Balanço de 2 anos de Governo

Obras Públicas e Transportes

Este ministério também foi alvo de uma remodelação. Primeiro Valente de Oliveira, cuja sua opinião relativa à regionalização é de realçar e depois Carmona Rodrigues que se revelou inábil para o cargo.

O país há muito que beneficiou dos fundos provenientes do 1º Quadro Comunitário de Apoio e com isso levou um forte empurrão na criação de infra-estruturas. A ideia preconcebida de que tudo estava feito não pode de forma alguma ser encarada como uma forma de estar de quem tutela a pasta das obras públicas, mas o facto de tutelar as obras públicas não pode permitir que se lancem para o ar, obras públicas faraónicas e com rentabilidade muito próxima do zero, como é o projecto da travessia de metro para Almada por debaixo do Tejo. Mas a verdade é que e se excluirmos os estádios do Euro-2004 e todas as infra estruturas constantes no caderno de encargos da candidatura, este poderá ser o primeiro governo que fica na história recente por não ter lançado nenhuma obra pública de relevo.


  • Estradas, Ferrovia e Travessias Marítimas

    No capítulo das estradas, continuam por concluir a CRIL e a CREL. O próprio plano rodoviário nacional está em banho-maria e procuram-se soluções para as SCUTS. O governo prometeu acabar com elas em plena campanha eleitoral, e o facto é que dois anos depois, as SCUTS continuam a existir. A discussão do modelo das SCUTS obriga-nos a pensar e a colocar em causa o principio do utilizador-pagador, mas este governo fica marcado por ter afirmado, que as SCUTS custariam mais caro ao erário público e durante dois anos nada ter feito para alterar essa situação.

    Concluída que foi a auto-estrada da Beira Baixa, mais nenhuma obra pública foi lançada no âmbito das rodovias.

    Na Ferrovia, poderá dizer-se que menos-mal. Pela primeira vez é possível um comboio percorrer de Faro a Braga sem qualquer transbordo. O tempo de viagem, cerca de 9 horas, continua a ser a vergonha de um país que se quer de primeira linha da Europa. Aquilo que a REFER e a CP, fizeram e bem, foi aproveitar a ligação da ponte 25 de Abril e “alugar” a Fertagus a linha, para nela fazer passar os comboios com destino ao Algarve.

    As obras na linha do Norte continuam sem fim à vista, assim como a derrapagem orçamental de uma obra que lançada por Cravinho foi encontrando sucessivas alterações à medida que os governos foram mudando.
    Já a alta velocidade não passa de um desígnio. O que temos são apenas acordos entre Aznar e Barroso, dois primeiros-ministros que já não o são, pelo que é de esperar que possam haver alterações significativas ao acordo da cimeira ibérica. O problema é que Carmona Rodrigues, permitiu por exemplo que REFER, CP e RAVE façam obras e estudos, sem prever a necessária interligação entre a linha convencional e de alta velocidade na travessia Lisboa-Porto. Por muito que Carmona possa perceber de comboios, não é exequível uma travessia Lisboa-Porto com 4 ou 5 paragens em alta velocidade.

    Mas é na água, que este ministério melhor se portou, quer com a conclusão das obras do terminal XXI em Sines, quer com a passagem da utilização do transporte marítimo-ferroviário de Sines para todo o pais. Retirando camiões das estradas com inerentes ganhos ambientais e não só. A conclusão do terminal de gás liquide feito em Sines irá permitir o rejuvenescimento da actividade industrial na zona de Sines.

  • Transportes Públicos

    As empresas de transportes públicos e excluindo daqui a TAP, continuam a dar prejuízo e a obrigar as mesmas com aval do estado a recorrer aos empréstimos bancárias. Nada de novo se as administrações fossem responsabilizadas pelos actos de gestão. O governo prometeu mudar tudo isto, mas a verdade é que falhou redondamente e ainda recentemente a Carris teve que recorrer a banca para sanear financeiramente a empresa.

    Continua por isso a espera da reestruturação das empresas de transporte público, assim como continua por explicar a razão pela qual foi este governo conivente com um acordo com a Lusoponte. Continua assim no ar a bandeira da revolução nos transportes públicos em Lisboa.

    Em matéria de transportes públicos ainda que se assista a algumas melhorias face ao passado, a verdade é que o panorama é negro. O habitual caciquismo político em Portugal, levou que o melhor administrador que alguma vez terá passado pela TAP, fosse colocado em cheque por Cardoso e Cunha assim que a transportadora começou a dar lucros, por forma a que o mesmo Cardoso e Cunha ficasse senhor dos louros da performance da TAP. Ora todos sabemos o que fez Cardoso e Cunha na Expo. A tudo isto Carmona, assinou por baixo protegendo naturalmente o boy do partido no governo.

  • Grandes Projectos ou o erro do século XXI

    O adiar da aposta na OTA para a construção do novo aeroporto da portela, foi o erro de palmatória deste governo em matéria de obras públicas. Não perceber a importância geo-estratégica da OTA é estar completamente fora da rota do futuro em Portugal. Não conjugar a OTA com a Alta Velocidade é pura irresponsabilidade política. Sem o aeroporto, o terminal internacional de Torres Vedras que Guterres amordaçou e este Governo assassinou, e onde não pára o TGV, não serve para nada, e Espanha já fez saber que a Badajoz vai estar associado um grande terminal internacional.Concluídos os Aeroportos de Huelva e Badajoz deixa de fazer qualquer sentido uma alternativa ao aeroporto da Portela que ficará eternamente condenado à condição de um mero aeroporto regional.

    Adiar para o dia de São Nunca à tarde esta decisão será quase que garantir a eterna subsidariedização de Portugal a Espanha, e Carmona ficará eternamente ligada a ela.

  • Bombardier

    O affair Bombardier atingiu Carmona Rodrigues em cheio. Sabia ou não da decisão destes em encerrar a fábrica na Amadora? Poderá não ter culpa na decisão de gestão da multinacional, mas poderia e devia ter mais acção dada a importância desta na economia nacional. Por explicar fica também a decisão de alguns "concursos", sobretudo do metro ligeiro à Siemens e não à Bombardier.

Nota Grande Loja - 7 valores. A nota mais baixa até agora atribuída deve-se à falta de visão estratégica na decisão da OTA e da alta velocidade.

Publicado por António Duarte 10:01:00  

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