deixamos de ser nós.

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